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Fundos de Investimentos

Crise na Americanas bagunça fundos de renda fixa, que operam com variação negativa

Dos 100 maiores fundos do mercado, 82 são de renda fixa e todos eles tiveram prejuízo com papeis de crédito da Americanas no 12 de janeiro

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Data de publicação:20/01/2023 às 08:00 -
Atualizado um ano atrás
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A crise na Americanas e seus reflexos nos ativos da varejista bagunçaram completamente os fundos de renda fixa, um segmento que historicamente atrai investidores justamente pela organização e previsibilidade. E põem em xeque, mais uma vez, o conceito de maior segurança que o nicho passa ao investidor conservador e arredio ao risco.

Dados compilados pela Mais Retorno mostram que no dia 12, após o anúncio de um rombo da empresa, dos 100 maiores fundos de investimentos do mercado, 82 eram de renda fixa e todos apresentavam variação negativa em suas cotas. Muitos deles inclusive referenciados DI, subcategoria que chama atenção por ser a mais conservadora entre as conservadoras do mercado.

Os dez maiores em patrimônio, entre os de renda fixa, reunem um patrimônio respeitável, acima de R$ 109 bilhões, e mais de 900 mil cotistas.

Fundo

Variação

12.01.23

Cotistas

Patrimônio 

R$ em bilhões

Itaú Privilège RF Refer. DI-0,58%287.28148,863
BB RF LP High FIC FI-0,06%294.06127,805
Itaú Active Fix 5 RF CP -0,37% 24.832  6,386
XP Referenciado FI RF Ref. DI-0,11% 62.258  5,837
Riza Lotus Ref. DI CP-0,12% 58.640  5,646
Itaú Excellence RF Refer. DI-0,08% 26.262  4,523
Itaú Active All RF LP CP-0,34% 32.969  3,542
Western Asset Total Cre. Adv.-0,33% 50.024  2,807
Itaú RF Ref. DI Premium-0,58% 21.528  2,032
Inter Conservador FI RF CP-0,80% 43.413  1,967
Queda dos maiores em patrimônio e cotistas

Todos os 82 fundos apresentavam variação negativa entre 0,06% BB RF LP High FIC FI e Xavantes Referenciado DI,  a – 1,58%, do Augme Hy Master FI RF. Reflexo do tombo de 50% nos títulos de crédito corporativo (debêntures) da Americanas e da B2W, até então emitidos com classificação triple A de credibilidade, o mais alto selo de segurança fornecido pelas agências de classificação de risco.

A queda foi generalizada nas cotas de carteiras com Americanas, pela reprecificação do valor dos papeis da empresa. O impacto foi relevante nos fundos de investimento, sobretudo nos de renda fixa.

Entre os 10 maiores fundos, o recuo mais expressivo na cota do dia 12 foi do Inter Conservador. Com patrimônio de R$ 1,92 bilhão, em sua carteira (set/2022), do total alocado em debêntures, havia uma posição de R$ 6,95 milhões (1,04%) em papeis da Americanas.

Quedas de 11 a 16 de janeiro

Para não ficar no comportamento de apenas um dia, a pesquisa da Mais Retorno considerou ainda um período mais longo, de 11 de janeiro (quando a inconsistência contábil da Americana veio a público) e 16 (última cota disponível), a queda mais acentuada foi a do Itaú Active Fix 5 RF CP FIC FI, que se desvalorizou 1,21%.

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Comparador de Ativos da Mais Retorno

O baque financeiro da varejista e no valor de seus ativos pegou no contrapé fundos de renda fixa de todos os portes, desde os pequenos até os grandões, tanto em patrimônio como em número de cotistas.

Dentre os fundos com dados pesquisados pela Mais Retorno, na posição de 16 de janeiro último, o de maior patrimônio é o Itaú Privilège com R$ 48,863 bilhões, que apresenta também o maior número de cotistas, 287.281. 

O Privilège apresenta uma desvalorização de 0,60% de suas cotas nesse período de maior turbulência. Ele é formado por cotas de três outros fundos do Itaú, o Special RF, o Itaú Wealth Master, e o Itaú Privilège Distribuidores. Só o Special apresenta uma alocação de R$ 1,4 bilhão em papeis de crédito de B2W e Americanas.

