BTG Pactual lança 2 fundos para dinheiro do FGTS que está aplicado em Vale, Petrobras e Eletrobras
Banco está de olho em mercado de R$ 6,7 bilhões e mais de 118 mil cotistas
De olho nos 59 fundos que investem os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em ações da Petrobras, Vale e, desde o ano passado, também na Eletrobras, o BTG Pactual lançou nesta semana dois novos produtos, o FMP FGTS Reference Absoluto Carteira Livre e o FMP Reference Absoluto Moderado Carteira Livre.
Para abocanhar uma parcela de R$ 6,7 bilhões e mais de 118 mil cotistas, os números que giram em torno desses fundos de FGTS, batizados de Fundos Mútuo de Privatização (FMP), a asset do banco de André Esteves aposta num modelo novo para o nicho, na gestão ativa de carteira, aportando para além das ações das três gigantes privatizadas.
A ideia é usar os recursos dos Fundos Mútuos para engrossar o patrimônio dos novos produtos. Mas também aceitar dinheiro novo de qualquer tipo de investidor, abrindo com isso o leque de aplicações para outras ações.
Segundo o banco, todos os investidores que compraram ações das três empresas privatizadas há mais de seis meses podem pedir a portabilidade para os novos fundos.
Para fazer sentido, porém, os fundos do BTG terão de bater o desempenho dos fundos mútuos, uma tarefa complicada já que alguns deles superam a casa dos 45% em 2022, especialmente os vinculados às ações de Petrobras, que foram favorecidas pela alta do petróleo no último ano.
Esse é um mercado novo para os FMPs. E que tem atraído os grandes players como XP, com o fundo XP FMP FGTS Eletrobras; Caixa, com o fundo Caixa FMP FGTS Carteira Livre; além também de Bradesco e Itaú (Bradesco FMP Carteira Livre e Itaú Balanceado Carteira Livre FMP FGTS).
Agora, por conta de uma mudança na legislação, é possível transferir os recursos do FGTS aplicados em empresas em processo de desestatização, como Eletrobras, por meio de FMPs para a modalidade FMP carteira livre, que investe ações variadas e não apenas nas de uma única empresa.
Fundos replicam carteira
Os fundos vão replicar o BTG Pactual Absoluto Institucional FIC FIA, que tem mais da metade de sua carteira alocada em ações, além de investimento no exterior e operações compromissadas em títulos públicos (LTN).
Em setembro de 2022, última divulgação de sua carteira, 54% do patrimônio estavam em ações. As três maiores posições eram em Itaú (ITUB4) 6,93%; Lojas Renner (LREN3) 5,25%; e Assai (ASAI3) 5,02%. O fundo mantinha também posicionamento em Petrobras, pouco acima de 5%, em torno de R$ 77 milhões.
Perfis diferentes de investidor
Os novos fundos de FGTS vão replicar a carteira do Absoluto e acompanhar esse modelo de gestão ativa com papeis diversificados, mas terão variação nos porcentuais de alocação de acordo com o perfil do investidor, se mais conservador ou não.
O FMP FGTS Reference Absoluto Carteira Livre, com taxa de administração de 2% ao ano, terá 95% em ações e 5% em títulos públicos. Já o FMP Reference Absoluto Moderado Carteira Livre, com taxa de 1,5% ao ano, terá 60% em renda variável e 40% em títulos públicos. A aplicação mínima exigida nos dois fundos é de R$ 200.
"Qualquer investidor que tenha cotas de FMPs (Fundos Mútuo de Privatização) da Vale, Petrobras e Eletrobras, há pelo menos seis meses pode solicitar a migração", afirma Laércio Henrique, sócio do BTG Pactual e Gestor de Portfólio do Absoluto Carteira Livre.
Fundos para o FGTS
Atualmente, há 59 fundos de investimento FMP em operação no mercado, que foram criados nos processos de privatização de Eletrobras, Vale e Petrobras. Todos como alternativa de aplicação dos recursos da conta vinculada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Quem fez a transferência do dinheiro do FGTS para os fundos não se arrependeu. Os fundos apresentam um desempenho que chega a ser oito vezes superior à correção aplicada anualmente aos recursos do FGTS.
Em 2022, a atualização do Fundo de Garantia total entre juros de 3% ao ano e distribuição dos lucros obtidos com operações feitas com recursos do fundo ficou em 5,83%.
Já o desempenho dos FMPs mais rentáveis supera a casa dos 45% em 2022, especialmente os vinculados às ações de Petrobras, que foram favorecidas pela alta do petróleo no último ano. Dos 59 fundos, 32 têm suas carteiras em Petrobras; 24, em Vale; e 3 têm carteira livre com composições mescladas e concentradas entre as três empresas privatizadas, mas de outras companhias abertas, títulos de renda fixa privados e públicos.
Fundo | Rend. 2022 |
Alfa I FMP FGTS Petrobras | 46,87% |
Caixa FMP FGTS Petrobras IV | 45,92% |
Santander FMP Petrobras | 45,92% |
Itaú Desenv. Petrobras FMP | 45,71% |
Bradesco FMP Private III Petrobras | 45,69% |
Santander FMP FGTS Petrobras | 45,62% |
Itaubanco Petrobras FMP | 45,45% |
Unibanco FMP FGTS Petrobras | 45,44% |
Petrobras (PETR3) | 44,66% |
Correção do FGTS | 5,83% |
BTG Pactual Absoluto Inst. | -4,67% |
Comparações
Os oito fundos de privatização de Petrobras mais rentáveis superaram o desempenho até do próprio papel da petroleira, PETR3 (veja gráfico abaixo) em estudo feito pela Mais Retorno no Rastreador de Fundos. Ficaram muito acima do Ibovespa com variação de 5,59% e também do desempenho do BTG Pactual Absoluto Institucional FIC FIA, o que será referência para os novos fundos de FGTS do banco, que caiu 4,67% em 2022.
No entanto, a situação é oposta quando a comparação é feita em períodos mais longos. Desde 2010 quando foi lançado até dia 9 de janeiro deste ano, o BTG Absoluto Institucional supera com larga vantagem os fundos do FGTS em papeis de Petrobras, pelo que mostra o Comparador de Ativos .
Fundos de Vale
Os fundos vinculados aos papeis de Vale também não decepcionaram. Os três mais rentáveis foram o Bradesco FMP FGTS Vale do Rio Doce Private; Santander FMP FGTS Vale II ; e Itaubanco FMP FGTS Vale do Rio Doce. Os três subiram bem mais que o Ibovespa e mais do que a própria ação de Vale em 2022.
Vale a pena?
Seja qual for o recorte de análise, as indicações são as de que o optante do Fundo de Garantia consegue uma melhor valorização do seu patrimônio em fundos de investimentos de privatização. A correção aplicada ao FGTS é a mais baixa do mercado, juros de apenas 3% ao ano, a metade do que oferece a poupança. Ainda que haja o crédito dos lucros, o optante tende a encontrar melhores opções nos fundos.
Há que se considerar, no entanto, que são alternativas de natureza diferente: enquanto a remuneração é de renda fixa na conta vinculada, nos fundos os recursos estarão expostos ao risco da renda variável. Risco que tende a ser diluído no longo prazo.
Além da possibilidade de empregar o dinheiro nesses fundos, o saldo do FGTS poderá ser sacado em condições muito específicas como compra de imóvel pelo Sistema Financeiro da Habitação, aposentadoria, doenças graves, invalidez permanente e morte.