Grandes bancos lucram R$ 21,8 bilhões no 1º tri; confira o desempenho de cada um
Os números exibidos pelos quatro maiores bancos do mercado, em seus balanços no primeiro trimestre do ano, em nada sugerem a crise financeira por que passa…
Os números exibidos pelos quatro maiores bancos do mercado, em seus balanços no primeiro trimestre do ano, em nada sugerem a crise financeira por que passa o País, trazida e instalada pela pandemia. Lucros robustos, em total de de R$ 21,8 bilhões entre Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander, além de crescimento tanto em relação ao mesmo período de 2020, como ao trimestre anterior.
O Bradesco apresentou o maior lucro, de R$ 6,5 bilhões, com um salto de 73,6% em relação ao mesmo período de 2020. O Itaú veio logo atrás, com R$ 6,4 bilhões de lucro, e alta de 63,6%, e em terceiro ficou o Banco do Brasil com lucro de R$ 4,9 bilhões e alta de 44,7%. O Santander, com lucro de R$ 4 bilhões e alta de 4,1%, ocupou a quarta posição entre os grandes bancos, mas foi o que registrou o maior retorno sobre o patrimônio, de 20,9%.
Acompanhe em detalhes os resultados específicos em cada balanço.
Bradesco tem lucro de R$ 6,5 bilhões, alta de 73,6% em um ano
O Bradesco registrou lucro recorde de R$ 6,515 bilhões no primeiro trimestre de 2021, de acordo com dados de balanço divulgado nesta terça-feira, 4. O resultado representa crescimento de 73,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com este resultado, o Bradesco completa o segundo semestre consecutivo com lucros superiores ao de seu principal concorrente, o Itaú Unibanco.
A rentabilidade sobre patrimônio líquido do banco foi de 18,7% entre janeiro e março deste ano, um recuo de 1,3 pontos percentuais na comparação com o mesmo período de 2020, quando esse resultado atingiu 20%.
Inadimplência aumenta e provisões recuam
O crescimento vigoroso se deve, em parte, à base de comparação tímida com o ano passado. No último trimestre de 2020, os bancos precisaram aumentar o valor de suas provisões devido à perspectiva de avanço da inadimplência.
Já nos três primeiros meses de 2021, o valor destinado a provisões foi de R$ 3,9 bilhões, o que representa um recuo de 41,8% em relação ao trimestre anterior.
O índice de inadimplência do banco manteve-se em níveis historicamente baixos. Ao fim de março, o indicador estava em 2,5%, evolução de 0,3 ponto percentual na comparação com os últimos três meses de 2020. O mesmo não ocorreu com Itaú e Santander.
A carteira de crédito do Bradesco atingiu R$ 705 bilhões, crescimento de 2,6% no trimestre e de 7,6% em 12 meses.
As receitas do banco obtidas a partir de concessão de crédito e as operações da tesouraria avançaram 7,4% em relação ao primeiro trimestre do ano passado e atingiram R$ 15,6 bilhões.
O faturamento com prestação de serviços e tarifas do banco caiu 2,6% no primeiro trimestre de 2021, para R$ 8,1 bilhões.
Itaú tem lucro de R$ 6,4 bilhões no 1º tri, com alta de 64%
O Itaú Unibanco registrou lucro de R$ 6,398 bilhões no primeiro trimestre de 2021, valor que representa crescimento de 63,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em 2020, o balanço sofreu desfalque de R$ 10 bilhões dedicados a uma mega provisão para possíveis perdas decorrentes dos impactos da pandemia do novo coronavírus na economia. O colchão de liquidez se destinava à proteção do banco contra a inadimplência crescente.
Este resultado representa o primeiro aumento depois de três trimestres seguidos em queda e superou as estimativas, que apontavam para um lucro de R$ 5,7 bilhões.
O retorno sobre patrimônio líquido da companhia foi de 18,5%, abaixo dos 20,9% obtidos pelo banco Santander. No entanto, houve ganhos comparativos em relação aos três primeiros meses de 2020, quando o percentual foi de 12,8%.
A melhora nos resultados deve-se à redução do custo de crédito (provisões) para R$ 4,1 bilhões e ao aumento da margem financeira de 4,7% para R$ 18,6 bilhões na comparação ano a ano.
A carteira de crédito cresceu 4,2% no período e atingiu R$ 906 bilhões no fim de março. A inadimplência, de 2,3%, manteve-se estável ante 3,1% dos três primeiros meses de 2020.
Banco do Brasil lucra R$ 4,9 bilhões no 1° tri, alta de 44,7%
O Banco do Brasil registrou lucro líquido ajustado de R$ 4,913 bilhões no primeiro trimestre de 2021, alta de 44,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Na comparação com os últimos três meses de 2020, houve aumento de 33%, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 6, em balanço.
O retorno sobre patrimônio líquido anualizado foi de 15,1%, resultado puxado principalmente pela redução de 4,8% das despesas administrativas e da provisão de crédito para liquidação duvidosa (PCLD) em 50,8%, totalizando R$2,5 bilhões neste período.
O resultado está abaixo da rentabilidade dos pares privados. O Itaú teve retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 18,5% no período, enquanto Bradesco e Santander marcaram 18,7% e 20,9%, respectivamente.
