Mercado ao vivo: confira a Bolsa e o dólar nesta terça-feira, 14 de dezembro
Autoridade monetária reforçou tom duro na condução da política monetária para conter os avanços da inflação
Após virar o sinal e fechar o pregão da véspera em queda, a Bolsa abriu em alta, mas não encontrou sustentação, nesta terça-feira, 14, seguindo o exterior que também está em queda expressiva. Aqui, os investidores avaliam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ocorrida na semana passada com uma elevação de 1,5 ponto porcentual na Selic, a 9,25% ao ano. No cenário fiscal, a PEC dos Precatórios segue no radar, com o texto em votação na Câmara.
O documento do BC não trouxe nenhuma novidade em relação ao comunicado expedido logo após a reunião do Copom, porém, reforçou o tom duro da autoridade monetária em conter o avanço da inflação. Às 14h30, a Bolsa caía 0,43%, aos 106.917 pontos. O dólar apresentar queda residual, de 0,03%, cotado a R$ 5,673.
A Bolsa sobe também impulsionado pelos grandes bancos, que, juntos, respondem por cerca de 17% da cesta de ativos do principal indicador da B3. Às 14h30, Itaú, Bradesco e Santander valorizavam 0,65%, 1,71% e 0,25%, nesta sequência.
Entre os principais pontos do documento do BC estão o reforço da decisão de aplicar um novo aumento da mesma magnitude na Selic na próxima reunião, que ocorrerá em fevereiro de 2022, e a continuidade de sua estratégia de aperto do ciclo monetário até que seja consolidado o processo de desinflação e ancoragem das expectativas do indicador em torno de suas metas.
A Bolsa recebeu a ata sem grandes surpresas, porém, o que chamou a atenção dos especialistas foi o fato de que o BC chegou a cogitar um aumento maior do que 1,5% na taxa de juros.
“Apesar de a opção do comitê tenha sido a mais branda (ajuste de 1,5 p.p), a autoridade não trouxe à mesa o debate sobre a desancoragem para baixo caso o cenário escolhido fosse ainda mais austero”.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos
No entanto, o BC deixou a porta aberta para mudanças, indicando que os "passos futuros" poderão ser ajustados de modo a garantir a convergência da inflação para "as suas metas".
O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, participa de dois eventos ao longo do dia e seus discursos são aguardados pelos investidores, cujo conteúdo pode trazer novos complementos ao documento do Banco Central.
Nesta terça-feira, o mercado também ficou por dentro dos dados atualizados do setor de serviços, divulgados pelo IBGE, que apontaram queda de 1,2% em outubro ante setembro, na série com ajustes sazonais.
A queda veio um pouco mais forte do que a mediana esperada pelos analistas, de 1,1%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve elevação de 7,5%, contra mediana positiva de 9,4%.
PEC dos Precatórios: nova etapa na Câmara
No cenário fiscal, a Câmara dos Deputados vota nesta terça-feira os trechos da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios que foram alterados no Senado. Boa parte do texto já foi promulgada pelo Congresso Nacional no último dia 8, mas alguns pontos ainda ficaram de fora para discussão.
As mudanças feitas pelo Senado envolvem a ordem de prioridade dos precatórios até 2026 e a possibilidade de negociação dos credores de precatórios não pagos para descontos de até 40%.
Dentre a parte aprovada, a principal mudança é no teto de gastos, que abre um espaço fiscal de R$ 62,1 bilhões no Orçamento.
Juros futuros
As taxas de juros negociadas no mercado futuro seguem em baixa nesta terça-feira. Se a ata da reunião do Comitê de Política Monetária confirmou o tom mais duro do comunicado da semana passada, o resultado fraco no volume de serviços em outubro acabou por favorecer a redução de prêmios.
Por volta das 11h50, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2023 projetava 11,41%, ante 11,53 na abertura%. A taxa do DI para janeiro de 2025 era de 10,35%, ante 10,58%. Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,24%, contra 10,40%.
