Os 9 fundos de ações mais caros do mercado que estão negativos em 1 e 2 anos
Não há nada de errado em cobrar taxas de administração mais altas, o problema é não entregar bons resultados
Em seleção dos fundos de ações mais caros do mercado, 9 deles cobram taxas de administração entre 3% e 5% ao ano, e deixam a desejar na perfomance, tanto no período de um ou dois anos: todos estão negativos, muitos sem acompanhar sequer os principais referenciais dessa classe de ativos como o Ibovespa, o IBrX, ou o Índice de Small Cap.
O estudo foi feito na base de dados da Mais Retorno, considerando fundos de ações que estão operacionais, com patrimônio a partir de R$ 20 milhões, que contam com mil cotistas, pelo menos.
Fundo | Taxa de adm. ao ano | N° cotistas mil | Patrimônio em R$ milhões | Rend. 12 meses (14/02) |
Banrisul Ações FIA | 5% | 2,75 | 100,28 | -11,73% |
Itaú Ações IBrX Ativo | 4% | 589,80 | 559,52 | -7,43% |
Bradesco FIC FIA | 4% | 818,63 | 500,80 | -7,49% |
Itaú Ações Blue | 4% | 685,70 | 123,16 | -7,55% |
Safra Small Cap | 3,5% | 1,53 | 69,39 | -12,70% |
FIC FIA Acumulação 157 | 3,5% | 192,90 | 73,06 | -6,74% |
ARX Income | 3,25% | 16,64 | 405,96 | -14,43% |
Bradesco Prime Small Cap | 3% | 3,55 | 151,47 | -13,78% |
BTG Pactual Absoluto Inst. | 3% | 2,99 | 1,39 bi | -9,51% |
É verdade que o segmento de ações também não colaborou para um bom desempenho desses fundos. Foram tempos difíceis para a Bolsa, com elevação dos juros mundo afora para segurar a inflação, e em nível interno a corrida presidencial e troca de governo.
No período de 12 meses, até o dia 14 de fevereiro deste ano, o Ibovespa está no negativo em 5,00%. Embora nem todos tenham o índice como benchmark, os 9 fundos caíram mais do que o índice que é um termômetro representativo do segmento, porque reflete o comportamento das ações mais líquidas da B3.
A Itaú Asset confirma que seus dois fundos cobram taxa de 4% ao ano, e destaca que no período fechado de fereveiro de 2022 ao fim de janeiro de 2023, o desempenho do Itaú IBrX Ativo está negativo em -1,25% o Itaú Ações Blue, em -1,58%.
Bom gestor tem de ser bem remunerado
Não é proibido nem há nada de errado em cobrar taxas de administração elevadas, diz o gestor Rodrigo Knudsen, da Empiricus Gestão: “A taxa não é o mais relevante, se o gestor for bom ele precisa ser bem remunerado, porque ambos saem ganhando, ele e o investidor. O mais importante é o retorno que é entregue, não adianta cobrar barato e entregar um rendimento pior”. Esse é o primeiro ponto a ser colocado na mesa, mas não o único.
No caso dos 9 fundos, no entendimento do analista, as taxas que chegam a 5% são excessivas, estão fora do padrão e média da indústria, que opera mais em intervalo entre 2% até 3%. Isso se torna um problema maior nesse universo de fundos, porque todos estão negativos, sem conseguir bater o benchmark, pontua Knudsen.
Em um cálculo linear, porque a despesa de administração é apropriada dia a dia no valor da cota, com uma taxa mais baixa, o prejuízo do investidor seria menor no caso desses fundos. No Banrisul, o mais caro, a desvalorização em um ano de 11,73% poderia ser de 6,49% sem o custo de 5%.
Fechando o universo de fundos mais caros, há mais dois, com taxa de 3% ao ano: Tork Long Only Institucional e o Bradesco Prime Dividendos. Esses fundos com resultado ligeiramente negativo em 12 meses, em 0,22% e 0,36%, respectivamente, poderiam até virar para o azul, não fosse a taxa.
Perseguição ao benchmark
Em suas políticas de investimento, nem todos os fundos definem um referencial como meta de retorno. O Banrisul, por exemplo, persegue o Índice de Small Cap, SMLL, que reflete uma carteira composta por empresas com menor representatividade de valor em relação a outras empresas listadas na B3.
Embora negativo em 11,73%, o Banrisul consegue cair menos que seu benchmark, que exatamente no mesmo intervalo de tempo recuou 20,19%.
Já o Bradesco FIC FIA e o Itaú Ações Blue seguem o Ibovespa, mas ambos não tiveram fôlego para ter a mesma performance que seu benchmark, seu objetivo de retorno determinado em seu regulamento.
Índice | Variação 12 meses (14/fev) |
Ibovespa | - 5,00% |
IBrX | - 6,28% |
SMLL | -20,19% |
Os fundos Safra Small Cap, o ARX Income, o BTG Pactual e o Bradesco Prime Small Cap não definem referencial a ser perseguido para entregar ao cotista.
O Itaú Ações IBrX Ativo e o FIC FIA Acumulação seguem o IBrX, índice que reflete um carteira de ações mais negociadas e de maior representatividade na B3. Mas ambos os fundos apresentam queda maior que o referencial em 12 meses.
O benchmark é outro ponto a ser considerado. “Se ganhou do referencial está adicionando valor ao investidor”, pontua o analista da Empiricus, mas ressalta que pagar caro por algo que proporciona retorno negativo não é um bom negócio.
Negativo no longo prazo
Esses 9 fundos também não apresentam bons resultados em prazos mais esticados. Em dois anos, até o dia 16 de fevereiro, todos eles estão negativos e com desempenho inferior ao do Ibovespa, que nesse período tem queda de 8,65%.
Detalhe comum aos 9 fundos, também a ser considerado, é que nenhum deles cobra taxa de performance.
Para Pedro Tiezze, analista da SVN Gestão, nessas condições, o gestor não tem estímulos para perseguir um resultado melhor para o fundo. “Tanto faz se a performance for bem ou mal, o gestor não tem interesse em obter algo além de cobrir custos com administração, das análises econômicas ou do backoffice”.
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