Notícias da guerra devem dar o tom aos mercados na abertura da semana
Inflação de fevereiro, juros futuros e nos EUA também estarão no radar da semana
Os mercados iniciam a semana sem grandes notícias sobre um possível entendimento diplomático para obter uma trégua no conflito entre Rússia e Ucrânia. Com isso, o mercado segue em posição de cautela, com os futuros americanos operando em forte queda e as bolsas europeias seguindo na mesma esteira.
As atenções, nesse cenário, se voltam às prováveis novas punições econômicas dos demais países contra a Rússia e às reações do presidente Putin como retaliação ao aperto das sanções contra o país.
Nesta segunda-feira, 7, segundo o Ministério da Defesa da Rússia, militares do país cessarão fogo e abrirão corredores humanitários em várias cidades ucranianas, após os combates interromperem os esforços de evacuação no fim de semana e aumentarem as baixas civis.
Os corredores serão abertos a partir das 10h (horário de Moscou) na capital Kiev, Kharkiv e Sumy, e estão sendo instalados a pedido pessoal do presidente francês Emmanuel Macron.
Futuros/bolsas americanas
- S&P 500: -1,53%
- Dow Jones: -1,45%
- Nasdaq 100: -1,62% (dados atualizados às 7h18)
Bolsas europeias/principais índices
- Stoxx 600 (Europa): - 2,42%
- DAX (Frankfurt): -3,52%
- FTSE 100 (Londres): -1,53%
- CAC 40 (Paris): -3,13% (dados atualizados às 7h32)
Petróleo dispara com fala de Blinken
O pacote de sanções internacionais contra a Rússia pode ganhar um novo ingrediente. Na véspera, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que Washington e seus aliados europeus estão considerando banir a importação de petróleo e de gás natural da Rússia.
A declaração impactou diretamente no preço do barril do petróleo tipo Brent durante a madrugada, que chegou próximo do patamar de US$ 140. Vale lembrar que a Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo.
Alguns impactos já estão sendo sentidos com essas sanções, como os preços da gasolina nos Estados Unidos, que subiram 11% na semana passada, atingindo o maior nível desde o final de julho de 2008, segundo o clube automobilístico AAA no dia anterior.
Inflação de fevereiro está no radar da semana
A guerra no Leste Europeu permanece como principal foco de investidores e gestores de mercado, mas os próximos dias acenam com o cenário econômico. Internamente, esta semana termina com a divulgação, na sexta-feira, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro.
A expectativa é que o IPCA fechado de fevereiro, considerado uma régua que mede a inflação oficial, não seja influenciado pelos impactos sobre os preços do início da guerra na Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro.
Como o período de coleta de preços, que terminaria em 28 de fevereiro, foi abreviado pelo carnaval, a estimativa é que variações adicionais de preços como reflexo da crise sejam capturadas apenas pelo índice levantado de ponta a ponta em março.
Trajetória dos juros e alta das commodities na atenção dos gestores
Especialistas afirmam, no entanto, que os gestores estarão atentos à trajetória de juros, embutidos em contratos de DI futuros, que passariam a antecipar uma projeção de taxas mais altas, com reflexos na Selic. A tensão geopolítica impulsionou o rali das commodities, especialmente petróleo e minério de ferro, e fortaleceu o temor com a inflação.
Gustavo Bertotti, head de Renda Variável da Messem Investimentos, afirma que os juros DI estão sob pressão, com o aumento da aversão ao risco, principalmente inflacionário, global e doméstico. “Os ativos mais sensíveis à inflação e aos juros estão em queda no mercado.”
Bertotti prevê ainda para esta semana um aquecimento do debate sobre a política monetária americana. A preocupação com o rumo dos juros nos Estados Unidos, segundo Bertotti, foi reforçada pelos dados de emprego de fevereiro divulgados pelo Departamento do Trabalho na sexta-feira.
Para o head de Renda Variável da Messem, os dados de emprego americanos (payroll) acima do esperado reforçam a ideia de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) está correndo atrás da curva de juros e apressar o passo no ajuste dos Fed funds, “porque o mercado de trabalho está se recuperando muito bem”. Um cenário que pode influenciar os mercados domésticos, de ações e o de dólar.
Bolsas asiáticas fecham em forte baixa
Os mercados asiáticos fecharam em forte queda nesta segunda-feira, à medida que as cotações do petróleo dispararam como reflexo dos últimos desdobramentos da guerra russo-ucraniana.
Em segundo plano diante do cenário geopolítico, os últimos dados da balança comercial chinesa superaram as expectativas no primeiro bimestre deste ano, mas mostraram significativa desaceleração em relação a dezembro. / com Júlia Zillig e Agência Estado
Bolsas asiáticas/fechamento
- Hang Seng (Hong Kong): -3,87% (21.057 pontos)
- Nikkei (Tóquio): -2,94% (25.221 pontos)
- Kospi (Seul): -2,29% (2.651 pontos)
- Xangai Composto (China continental): - 2,17% (3.372 pontos)
- Shenzhen Composite (China continental): -2,70% (2.203 pontos)
- S&P/ASX 200 (Sydney): -1,02% (7.038 pontos)