Após agenda cheia, mercado chega ao final desta semana absorvendo as decisões do BCs no mundo e com a ômicron no radar
Banco Central interveio no câmbio para segurar novas altas do dólar
O mercado financeiro chega a esta sexta-feira, 17, em processo de gradual acomodação após atravessar a semana com uma agenda cheia de decisões sobre política monetária. As últimas foram as dos bancos centrais dos EUA, na quarta-feira, 15, e da Europa, na véspera que não trouxeram grandes surpresas aos investidores nem aos mercados.
A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, aproveitou esse cenário mais calmo para, ajudada pela valorização externa das commodities, descolar-se das bolsas americanas e fechar em alta de 0,83%, em 108.326 pontos. O dólar interrompeu cinco valorizações seguidas ao recuar 0,51%, para R$ 5,68.
A queda do dólar teve a mão do Banco Central, que voltou a intervir no mercado de câmbio, para frear a aceleração de preços. Desta vez, o volume total de vendas foi de US$ 830 milhões ofertados em leilão à vista, volume sacado das reservas internacionais.
As atuações do Banco Central do dia anterior foi a quarta em cinco sessões e procuraram conter a alta das cotações, puxadas pelo aumento de demanda sazonal de fim de ano por moeda americana. Ao segurar o avanço do dólar, pressionado por maior procura, o Banco Central tenta evitar os efeitos negativos que a alta do dólar causa na inflação.
Especialistas não preveem alterações significativas na trajetória dos mercados nos dias que faltam para o término do ano. A semana que acaba hoje é a última cheia, antes das duas que fecham 2022.
A expectativa é que os mercados passem a reagir agora mais a fatos pontuais do dia a dia, como as notícias que provocam o vaivém dos preços das commodities, movimentos que influenciam diretamente o sobe e desce do Índice Bovespa (Ibovespa). Vale e Petrobras, dois dos papeis mais representativos de commodities, costumam comandar a Bolsa.
As bolsas americanas tiveram nesta quinta-feira um dia de reação retardada à decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que anunciou na quarta-feira que passará a injetar menos recursos na economia pela compra de títulos a partir de janeiro.
A perspectiva de estreitamento de liquidez ou de menos dinheiro circulando na economia costuma deprimir a bolsa de valores, porque diminuem os recursos para a compra de ações.
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou com ligeira queda de 0,08%, o S&P 500 caiu 0,87% e o Nasdaq, da bolsa eletrônica, recuou 2,61%.
Crescimento econômico
No ambiente local, o ministro da Economia Paulo Guedes, reconheceu no dia anterior que haverá uma desaceleração do crescimento do PIB em 2022. Além disso, repetiu que a “volta e V” da atividade econômica brasileira já foi concluída.
No mesmo dia, a Moody’s reduziu a projeção de crescimento do PIB brasileiro de 2021 – de 5,2% para 4,8% - e de 2022 – de 2,1% para 0,6% - na esteira da contração de 0,1% do indicador no terceiro trimestre. Em relatório, a agência reiterou que tem como nota do País o nível Baa2, com perspectiva estável.
Exterior
Bancos Centrais: luta contra a inflação
No mercado internacional, os bancos centrais em todo o mundo estão priorizando a luta contra a inflação elevada, restringindo as configurações monetárias, ao mesmo tempo em que mantêm um olhar atento sobre o impacto da nova cepa do coronavírus.
Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pavimentou o caminho para a virada mais dura dos BCs ao anunciar a aceleração do processo de retirada de estímulos.
Ontem, Banco da Inglaterra (BCE) aumentou a taxa básica de juros em 15 pontos-base, a 0,25%. Já o Banco Central Europeu (BCE) confirmou que encerrará o programa emergencial de compras de ativos em março de 2022.
Hoje, foi a vez de o Banco do Japão (BoJ) começar a finalizar instrumentos monetários que forneceram apoio à economia durante a pandemia. A instituição manteve juros inalterados, porém informou que as compras de títulos corporativos acabarão também em março do próximo ano.