O de maior queda, entre os gigantes de renda fixa do mercado, o Itaú Active Fix 5 tem 99,81% de seu patrimônio (R$ 6,38 bilhões) em cotas no Itaú RF CP Master Active FIX FI. Por sua vez, o Master Active FIX FI tem cerca de R$ 353 milhões em debêntures da B2W, isso equivale a 2,2% do patrimônio total do fundo.

O Western Asset Total Credit Advisory FIC FI RF CP com patrimônio de R$ 2,01 bilhões é formado por cotas do Western Asset Total Credti FI RF CP (71,36%) e Western Asset Soberano II FI REF Ref. Selic. O Western Asset Total apresenta em seu portfólio (dez/2022) uma posição de 3,73%, do total em debêntures, em títulos da Americanas (LAMEA4), algo em torno de R$ 46 milhões. Já o Western Soberano tem 99,99% em títulos públicos e operações compromissadas em títulos públicos.

A bagunça será arrumada?

Alexandre Alvarenga, analista de fundos da Empiricus Research, entende que “o investidor não deve tomar nenhuma decisão com base apenas nesse evento da Americanas”. Para ele, “é preciso considerar também os motivos que o levaram a investir nesse fundo e se a tese por trás do investimento nessa estratégia está mantida”.

O mais importante nesse episódio e em outros similares, destaca Alvarenga, é avaliar qual foi a atuação do gestor nesse momento desafiador, especialmente aqueles que mais sofreram. “É aqui que sua verdadeira natureza aparece e, independentemente do que aconteceu, é importante entender se ele manteve sua gestão de risco intacta e suas decisões, coerentes com sua estratégia”, pontua.

O analista enfatiza que o fundamental é que as mesmas pessoas em que o investidor confia e mereceram o investimento lá atrás permanecem. “Afinal, os gestores desses fundos não cometeram nenhum erro”, diz Alvarenga. “A maior parte da indústria (e todos os nossos fundos de crédito recomendados) tinham posições menores do que 3% no portfólio, em uma empresa considerada boa pelo mercado.”

Fernando Felipe, especialista da Veedha Investimentos, aponta alguns motivos pelos quais não é momento de sair de um fundo com perdas em Americanas. “A perda que o investidor enxerga hoje no fundo são as dívidas da empresa reprecificadas ao preço muito inferior do valor que ela tinha antes”, explica.

Ele atribui essa correção a uma grande incerteza com o futuro da empresa, mas aponta que existem algumas opções que podem levar a uma correção para cima uma marcação a mercado que veio de 100% do papel para aproximadamente 25% nos dias seguintes ao estouro da crise.

Felipe lembra ainda que os fundos de renda fixa têm vários outros ativos na carteira e Americanas, em alguns deles, tinha uma participação que representava algo que ia de 0,3% a 1,5%, 2,0%.

Pedro Tiezzi, especialista da SVN, diz que o Western Asset Total Credit Advisory  FIC FI tem uma posição maior em Americanas. O especialista afirma que não vê essa concentração na varejista como erro, embora isso possa gerar preocupação sobre o controle de risco. “Não é um erro de gestão estar investido em Americanas, todo o mercado praticamente emprestava para a empresa”, observa. “Então não é o caso de sair agora, é preciso esperar passar o estresse de mercado para decidir.”

Fernando Felipe, da Veedha Investimentos, reforça que um fundo com carteira diversificada com muitos outros ativos tende a recuperar a perda em dias, alguns de forma mais rápida, outros mais lentamente. “Podem ser dois ou três dias de cotas negativas, que foi a reprecificação da Americanas, antes de tudo voltar ao normal.”

O coordenador de administração no Ibmec SP, Cristiano Corrêa, entende que “o investidor de curto prazo que não vê motivos para pagar para ver uma recuperação” deve fazer o resgate. Ainda que com eventuais perdas, que poderia ser evitado se continuasse com o investimento por tempo mais prolongado.

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Sobre o autor
Tom
Repórter da Mais Retorno

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