Mercado acompanha dados econômicos dos Estados Unidos nesta quarta-feira e segue atento à variante ômicron
Mercado assimilou cortes na compra de títulos, mas tema uma ação direta do Fed nos juros
A poucos dias do Natal e com agenda esvaziada, o mercado lá fora está atento nesta quarta-feira, 22, aos dados de crescimento trimestral do PIB dos Estados Unidos, que serão divulgados durante a manhã. O tema chama a atenção porque o ritmo de expansão da atividade pode afetar a condução de política monetária nos EUA.
Os futuros americanos operam próximo da estabilidade, as bolsas europeias seguem no terreno positivo e as principais praças financeiras asiáticas fecharam majoritariamente em alta.
O mercado financeiro já assimilou a decisão do Fed (Federal Reserve, banco central americano) de acelerar os cortes na compra de títulos, o que reduz a oferta de recursos na economia e tende a pressionar os juros, mas teme uma ação direta da autoridade monetária sobre os juros. Algo que poderia ocorrer se houver sinais de aquecimento forte da economia.
Porém, ainda paira no mercado as incertezas sobre os impactos do avanço da ômicron na retomada econômica e a indefinição sobre o pacote de infraestrutura do presidente americano Joe Biden, de US$ 1,75 trilhão.
Na véspera, Biden disse que ainda tem uma chance de chegar a um acordo com o senador Joe Manchin – que se opôs ao plano – para que seu pacote seja aprovado no Congresso.
Na frente do vírus, a Food and Drug Administration dos Estados Unidos afirmou estar pronta para autorizar medicamentos da Pfizer e da Merck para tratamento contra a covid-19 ainda nesta semana.
O presidente americano disse que a ômicron resultará em mais infecções entre os americanos vacinados, mas que é muito improvável que eles adoeçam gravemente.
Bolsas americanas/índices futuros
- S&P 500: + 0,01
- Dow Jones: + 0,10
- Nasdaq 100: - 0,11 (dados atualizados às 8h03)
Bolsas europeias/principais praças financeiras
- Stoxx 600 (Europa): + 1,62%
- FTSE 100 (Londres): + 0,01
- DAX (Frankfurt): + 0,24%
- CAC 40 (Paris): + 0,28%
- PSI 20 (Lisboa): + 0,03%
- Ibex 35 (Madrid): + 0,43%
Mercado em recuperação, mas sem grandes iniciativas
É reagindo a fatores pontuais que o mercado deve tocar os negócios nestes últimos dias do ano. Como aconteceu na véspera, quando sem a influência de notícias mais negativas sobre a variante ômicron do coronavírus, o mercado de ações tirou o dia para recuperação, ainda que parcial, da forte queda do início de semana.
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou o pregão da véspera com valorização de 0,46%, em 105.499 pontos, de carona na alta das bolsas americanas e ajudada também pelo avanço das cotações do minério de ferro no mercado internacional.
O dólar ficou no zero a zero, cotado por R$ 5,74, no fechamento, contido por um leilão no qual o Banco Central vendeu US$ 500 milhões no mercado à vista. A intervenção ocorreu logo no início das negociações.
Na bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou com alta de 1,60%, em 35.492 pontos; o S&P 500 subiu 1,78%, para 4.649 pontos; e o Nasdaq disparou e avançou 2,40%, para 15.341 pontos.
IPCA-15 na quinta-feira, 23
Um dado que ainda vai atrair a atenção de analistas e gestores de mercado financeiro nesta semana é o IPCA-15 (índice Preços ao Consumidor Amplo-15) de dezembro que o IBGE divulga na quinta-feira. Dia também em que será conhecido nos Estados Unidos o PCE (Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal), que mede a evolução dos preços de bens e serviços, excluídos alimentos e energia, comprados pelos consumidores.
O interesse pelo IPCA-15, ainda que seja apenas uma prévia de inflação, é que ele poderá dar uma indicação de como a dinâmica de preços na economia está reagindo à política monetária mais contracionista do Banco Central, com taxas de juro acima da inflação, para conter a alta de preços.
Cenário interno: aprovação do Orçamento 2022
Por aqui, o Congresso aprovou, por 51 votos a 20, no dia anterior a Lei Orçamentária Anual (LOA) , cujo texto foi apresentado pelo deputado Hugo Leal e não sofreu mudanças. A LOAque destina R$ 4,9 bilhões para campanhas eleitorais no próximo ano.
O fundo eleitoral representa o maior volume de dinheiro público despejado em campanhas políticas na história do País. A cifra foi definida após negociações com líderes do Centrão, base do governo Bolsonaro.
O dinheiro poderá ser usado para pagar, por exemplo, viagens de candidatos, contratação de cabos eleitorais e publicidade nas redes.
Os parlamentares também incluíram uma previsão de R$ 1,7 bilhão para o reajuste salarial de policiais federais, a pedido do presidente.
Mercado internacional: Europa e Ásia
As bolsas asiáticas avançaram em sua maioria nesta quarta-feira, 22, com investidores otimistas após as bolsas de Nova York se recuperarem do sell-off do primeiro pregão da semana e terminarem a véspera em alta.
Na bolsa japonesa, a ação do Shinsei Bank subiu 5,94% e liderou os ganhos no índice Nikkei.
Na Coreia do Sul, o avanço do índice Kospi foi apoiado por ações de companhias de tecnologia, como LG Display (+2,9%) e Samsung (+1,7%).
De acordo com o analista Yeap Jun Rong, do IG, o anúncio do dia anterior pelo presidente dos EUA, Joe Biden, de que o país vai ampliar a oferta de testes e vacinas para a covid-19, sem mais restrições para conter a variante ômicron do coronavírus, "forneceu algumas garantias muito necessárias para os mercados".
Investidores também acompanharam a divulgação da ata da reunião de política monetária dos dias 27 e 28 de outubro do Banco do Japão. O documento mostra que, na ocasião, os dirigentes do BC japonês avaliaram que a economia do Japão havia acelerado, embora permanecesse em uma situação severa devido ao impacto da covid-19 no país e no exterior.
No noticiário da crise sanitária na Ásia, Cingapura decidiu suspender a venda de passagens para viagens de ônibus e aéreas com destino no país. Já o Japão confirmou os primeiros casos da variante ômicron que tiveram origem em contágio local, na cidade de Osaka. / com Júlia Zillig e Agência Estado
Bolsas asiáticas/fechamento principais índices
- Nikkei (Tóquio): + 0,16% (28.562 pontos)
- Hang Seng (Hong Kong): + 0,57% (23.102 pontos)
- Kospi (Seul): + 0,32% (2.984 pontos)
- Xangai Composto (China continental): - 0,07% (3.622 pontos)
- Shenzen Composto (China continental): + 0,64% (2.520 pontos)
- S&P/ASX 200 (Sydnei): + 0,13% (7.364 pontos)