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Americanas
Empresa

Ação de Americanas sobe 15,81% nesta sexta-feira após cair 77% no dia anterior; o que acontece?

Analistas acreditam ser mais um movimento de especualção, já que não há fato novo que justifique a reação

Data de publicação:13/01/2023 às 17:39 -
Atualizado 2 anos atrás
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As ações de Americanas fecharam com alta de 15,81%, cotadas a R$ 3,15, depois de terem fechado o pregão do dia anterior com queda de 77,33% na B3. O impacto do anúncio do rombo de R$ 20 bilhões não contabilizados pela empresa nos últimos 9 anos, em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários na última quarta-feira atingiram em cheio os papeis, que tiveram uma recuperação nesta sexta-feira.

O papel passou a apresentar forte volatilidade no período da tarde. Embora alguns analistas entendam que é "pura especulação", há também rumores de que os bancos credores da empresa concordaram em rolar a dívida da companhia, de modo a evitar que ela quebre e provoque um efeito dominó no sistema financeiro e no setor de varejo.

Americanas
 

Para que isso aconteça, os credores exigem que a Americanas faça uma capitalização rapidamente, por meio de emissão de ações em alguns bilhões de reais. E uma decisão sobre isso pode ser fechada ainda nesta sexta-feira.

Na visão do mercado, a exposição das instituições à companhia no futuro pode cair, com os bancos endurecendo condições para financiar a varejista à frente, diante da crise de confiança gerada pela descoberta de inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões.

Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que as instituições financeiras concordaram em rolar a dívida da Americanas. Os bancos foram consultados ao longo dos últimos dias sobre essa possibilidade - a empresa comunicou o problema ao mercado na tarde de quarta-feira. "Demos um respiro a eles", comentou o diretor de um banco credor. "Passamos uma sinalização positiva. A contrapartida é que a empresa vai ter que fazer uma capitalização rápida de alguns bilhões", comentou um banqueiro, argumentando que a 3G, gestora que reúne o trio de sócios da Americanas vai ter que participar para a oferta de ações sair.

Por seu porte, a Americanas é cliente de praticamente todos os grandes bancos, segundo fontes do setor. Por isso, não seria interessante deixá-la beijar a lona. Entretanto, executivos consideram que as condições de financiamento ficarão mais duras adiante, com o mercado cobrando mais para assumir um risco também maior. Isso se refletiu ontem no mercado secundário de títulos de dívida da companhia, com um salto nas taxas cobradas e um tombo no valor de face.

No balanço de setembro do ano passado, a Americanas informou dívida bruta de R$ 19,3 bilhões, sendo que R$ 17,1 bilhões eram de longo prazo, ou seja, com vencimento em prazos acima de um ano. Desse total, R$ 15,6 bilhões estavam em empréstimos e financiamentos, segundo a companhia. O restante estava em debêntures.

Já o ex-presidente da varejista, Sergio Rial, disse em um vídeo de 11 minutos disponível no site da Americanas que a dívida bruta é de R$ 30 bilhões a R$ 35 bilhões, após crescer em 2022, sobretudo no terceiro e quarto trimestres. Ou seja, aparentemente bem maior que os dados do balanço mostram.

Linhas de crédito

Um dos grandes riscos neste momento seria a interrupção da linha dos bancos para o financiamento dos fornecedores, sobretudo em momento que as vendas estão crescendo, disse Rial no vídeo - nas primeiras duas semanas do ano, as vendas crescem acima de 17% no conceito mesmas lojas. "Espero que os bancos tenham postura de equilíbrio e permitam obviamente a gestão atual de encontrar um caminho que funcione para todos."

Analistas do setor financeiro acreditam que o impacto de um possível prejuízo com a Americanas seria pequeno para cada instituição. Sem revelar nomes, os bancos informam a exposição que possuem a seus maiores devedores, e na visão de profissionais, os dados mostram que o abalo seria contido.

O analista Marcelo Telles, do Credit Suisse, consultou as exposições das instituições a seus maiores devedores. Na média do setor, o crédito a cada grupo econômico representa cerca de R$ 1,9 bilhão, calculou, ou 1,6% do capital do setor. O banco considerou os devedores que ficam entre a 11ª e a 20ª posição nos balanços das instituições, e estima que a Americanas tenha a 26ª maior dívida entre as empresas brasileiras.

Ontem, o Bradesco BBI calculou que os bancos mais expostos a varejistas são o Santander Brasil e o BTG Pactual, com cerca de 7% da carteira total de crédito, seguidos por Itaú e ABC Brasil, com 3%, e Banrisul e Banco do Brasil, com 2% cada.

Reflexos no setor

De todo modo, o setor de varejo tem nas ações de Magalu (MGLU3) mais uma boa performance. No mesmo horário, os papeis apresentam uma alta de 7,52%, mas chegaram a subir mais 12%. Mesmo na quinta-feira, Magazine Luiza ficou entre as maiores alta do pregão, subiu 5,28%, com valorização de mercado de R$ 1,06 bilhão.

Já Lojas Renner caiu 5,18%, devolvendo toda a alta de 2,02% do dia anterior. / Com Agência Estado

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