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Fundos de Investimentos

Fundo de crédito do Nubank não é boa opção para reserva de emergência, dizem especialistas

Para especialistas, um fundo carregado com 18% de crédito privado não deveria ser opção para a reserva de emergência dos investidores

Data de publicação:17/01/2023 às 06:00 -
Atualizado um ano atrás
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Em menos de uma semana, os gestores do Nubank viveram uma verdadeira montanha russa com o seu produto de vitrine, o fundo de renda fixa Nu Reserva Imediata.

Na quarta-feira, 11, eles comemoravam 1,3 milhão de cotistas para o produto lançado há um ano e indicado, como diz o nome, para reserva de emergência. Esse sucesso todo - o Nu Reserva tornou-se o maior fundo do mercado em volume de investidores - explicava-se pela agilidade de aporte e saque, via uma caixinha no aplicativo do Nubank, e pelo retorno de  14,03% nos últimos 12 meses.

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Fundos de alta liquidez não deveriam alocar em papeis de crédito corporativo, dizem analistas

Ontem, no entanto, foi dia de acalmar o mercado e explicar a queda na rentabilidade, baixa causada pelas posições do fundo compradas em crédito corporativo da Americanas, companhia que vem derretendo no mercado financeiro.

Entre quinta-feira, 12, e sexta-feira, 13, o valor da cota do fundo registrou queda de R$ 1,147577 para R$ 1,138968 (-0,75%), de acordo com dados compilados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Os investidores perceberam essa variação no saldo bancário e inundaram as redes sociais em críticas à gestora, aparentemente surpresos com o fato de que um fundo de renda fixa possa fechar o dia abaixo da véspera.

Dúvidas sobre o Nu Reserva Imediata 

Esse fato levantou questionamentos sobre as decisões de investimento da asset do Nubank. Se o fundo, que tem pouco mais de 18% dos R$ 2,6 bilhões alocados em dívidas de empresas como a Americanas, poderia correr esse risco. E se os clientes do Nubank, que recorreram ao Nu Reserva como uma espécie de caderneta de poupança, agiram corretamente ao escolher essa modalidade de fundos.

Fundo referenciado DI

É preciso que se reforce que o Nu Reserva Imediata é um fundo referenciado DI, exatamente como aqueles fundos de depósito automático que todos os bancos têm e as vezes colocam o dinheiro dos seus clientes sem aviso prévio, dizendo que se trata de uma aplicação sem riscos.

Existem fundos DIs de diferentes tamanhos, desempenhos e acessíveis a diferentes clientes. Geralmente, as instituições oferecem os melhores produtos para clientes com maior capacidade financeira.

Esses fundos podem por lei aportar até 20% de seu capital em crédito corporativo, que são títulos de dívidas que as empresas emitem para financiarem, por exemplo sua expansão.

Mas isso não quer dizer que todos os fundos DIs têm dívidas de empresas em seu portfólio. Existem os que somente aportar em CDBs ou em letras e títulos emitidos pelo governo, como Tesouro Direto ou LCI (Letras de Crédito Imobiliário).

O fundo não é indicado para reservas de emergência

É aí que mora o problema. A Mais Retorno conversou com cinco especialistas em investimentos, de gestores a analistas, passando por professores em finanças. Todos foram unânimes ao afirmar que crédito de empresas não é indicado para produtos voltados para reserva de emergência, como é a caderneta de poupança.

"Fundo para reserva de emergência é fundo que só investe em título público pós-fixado, apenas com o risco governo. Até pode haver algo de crédito, atrelado ao IPCA, mas minúsculo, tão pequeno que não seria sentido na cota", afirma Rodrigo Knudsen, gestor de renda fixa da Empiricus.

Para Paloma Brum, analista de Investimentos na Toro Investimentos, é comum que fundos de renda fixa no geral invistam em debêntures, em busca de rentabilidades maiores do que os fundos que investem apenas em títulos públicos federais.

No entanto, o investidor deve estar atento e conferir se o fundo no qual irá aplicar a sua reserva de emergência tem investimento em debêntures. “Se sim, o ideal é ficar de fora desse tipo de fundo para este objetivo específico”, afirma a analista.  

Pedro Tiezzi, analista de investimentos da SVN, ressalta que o caso Americanas poderia ter acontecido com qualquer empresa e por isso deve se criar agora um clima de desconfiança do investidor em relação ao mercado em geral.

Na opinião dele, não houve erro de gestão em relação ao fundo Nu Reserva Imediata, pois outros fundos também sofreram com essa crise. No entanto, ele reforça que na SVN, em relação a fundos de liquidez, a estratégia é de não correr risco de crédito. Tiezzi afirma ainda que alto retorno e alta liquidez não são fatores que combinam com baixo risco.

