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Mercado Financeiro

Mercado deve reagir positivamente à mudança no teto de gastos, com aprovação fatiada da PEC; Selic segue no radar

Definições sobre teto de gastos retira uma das principais preocupações do mercado com risco fiscal do País

Data de publicação:08/12/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Acordo fechado na noite anterior entre Câmara dos Deputados e Senado Federal permitiu a aprovação da PEC dos Precatórios de forma fatiada: a mudança no teto de gastos, que abre um espaço fiscal de R$ 62,2 bilhões em 2022, e o parcelamento das contribuições previdenciárias dos municípios são dois dispositivos aprovados e que devem ser promulgados ainda nesta quarta-feira, dia 8. O mercado deve reagir de forma positiva a essa novidade nesta quarta-feira.

Isso porque as medidas asseguram ao governo acomodar o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400, que já teve Medida Provisória publicada para garantir o crédito em dezembro. São definições que eliminam preocupações do mercado com o risco fiscal do País.

Mercado espera Selic de 9,25%
Mercado espera que Banco Central aumente a Selic para 9,25% ao ano - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Definição da Selic também é evento importante

A decisão sobre a taxa básica de juros, Selic, será conhecida apenas após o fechamento dos negócios do mercado financeiro nesta quarta-feira, 8, mas os olhos de investidores e gestores estarão voltados desde cedo e ao longo do dia à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC).

A aposta praticamente consensual de analistas do mercado é de novo aumento de 1,50 ponto porcentual, que elevaria a Selic atual de 7,75% ao ano para 9,25%. Especialistas afirmam que um aumento desse calibre, até porque já adiantado pelo BC após a última reunião, está incorporado nos preços dos ativos e não causaria nenhuma surpresa aos mercados.

Dados da economia e ômicron

A expectativa com o rumo da Selic não deve tirar do foco de investidores e gestores outros pontos importantes que movem o mercado financeiro.  Um deles são os dados de venda mensal no varejo que o IBGE divulga nesta quarta-feira, 8, e podem influenciar o ânimo dos investidores e das ações de empresas do setor de varejo.

Outro é a variante ômicron do coronavírus, que já tem gerado um sentimento de menos apreensão, diante de sinais de sintomas mais leves e de menor grau de letalidade, embora mais contagiosa, em comparação com outras variantes. Com isso, foi reduzido o temor de maiores danos à atividade econômica global que permeou os mercados quando a nova variante foi descoberta.

Embalada pelo avanço das bolsas internacionais, animadas com notícias menos preocupantes com a nova variante do coronavírus, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou o pregão de terça-feira com valorização de 0,65%, em 107.558 pontos.

O dólar recuou 1,33%, vendido a R$ 5,61, queda atribuída por analistas à redução da aversão ao risco, em um ambiente global de menos tensão com os efeitos econômicos da propagação da ômicron.

Em Nova York, as bolsas de valores fecharam com forte valorização. O índice Dow Jones subiu 1,40%, para 35.719 pontos; o S&P 500 avançou 2,07%, para 4.687 pontos, e o Nasdaq, da bolsa eletrônica, subiu 3,03%, para 15.687 pontos.

Mercado em números

  • Bolsa de Valores de São Paulo: alta de 0,65%
  • Dólar X real: queda de 1,33%
  • Dow Jones: alta de 1,40%
  • S&P alta de 2,07%
  • Nasdaq: alta de 3,03%

Embora com o olho no Copom, o mercado financeiro mira também dados de inflação que serão conhecidos ainda esta semana, no Brasil e nos Estados Unidos. Por aqui, o IBGE divulga na sexta-feira, 10, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de novembro.

Mais detalhes sobre a PEC dos Precatórios

Após o acordo para fatiar a PEC dos Precatórios, o Congresso deve promulgar nesta quarta-feira, 8, os dispositivos já aprovados pela Câmara e pelo Senado. Entre esses itens, estão a mudança no cálculo do teto de gastos, que abre um espaço fiscal de R$ 62,2 bilhões em 2022, e o parcelamento das contribuições previdenciárias dos municípios.

Os pontos em comum foram citados pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em coletiva de imprensa ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira. As novas regras de compensação de dívidas de precatórios entre os entes federados e o pagamento de precatórios via empréstimos por meio de acordo direto com credores também já poderão ser promulgados.

As alterações feitas pelo Senado na PEC, por outro lado, precisarão de nova votação na Câmara. Entre os pontos que ainda dependerão de aval dos deputados, estão o limite para o pagamento de precatórios até 2026, com a vinculação do espaço fiscal para o Auxílio Brasil e despesas previdenciárias.

