Nem Petrobras, nem Vale… As empresas de commodities de destaque na Bolsa são Klabin e São Martinho neste ano
São Martinho tem maior valorização no ano, de 27,35%, e a Klabin, em março, de 12,93%
Nem ligação com minério de ferro, nem com petróleo. As ações de empresas brasileiras que mais se beneficiaram com o atual ciclo de alta das commodities são ligadas aos ramos de agronegócio e de papel e celulose. A São Martinho (SMTO3), do setor sucroenérgico, puxa a fila com alta de 27,35% neste ano. Já a Klabin subiu 12,93% em março até o dia 17.
O levantamento exclusivo foi realizado a partir da nova ferramenta da Mais Retorno, o Comparador de Ativos. Nela, o usuário é capaz de comparar literalmente todos os ativos negociados no mercado financeiro e dsitribuídos no Brasil, como fundos e ações ou até mesmo título de renda fixa com ações de empresas. Acompanhe em detalhes aqui.
São Martinho e a alta dos combustíveis
A valorização da São Martinho em 2022 reflete a movimentação de preços do etanol e do açúcar, que estão sob pressão com a guerra na Ucrânia, avalia Patrick Conrad, analista de Commodities da Western Asset.
A gasolina mais cara, com a escalada do barril do petróleo no mercado internacional, melhora o preço do etanol, dada a relação de preços existente entre os dois combustíveis.
Klabin fora da guerra
O destaque do mês, no entanto, vem de outro setor, o de papel e celulose. A KLBN3, da empresa Klabin, acumulou valorização de 12,93%, puxada pela recuperação de preços dos produtos na China.
Com dupla vantagem, avalia Conrad. As cotações estão menos correlacionadas com os efeitos da guerra na Ucrânia, que pode terminar a qualquer momento, e se beneficiam ainda dos estímulos econômicos do governo chinês.
A alta do petróleo e os papéis do setor
O levantamento comparativo de ações mostrou que a liderança em períodos mais elásticos fica com os papeis das companhias de commodities ligadas ao petróleo. A PETR3, da companhia Petrobras, foi a que mais se valorizou em seis meses e 12 meses.
A PETR3 acumula alta de 40,89% em seis meses e de 76,79% em 12 meses. A valorização do dólar no segundo semestre de 2021 e a alta recente do petróleo beneficiaram os papeis da petroleira.
Mas nem sempre esses movimentos favorecem todas as exportadoras. O analista Conrad, da Western, explica que “o desempenho de empresas e de ações depende de ciclos econômicos e dos segmentos em que cada empresa atua”. E também da gestão.
É o caso da Petrobras. O mercado deixou de lado o risco político, uma das preocupações do investidor, quando percebeu que “o general Luna e Silva, presidente da Petrobrás, “está respeitando a política de preços, de acordo com a paridade internacional, na companhia”.
A valorização do petróleo no exterior beneficia a Petrobrás, “mas o mercado reconhece também no valor da ação que o presidente da empresa é um defensor da política de preços, apoiada pelo mercado, na Petrobras”.
A Petrobras não está isolada na liderança, no levantamento do Comparador de Ativos. Em 24 meses, quem ocupa lugar de destaque é a PRIO3, da empresa PetroRio, com valorização de 520,25%. No período de 36 meses, a PetroRio também é a primeira colocada, com alta de 478,13%.
“A empresa se beneficia da alta do petróleo, mas tem a vantagem adicional de não embutir risco político”, aponta o analista de Commodities. A PetroRio acena ainda com outros atrativos, diz Conrad. Está na frente na negociação com a Petrobrás para a compra de dois campos de petróleo, a de Albacora e Albacora Leste, na Bacia de Campos.
Vale, a vice-campeã no ano
Vale3, da companhia Vale, não está entre as maiores valorizações, mas aparece com variação positiva em todos os períodos de levantamento.
Uma das líderes no segmento de commodities e do Ibovespa, ao lado de Petrobras, a mineradora acumula valorização de 21,39% no ano. Atrás apenas da líder SMTO3. Um dos papeis preferidos dos investidores, pelos dividendos polpudos que paga e pela receita em dólar que recebe nas vendas ao exterior, a VALE3 é considerada também ativo de proteção.
Resultados negativos
No campo negativo, na base de comparação de 10 ações, a PetroRio aparece com a maior queda em março, de 10,30%; no ano, o frigorífico JBS (JBSS3) com queda de 4,11%; em 3 meses, a Klabin com queda de 5,98%; em 6 meses, a CSN (CSNA3) com queda de 27,37%; em 12 meses a maior queda também foi da CSN, de 30,04%.
Em 24 e 36 meses, todas acumulam alta, mas a menor valorização foi de Klabin nos dois períodos.
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