Onde alocar a reserva de emergência

O mercado divide opiniões em relação a este assunto, mas o caso Americanas pegou praticamente todos os analistas de surpresa. Não era possível prever tudo que aconteceria, tendo em vista que a classificação de risco de agências de rating não apontava nada que fizesse desconfiar da companhia.

Lucas Seixas, CEO e cofundador da InvestAI, explica que essa estratégia de alocação deverá ser repensada e que existem produtos muito mais seguros com o propósito de reserva de emergência. Seixas pontua que o risco deve ser minimizado ao máximo neste tipo de investimento, mas que alguns gestores escolhem debêntures devido ao maior prêmio.

Neste caso, a estratégia pode ter visado rentabilidade, o que foge do propósito emergencial. Ele indica que títulos públicos e CDBs de grandes bancos podem ser opções com risco menor.

A recomendação de Paloma Brum, analista de Investimentos na Toro Investimentos, é investir o dinheiro da reserva de emergência em algum fundo de Renda Fixa Soberano, ou seja, que investe todo seu o patrimônio em títulos públicos federais brasileiros. "É exatamente este o perfil de risco que se deve buscar ao investir a reserva de emergência", afirma.

Por que as debêntures da Americanas caíram?

Não foram apenas as ações da Americanas os únicos ativos afetados com o rombo financeiro da varejista. O problema contábil gerou incertezas que mudaram a precificação de toda estrutura de passivos da empresa.

O especialista em investimentos da Mais Retorno, Luiz Felipe Vieira, conta que as debêntures da LAMEA5, que no dia 11 de janeiro fecharam com um preço unitário indicativo de R$ 10.251,193, fechou o dia 12 de janeiro com preço unitário de R$ 5.091,458, em queda de 50%.

Para se ter uma ideia do que isso representa, o especialista recorre ao impacto da mudança dos preços na taxa de investimento do ativo. “O ativo que estava sendo negociada a CDI+3%, com a queda de 50%, passou a ser negociado a CDI+23%”, conta.

Essa é uma boa notícia para o investidor que compra o ativo, mas é péssimo para quem já tinha desembolsado antes pela mesma debênture.

O outro lado

Em nota, o Nubank afirmou que cerca de 10% das "caixinhas" existentes têm recursos no Nu Reserva Imediata, que é uma das opções de fundo, com alta liquidez, baixo risco (grau de investimento), e que busca rentabilidade acima do CDI ao longo do tempo.

"O impacto de rentabilidade nesse fundo específico, causado pelo evento atípico de mercado, tende a ser amenizado ao longo do tempo pela estratégia de gestão do fundo", disse em nota.

Já a asset, responsável pelo fundo, destacou que o “fundo de renda fixa ‘Nu Reserva Imediata’ possui estratégia desenhada para ser uma opção de baixo risco e alta liquidez, e busca performance acima do CDI ao longo do tempo”.

Em nota, a gestora destaca que o “assim como dezenas de fundos no mercado com o mesmo perfil, o Nu Reserva Imediata também investe em ativos de crédito privado, dentro de um limite regulatório. A parcela de investimento em debêntures das Lojas Americanas, historicamente avaliada como Triple A por diferentes casas de rating, já foi revista pela Nu Asset Management”.

Vale a pena o risco de investir no Nu Reserva?

Todos os seis fundos abaixo são de renda fixa. Todos têm o CDI como o benchmark. Todos perseguem um rendimento que seja equivalente a esse referencial para pagar seus cotistas. Todos renderam acima do CDI.

A principal diferença entre o Nu Reserva e os demais é sua estratégia para atingir os objetivos: enquanto se vale de títulos de crédito privado, como as debêntures de Americanas, para ter um rendimento mais alto, os outros 5 concentram suas carteiras em títulos públicos. Uns têm o portfólio exclusivamente em papeis do governo, outros preveem aportar até 20% em títulos de instituições financeiras (CDBs, LCs).

O risco no crédito privado em fundos de investimentos ficou escancarado como o episódio da varejista. A questão que se coloca é se vale a pena correr esse risco em busca de uma rentabilidade que nem é tão superior.

FundoRend. 12 meses
XP Termo FIC FI RF13,67%
Nu Reserva Imediata13,59%
BB RF LP Estrategia Ativa12,80%
Empiricus Selic12,76%
BTG Pactual InvestMais12,74%
FIC FI Caixa Indexa Tes. Selic12,70%
CDI 12,54%
Compare o rendimento

É verdade que o Nu Reserva oferece ainda a liquidez imediata, mas tanto o Empiricus Selic, como o BTG Pactual e o Caixa Indexa contam com essa mesma condição. O XP Termo paga o cotista em 6 dias, eo BB Estratégia Ativa, em 3. / Com Mari Galvão e Regina Pitoscia

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Sobre o autor
Renato Jakitas
Editor-chefe do Portal Mais Retorno.

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