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Por que as commodities são a vilã da inflação, mas também protegem o investidor?

Em carta divulgada aos investidores neste mês, a gestora Dahlia Capital aponta os rumos das commodities

Data de publicação:10/02/2022 às 00:40 -
Atualizado 2 anos atrás
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Em carta divulgada aos investidores neste mês, a gestora Dahlia Capital destacou o papel das commodities. De um lado, como vilãs do avanço da inflação – pois pressionam os preços das matérias primas – e do outro, como proteção para o investidor na defesa do seu patrimônio.

De acordo com os gestores, a alta nos preços das commodities ainda persiste e o País pode estar vivendo um novo super ciclo de preços de commodities. “Isso não significa que os preços sobem indefinidamente, mas sim que, durante um período mais longo, os preços ficam acima de suas médias históricas”, ressaltam.

Por que as commodities são a vilã da inflação e proteção aos juros altos?
Commodities é considerada a vilã da inflação e proteção contra a alta dos juros, segundo a Dahlia Capital - Foto: Unsplash

O último grande ciclo ocorreu no início dos anos 2000, com a combinação de três fatores: anos de baixo crescimento econômico mundial, queda significativa de investimentos por parte dos produtores e um grande choque de demanda. “Desde o final da década de 2010, estamos vendo a repetição desses três fatores, que podem levar a preços mais elevados”, ressalta a carta da gestora.

Empresas receosas em fazer novos investimentos

Os gestores chamam a atenção em relação ao ciclo atual sobre o comportamento dos produtores privados, que tem sido diferente do esperado.

“A resposta tradicional a preços mais elevados é de fomentar novos investimentos para aumento de produção. Não desta vez. Mesmo com preços mais altos, o aumento da oferta tem sido muito aquém do esperado”, apontam.

Carta da Dahlia Capital de fevereiro de 2022 para os investidores

Para eles, o pano de fundo deste cenário envolve o fato de que as empresas estão mais receosas em fazer novos investimentos e sendo pressionadas para pagar dívidas e dividendos. Somam-se ainda alguns fatores externos, como as incertezas políticas no Peru e Chile, que atrasam a realização de novos investimentos em minas de cobre.

Descarbonização deve reduzir investimentos na produção de petróleo

Segundo a Dahlia Capital, a expectativa de descarbonização do mundo pode fazer com que as empresas invistam cada vez menos em produção. Além disso, as pressões ambientais sobre os bancos, por exemplo, também podem restringir o acesso a financiamento dessas empresas, levando a um maior custo de capital.

“A falta de investimentos no setor, junto com um forte estímulo econômico pós-pandemia, fez com que os diferentes mercados de commodities ficassem mais apertados”

Dahlia Capital

O baixo nível de estoques faz com que os preços de curto prazo fiquem mais sensíveis a quaisquer choques de oferta, aponta a carta. “No início do ano, por exemplo, as chuvas no Brasil impactaram a produção de minério de ferro, que fez com que os preços na China subissem”, exemplificou.

Em relação ao petróleo, analistas do mercado atribuem uma parte da elevação dos combustíveis às recentes tensões entre Rússia e Ucrânia. “Eventos dessa natureza são difíceis de serem antecipados. E uma pequena ruptura na cadeia de produção pode ter um impacto desproporcionalmente alto nos preços”.

Retomada econômica da China

Conforme a carta da gestora, um outro ponto que pode ajudar o ciclo atual das commodities é a reaceleração da economia chinesa. Nos últimos meses, o governo local voltou a estimular a economia, injetando dinheiro e evitando que setores como o imobiliário – responsável por 25% do PIB do país – venha a amargar uma crise mais forte. “Como maior consumidor das principais commodities, a China pode apertar ainda mais o mercado”.

Efeito dos preços das commodities sobre a inflação

Ao avaliar a variação da inflação, leva-se em conta a variação incremental de preços. “Ou seja, se os preços das commodities se mantêm em um patamar elevado ou sobem moderadamente, a pressão inflacionária tende a se dissipar com o tempo”, refletem os gestores.

Em abril do ano passado, a variação anual era de 120%, o que foi considerado uma grande pressão sobre a inflação. No entanto, isso deve ser diferente para 2022. “Salvo um novo salto de preços, essa variação tenderá a zero já em abril deste ano, possivelmente formando uma pressão desinflacionaria”.

Nesse contexto, a gestora afirma que a queda projetada da inflação para os próximos dois anos é a maior dos últimos 20 anos. Uma boa parte da explicação deveria ser atribuída a essa queda na variação das commodities.

Ações de commodities favorecidas

Segundo a Dahlia, uma alta dos juros americanos e preços de commodities impulsionou a valorização das ações de empresas mais cíclicas, ao contrário das companhias consideradas de crescimento. “Com um bom ponto de partida, essa movimentação teve um impacto muito positivo na Bolsa brasileira. "

Em relação ao futuro das commodities, a gestora segue otimista, lembrando a importância da cautela e diversificação. “Afinal, preços mais altos de commodities pressionam a inflação para cima, que demanda políticas mais restritivas dos governos, que levam a um menor crescimento e, portanto, a um menor consumo e preços mais baixos dos produtos”, conclui.

Se esse cenário se concretizar, os especialistas esperam que commodities seja, pelo menos no curto prazo, uma proteção para um aumento dos juros.

Sobre o autor
Julia Zillig
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