Especialistas do mercado projetam a taxa Selic em 13,75% até meados de 2023, após ata do Copom
Comitê mira a inflação ao redor da meta no horizonte relevante
Na última terça-feira, 21, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou a ata de sua última reunião realizada, em que a Selic, taxa básica de juros, foi elevada em meio ponto percentual, chegando a 13,25% ao ano. Com o objetivo de trazer a inflação para perto da meta do BC, o Comitê anunciou ainda que deve aumentar mais uma vez a taxa e mantê-la em patamares altos por um "longo período".
Baseando-se no que foi dito na ata, é consenso entre os especialistas do mercado financeiro que o fim do ciclo de altas da Selic deve acontecer na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 2 e 3 de agosto. Neste momento, as projeções são de que a taxa de juros chegue a 13,75% ao ano e permaneça neste nível, pelo menos, por um ano, até meados de 2023.
De acordo com a equipe econômica do Banco Original o "trecho mais interessante" do documento é justamente o que fala sobre as estratégias do BC para a convergência da inflação para o "redor da meta no horizonte relevante".
"Além de contemplar juros acima do usado no cenário de referência - leia-se, acima de 13,25% em 2022 e 10,00% em 2023 -, os diretores deixam claro mais uma vez que a Selic permanecerá em território contracionista “por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”. Ou seja, o documento desautoriza os cortes de juros precificados pela curva futura na virada do ano e início de 2023."
Equipe econômica do Banco Original
Taxa Selic alta para controlar a inflação
Para Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, outra parte importante da ata deixa explícita a intenção do Copom de reduzir sua projeção de inflação - medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - de 4% atuais para um número "em torno da meta" no próximo ano. Vale lembrar que a meta do BC para o IPCA em 2023 é de 3,25%, com teto em 4,75%.
"Julgamos isso importante porque, no pronunciamento pós-reunião, o Copom parecia considerar que 4% já seria 'em torno da meta'", comenta Megale.
O economista explica que diante do cenário macroeconômico desafiador, com uma pressão inflacionária persistente em nível global e riscos fiscais no País no radar, o colegiado reconheceu que apenas a manutenção da taxa Selic em 13,25% ao ano por um longo período não seria o suficiente para controlar a escalada dos preços.
"Em outras palavras, o plano inicial de interromper o processo de elevação da taxa básica de juros não se sustentou por muito tempo. Isso é consistente com nosso cenário de uma alta adicional de 0,50 ponto percentual na reunião do Copom em agosto, antes de um longo período de 'esperar para ver'".
Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos
Projeções para a Taxa Selic
Assim como o Banco Original e a XP Investimentos, o Itaú Unibanco, a Blue3, o Bank of America (BofA) e a Tenax Capital projetam que o fim do ciclo de altas da taxa Selic deve acontecer em agosto, com juros de 13,75% ao ano, e que este patamar deve se manter pelos próximos meses.
Segundo o BofA, embora os juros devam permanecer em patamares bastante elevados por cerca de mais um ano, as expectativas para o fim de 2023 já são um pouco mais amenas, com o fim do ciclo de aperto monetário. A instituição acredita que no final do próximo ano a Selic estará em 10,50% ao ano.
Metas de inflação do BC
Meta | Piso da meta | Teto da meta | |
2022 | 3,50% | 2,00% | 5,00% |
2023 | 3,25% | 1,75% | 4,75% |
2024 | 3,00% | 1,50% | 4,50% |
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