Mercado ao vivo: acompanhe as movimentações da Bolsa e do dólar nesta terça-feira, 05 de julho
Os mercados globais operam com viés majoritariamente negativo neste pregão
A Bolsa de Valores brasileira, a B3, vive mais um dia de queda com o aumento dos temores de recessão mundial, que derruba também os mercados internacionais. Pelo mesmo motivo, os preços do petróleo caem depois de projeções feitas do preço do barril a US$ 65 até o fim do ano com a perspectiva de retração econômica, e afetam os papeis de Petrobras. Não bastassem esses fatores, o risco fiscal doméstico é pressão sobre os mercados.
Às 15h52, o Ibovespa registrava desvalorização de 0,89%, aos 97.731 pontos, com a maior parte das ações que compõem o índice recuando. No mesmo período, o dólar subia 1,20%, cotado a R$ 5,39.
Risco fiscal com a 'PEC das Bondades'
No cenário interno, permanece a cautela com a possibilidade de um risco fiscal elevado. Na semana passada, a "PEC das Bondades" - também chamada de "PEC Kamikaze" - foi aprovada no Senado Federal e há pressões do governo para que ela seja votada o mais breve possível na Câmara dos Deputados.
O projeto cria um estado de emergência no Brasil para que um pacote de benefícios possa ser aprovado às vésperas das eleições. Inicialmente, falava-se em um impacto de R$ 38,7 bilhões aos cofres públicos, com a proposta de um vale-gás, um "auxílio-caminhoneiro" de mil reais e o aumento do Auxílio Brasil em R$ 200, entre outras medidas.
No entanto, o texto que foi aprovado no Senado prevê gastos de R$ 41,25 bilhões, com a adição de um benefício de R$ 300 para motoristas de táxi e pilotos de pequenas embarcações à vapor. Além disso, o relator da PEC na Câmara, Danilo Forte (da União Brasil), quer incluir um auxílio de R$ 200 para motoristas de aplicativos, batizado de "Vale-Uber" na proposta.
Impactos na Bolsa e no dólar
De acordo com a equipe de economia da CM Capital, esse novo benefício deve trazer ainda mais incertezas ao mercado porque deve elevar as despesas fora do teto para um valor em torno de R$ 50 bilhões.
Analistas e investidores temem que o governo não seja capaz de honrar com suas despesas, principalmente com esses novos gastos destinados às bases de apoio do presidente Jair Bolsonaro meses antes das eleições. Essas incertezas adicionam volatilidade ao mercado e impactam negativamente os ativos brasileiros, o que ajuda a explicar a queda da Bolsa e a desvalorização do real frente ao dólar.
Cautela com recessão global
Outro fator que pesa negativamente sobre os negócios neste pregão é a cautela global com as chances de que o mundo passe por uma recessão. Mais cedo, a S&P Global divulgou que o índice gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro caiu de 54,8 em maio para 52 em junho, o menor nível em 16 meses, refletindo uma desaceleração na atividade econômica do bloco.
Do outro lado do mundo, na Oceania, o banco central da Austrália elevou mais uma vez a taxa de juros do país, que foi de 0,85% para 1,35% ao ano. Um levantamento da Bloomberg revela que já são 80 os países que estão adotando uma política monetária mais contracionista com elevação dos juros, incluindo os Estados Unidos, maior economia do mundo.
Em um cenário de juros altos para tentar conter a escalada da inflação, as projeções são de que a atividade econômica global passe por um período de contração. Essa cautela no pregão desta terça-feira derrubou a cotação do petróleo no exterior. Segundo especialistas, uma atividade mais fraca reduz a demanda pela commodity, gerando impactos sobre seus preços.
Neste contexto, as empresas exportadoras de petróleo do Brasil vivem um dia de desvalorização acentuada na Bolsa, puxando o Ibovespa para baixo. A Petrobras, que tem um peso de cerca de 11% na composição do índice, apresentava forte baixa de 3,50%, às 12h, enquanto PetroRio e 3R Petroleum recuavam 5,44% e 4,13%, respectivamente.
Os temores com uma recessão também são parte dos motivos que levam a uma alta expressiva do dólar neste pregão e nas últimas semanas. A moeda americana é considerada a mais segura do mundo, assim como os títulos públicos dos Estados Unidos. Assim, em momentos de incertezas, tais ativos ganham a preferência dos investidores frente aqueles que são considerados ativos de risco.
O dia na Bolsa
Maiores baixas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
PetroRio | PRIO3 | -5,44% |
3R Petroleum | RRRP3 | -4,13% |
Petrobras | PETR3 | -4,05% |
Azul | AZUL4 | -4,05% |
CSN Mineração | CMIN3 | -4,04% |
Maiores altas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
BRF | BRFS3 | +4,68% |
Eztec | EZTC3 | +3,88% |
Petz | PETZ3 | +2,50% |
Raia Drogasil | RADL3 | +1,55% |
Ambev | ABEV3 | +1,46% |
Mercados internacionais
Os principais mercados acionários do mundo operam em baixa, na esteira da cautela com a economia global. A única exceção é o mercado asiático, onde as bolsas fecharam majoritariamente em alta após dados da economia chinesa revelarem que o país voltou a crescer e também em meio às expectativas de que os Estados Unidos cortem tarifas sobre os produtos chineses.
Dados da S&P Global/Caixin Media mostraram que o PMI de serviços chinês saltou de 41,1 em maio para 54,5 em junho, indicando que o segmento voltou a crescer após Pequim reverter medidas de restrição motivadas pela covid-19. Mais recentemente, porém, o governo chinês decretou lockdowns em duas regiões.
Além disso, a Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, teve uma reunião virtual hoje com o vice-premiê chinês Liu He, alimentando especulação sobre uma possível decisão de Washington de reduzir tarifas sobre produtos chineses.
Desempenho das bolsas americanas
- Dow Jones: baixa de 2,27%
- S&P 500: baixa de 1,97%
- Nasdaq 100: baixa de 0,79%
Dados atualizados às 12h
Desempenho das bolsas europeias
- Stoxx 600 (Europa): baixa de 1,64%
- FTSE 100 (Inglaterra): baixa de 2,80%
- DAX (Alemanha): baixa de 2,17%
- CAC 40 (França): baixa de 2,38%
Dados atualizados às 12h
Fechamento das bolsas asiáticas
- Xangai Composto (China): baixa de 0,04%
- Shenzhen Composto (China): baixa de 0,55%
- Hang Seng (Hong Kong): alta de 0,10%
- Nikkei (Japão): alta de 1,03%
- Kospi (Coréia do Sul): alta de 1,80%
- Taiex (Taiwan): alta de 0,93%
Com informações da Agência Estado
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