Também contou a favor a Margem Financeira Bruta (MFB), que totalizou R$ 14,6 bilhões entre janeiro e março deste ano, crescimento de 2,8% e 4,0% na comparação trimestral e anual, respectivamente.
A carteira expandida avançou 2,2% e alcançou R$ 758,3 bilhões ao fim de março, saldo 4,5% superior ao verificado um ano antes.
Receitas Financeiras
O avanço baseou-se na expansão de 1,1% das receitas financeiras - resultado de aumentos de 1,1% em operações de crédito e de 1,6% em tesouraria. As despesas financeiras, reduzidas em 14,4% também impulsionaram a margem.
A variação anual positiva teve como pilar a redução de 23,2% das despesas financeiras, compensada, em parte, pela contração de 5,2% das receitas financeiras.
O risco de crédito caiu 49,9% para 49,2% na comparação com os primeiros três meses de 2020.
As receitas de prestação de serviços somaram R$ 6,9 bilhões no primeiro trimestre de 2021, queda de 6,9% na comparação com o período entre outubro e dezembro do ano passado. O resultado tem como principal causa a redução de 12,3% das receitas com tarifas de conta corrente.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve queda de 2,7%, também justificada em grande parte pelas receitas de conta corrente 14,8% menores, parcialmente compensadas pelo desempenho dos segmentos de seguros, que cresceu 5,6%, dos de cartão de crédito e débito, com expansão de 6,4%, e de consórcios , que registraram avanço de 17,3%.
Os ativos totais do BB R$ 1,829 trilhão, uma expansão de 14,4% em um ano. O patrimônio líquido ficou em R$ 138,2 bilhões, 23% maior que um ano atrás.
Santander tem lucro de R$ 4,012 bilhões, alta de 4,1%
O Santander Brasil deu a largada na abertura de temporada da divulgação dos balanços trimestrais dos bancos. Segundo balanço divulgado nesta quarta-feira, 28, o banco apresentou lucro líquido gerencial, que não considera ágio de aquisições, de R$ 4,012 bilhões no primeiro trimestre deste ano, 4,1% maior que no mesmo período de 2020.
Os resultados seguiram em linha com as estimativas do mercado, que apostam em uma boa recuperação dos bancos. Em relação à expansão de lucros, o montante obtido pelo Santander superou as expectativas dos analistas, que apostavam em um crescimento um pouco mais modesto, de 3,0%.
A carteira de crédito ampliada encerrou março com R$ 497,566 bilhões, 2,9% menor que no final do ano passado. Na comparação anual, a carteira se expandiu em 7,4%.
Os ativos totais detidos pela subsidiária brasileira do banco espanhol se retraíram em 2,2% se comparados a um ano antes, e encerraram o primeiro trimestre em R$ 978,15 bilhões.
O patrimônio líquido, por sua vez, avançou 7,4% na mesma comparação, e alcançou R$ 77,763 bilhões, no período encerrado em março.
Retorno acima das expectativas
O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês), ficou em 20,9%. O resultado ficou um pouco acima das expectativas do mercado, que era de 19,7%. Porém, seguiu estável em relação ao trimestre anterior, mas inferior aos 22,3% registrados um ano antes.
Os analistas esperam ainda que o ROAE do Santander seja o maior obtido entre os grandes bancos do varejo.
Inadimplência alta
O índice de inadimplência de curto prazo do Santander Brasil, que considera atrasos de 15 a 90 dias, teve piora, atingindo 3,6% no primeiro semestre deste ano. Ao fim de dezembro, estava em 2,8%.
O Santander credita a piora dos calotes no período à sazonalidade de início do ano, com maior concentração de despesas pela população e ao crescimento mais representativo da pessoa física no período. Neste segmento, os calotes de curto prazo avançaram de 4,3% ao fim de dezembro para 5,2% ao término de março.
Considerando a inadimplência com atraso de mais de 90 dias, o índice do Santander foi a 2,1% ao fim de março, estável ante dezembro. Em um ano, melhorou 0,9 ponto porcentual.
"O indicador ainda é beneficiado pelas medidas adotadas ao longo de 2020, como prorrogações de pagamentos, principalmente em pessoa física, além do aumento de participação dos produtos de menor risco no saldo total da carteira", explica o Santander Brasil, em relatório que acompanha suas demonstrações financeiras.
Provisões elevadas
Com a piora dos calotes de curto prazo, o banco espanhol elevou seus gastos com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs. Essas despesas foram a R$ 3,914 bilhões no primeiro trimestre, no maior patamar desde junho do ano passado, aumento de 8,45% ante os três meses anteriores.
Já o resultado de provisão para créditos de liquidação duvidosa somou R$ 3,161 milhões ao fim de março, alta de 9,7% ante o quarto trimestre de 2020. Segundo o banco, esta linha foi impactada pela retomada do crescimento da carteira de crédito de pessoas físicas.
O custo de crédito do Santander subiu a 2,6% nos três primeiros meses deste ano contra 2,5% ao término de dezembro último.
O saldo de provisões do Santander encerrou março em R$ 25,728 bilhões, aumento de 2,6% ante os três meses anteriores. Em um ano, teve incremento de 18,5%.