Sobe e desce da Bolsa
Maiores altas
Marfrig (MRFG3) | + 5,39% |
Bradesco (BBDC3) | + 1,77% |
JBS (JBSS3) | + 5,28% |
BRF (BRFS3) | + 3,48% |
Bradesco (BBDC4) | + 1,81% |
Maiores baixas
Méliuz (CASH3) | - 9,32% |
Banco Pan (BPAN4) | - 10,15% |
Lojas Renner (LREN3) | - 3,81% |
EcoRodovias (ECOR3) | - 5,45% |
Locaweb (LWSA3) | - 7,95% |
Exterior
Bolsa de Nova York
Lá fora, o ambiente segue negativo, com as preocupações sobre o avanço da variante ômicron no mundo predominando entre os investidores. Nas bolsas americanas, os futuros estão no vermelho, com o mercado no aguardo dos dados sobre a inflação no atacado dos Estados Unidos (PPI, na sigla em inglês) e para o discurso da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen.
Para Nomura, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve anunciar que irá dobrar o ritmo da retirada de estímulos da economia. Em 2022, a análise espera dois aumentos da taxa de juros no segundo semestre do ano - em setembro e em dezembro.
Para o banco, a autoridade monetária age na tentativa de evitar que a inflação se enraíze na economia, mas avalia que os EUA vivem já um "um ponto de inflexão da inflação à medida em que o crescimento continua forte".
No dia anterior, pesquisa divulgada pelo Fed de Nova York apresentou aumento nas expectativas de inflação de curto prazo, passando de 5,7% em outubro para 6%, e queda na de médio prazo (4% ante 4,2%), sendo este o primeiro declínio desde junho deste ano.
Contratos futuros/bolsa de Nova York
- S&P 500: - 1,31%
- Dow Jones: - 0,48%
- Nasdaq 100: - 2,07% (dados atualizados às 10h41)
Europa
Na zona do euro, o temor sobre a ômicron tomou conta dos mercados após o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, confirmar a primeira morte na região em virtude da nova variante.
Durante a manhã, a Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, informou que a produção industrial na região aumentou 1,1% em outubro sobre setembro, após dois meses consecutivos de quedas devido a atrasos nas entregas de insumos decorrentes de gargalos na cadeia de abastecimento global.
Apesar do desempenho positivo, o número veio abaixo do esperado pelos economistas, que esperavam um aumento mais acentuado, de 1,3%.
Bolsas europeias/principais praças financeiras
- FTSE MIB (Milão): - 0,36%
- Stoxx 600 (Europa): - 0,42%
- DAX (Frankfurt): - 0,60%
- CAC 540 (Paris): - 0,38%
- PSI 20 (Lisboa): 0,78%
- Ibex 35 (Madrid): + 0,71% (dados atualizados às 11h13)
Ásia
As bolsas da Ásia fecharam em queda nesta terça-feira, com cautela generalizada nos mercados após a confirmação dos primeiros casos da variante ômicron do coronavírus no território continental da China. Também no radar, o cerco do governo chinês contra o setor de tecnologia local penalizou ações na região.
Autoridades de saúde da cidade de Tianjin, no norte do país, relataram que um viajante que chegou do exterior na semana passada testou positivo para a ômicron. No sul da nação asiática, um segundo diagnóstico foi detectado em Guangzhou. Antes, a variante havia sido identificada apenas na ilha de Hong Kong.
Em Hong Kong, o papel da Weibo despencou 9,62%, após a Administração de Espaço Cibernético da China multar a operadora da rede social em 3 milhões de yuans por considerar que a plataforma permitiu a publicação de conteúdos que violaram a lei. A decisão marca mais um desdobramento da crescente supervisão de Pequim sobre o setor tecnológico.
Ainda em Hong Kong, companhias do mercado imobiliário estiveram entre as maiores perdas da sessão, em meio à crise de liquidez do setor. Evergrande recuou 6,98%, enquanto China Resources Land caiu 4,69% e Hang Lung Group se desvalorizou 1,40%. / com Tom Morooka e Agência Estado
Fechamento/bolsas asiáticas
- Xangai (China): -0,53% (3.661 pontos)
- Shenzen (China): - 0,14% (2.538 pontos)
- Hang Seng (Hong Kong): - 1,33% (23.635 pontos)
- Nikkei (Japão): - 0,73% (28.432 pontos)
- Kospi (Coreia do Sul): - 0,46% (2.987 pontos)
- S&P/ASX 200 (Austrália): - 0,01% (7.378 pontos)