Esse dispositivo abre R$ 43,8 bilhões no teto de gastos em 2022 e é essencial para o governo garantir o espaço extra no ano que vem. Do contrário, teria que pagar todos os precatórios previstos no Orçamento.

As mudanças do Senado serão apensadas a uma PEC que já está pronta para votação no plenário da Câmara. É a PEC 176/2012, que trata sobre o pagamento de sentenças judiciais ligadas a idosos e pessoas com deficiência.

Exterior

Nova York

Lá fora, os futuros nas bolsas de Nova York operam no terreno positivo, após uma sessão na véspera com ganhos robustos, impulsionados por um menor temor com a variante ômicron. Há uma maior percepção de que a cepa causará menos danos econômicos do que chegou a ser temido nos dias seguintes ao anúncio de sua descoberta.

"A economia dos Estados Unidos, com a ajuda do aumento dos totais de vacinação, continuará a reabrir à medida que as pessoas aprendam a conviver com a covid-19", sugere Edward Moya, analista da Oanda.

Outro fator positivo no noticiário da pandemia veio da GlaxoSmithKline, farmacêutica britânica cujo tratamento com anticorpos se mostrou eficaz contra a Ômicron, de acordo com estudos pré-clínicos conduzidos pela empresa.

A menor cautela impulsionou os preços do barril de petróleo, o que teve impacto em ações do setor. Occidental Petroleum (+4,29%), Chevron (+1,48%) e ExxonMobil (+1,12%). Outro setor que se beneficiou das melhoras nas perspectivas para a economia foram os bancos, com importantes ganhos, como Wells Fargo (+2,95%) e Goldman Sachs (+2,78%).

Os maiores destaques ficaram com ações de tecnologia, como a Nvidia, que subiu 7,96% após seguidas perdas. As ações da Tesla avançaram 4,24%, em dia marcado pela elevação do valor de compra do UBS dos papéis da empresa de US$ 725,00 para US$ 1.000,00.

 Já a Apple tinha alta de 3,54%, após o Morgan Stanley manter sua análise de que a ação da companhia deve performar melhor que a média do setor.

Ásia

As bolsas da Ásia fecharam em alta nesta quarta-feira. Investidores digeriram o noticiário sobre a variante ômicron do coronavírus e deixaram de lado as persistentes incertezas sobre a crise de liquidez no mercado imobiliário da China.

Pesquisadores na África do Sul concluíram que a ômicron consegue ser mais resistente à imunidade produzida pela vacina da Pfizer do que outras cepas. No entanto, o principal assessor médico da Casa Branca, Anthony Fauci, reiterou que a nova versão do vírus tende a provocar casos leves da doença.

Em Tóquio, o índice Nikkei encerrou a sessão com ganhos de 1,42%, aos 28.860 pontos. Entre os destaques, o papel da Chugai Pharmaceutical saltou 6,78%, após a União Europeia aprovar o uso do medicamento Actemra da farmacêutica no tratamento da covid-19.

Na Coreia do Sul, o Kospi ganhou 0,34%, aos 3.001 pontos, na Bolsa de Seul. Os ganhos, no entanto, foram limitados pela notícia de que o país registrou 7,1 mil casos de coronavírus em um dia, o maior número diário desde o início da pandemia.

Na China, Xangai subiu 1,18%, aos 3.637 pontos, enquanto Shenzhen, menos abrangente, valorizou 1,77%, a 2.521 pontos. Em Hong Kong, o índice Hang Sang teve alta mais tímida, de 0,06%, aos 23.996 pontos.

A ação da Evergrande desabou 5,46%, diante de sinais de que a incorporadora não terá recursos para cumprir obrigações financeiras. As negociações dos papéis da Kaisa, também no setor imobiliário, foram suspensas após a empresa perder o prazo de pagamento de títulos.

O índice Taiex, de Taiwan, aumentou 0,20%, aos 17.832 pontos. Já na Oceania, o S&P/ASX 200 registrou avanço de 1,25%, aos 7.405 pontos, em Sydney.

Ásia em números

  • Nikkei (Japão) – alta de 1,42%
  • Kospi (Coreia do Sul) – ganhos de 0,34%
  • Xangai (China) – alta de 1,18%
  • Shenzen (China) – valorização de 1,77%
  • Hang Sang (Hong Kong) – alta marginal de 0,06%
  • Taiex (Taiwan) – valorização de 0,20%
  • S&P/ASX 200 (Austrália) – avanço de 1,25%
Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.