Variante ômicron ao redor do mundo
A variante ômicron continua a se espalhar pelo mundo. O presidente americano Joe Biden alertou que os americanos não vacinados enfrentarão “um inverno de doenças graves e mortes”, enquanto o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida pediu à Pfizer uma entrega mais rápida de vacinas anti-Covid.
Europa
Além da disseminação da variante ômicron, os investidores da zona do euro estão às voltas com a publicação de novos dados econômicos da região, alguns favoráveis, outros nem tanto.
O índice de preços ao consumidor da região (CPI, na sigla em inglês) avançou 4,9% em novembro deste ano ante igual mês de 2020, confirmou a Eurostat, agência oficial de estatísticas da União Europeia. O núcleo do CPI, por sua vez, ficou estagnado em novembro ante outubro, mas se elevou 2,6% ante novembro do ano passado.
Nesta sexta-feira, o Escritório Nacional de Estatística (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido informou que as vendas do varejo cresceram 1,4% em novembro ante outubro. O resultado superou as expectativas dos analistas, que previam alta de 1%. Na comparação anual, houve aumento de 4,7% no mês passado, quando o consenso dos economistas apontava para avanço de 4,2%.Na Alemanha, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da Alemanha saltou 19,2% em novembro deste ano, na comparação com igual mês de 2020, comunicou a Destatis, agência oficial de estatísticas do país.
O resultado marca o maior avanço anual do indicador desde novembro de 1951, há 70 de anos, impulsionado pela escalada dos preços de energia, de acordo com o órgão.
Ainda no país, o índice Ifo de sentimento das empresas locais recuou de 96,5 em novembro a 94,7 na leitura de dezembro, informou nesta sexta-feira o instituto. Analistas previam queda menor, a 95,4. O índice para as condições atuais recuou de 99 em novembro a 96,9 em dezembro. Já o de expectativas caiu de 94,2 a 92,6 na mesma base comparativa.
Bolsas europeias/movimentação das principais praças financeiras
- Stoxx 600 (Europa): - 0,59%
- FTSE 100 (Londres): + 0,27%
- DAX (Frankfurt): - 0,70%
- CAC 40 (Paris): -0,70%
- PSI 20 (Lisboa): - 0,74%
- Ibex 35 (Madrid): - 0,69% (dados atualizados às 8h32)
Ásia
As bolsas da Ásia fecharam majoritariamente em queda nesta sexta-feira, 17, com ações do setor de tecnologia sob particular pressão, após uma semana que marcou a guinada de bancos centrais de economias desenvolvidas em direção a um modelo de política monetária menos relaxada, em meio à escalada da inflação.
No radar, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos proibiu ontem que pessoas e entidades do país negociem títulos de oito empresas de tecnologia chinesas, sob alegação de que elas contribuem para a repressão da etnia islâmica Uigur na região autônoma de Xinjiang.
Por lá, o setor imobiliário segue na atenção do mercado internacional. A S&P Global Ratings declarou que a Evergrande deixou de pagar empréstimos em títulos de dólar que venceram nas últimas semanas e entrou em default da dívida. A agência rebaixou a nota de crédito da incorporadora e de sua subsidiária Tianji de "CC" a "SD".
Na semana passada, a Fitch Ratings já havia atestado a inadimplência da empresa, que enfrenta uma crise de liquidez que ameaça a solidez do mercado imobiliário da China. Segundo a S&P, o grupo não forneceu informações sobre as obrigações financeiras. / com Júlia Zillig e Agência Estado
Fechamento/bolsas asiáticas
- Nikkei (Tóquio): - 1,79% (28.545 pontos)
- Hang Seng (Hong Kong): - 1,20% (23.192 pontos)
- Xangai (China): - 1,16% (3.632 pontos)
- Shenzen (China): - 1,41% (2.523 pontos)
- Kospi (Seul): + 0,38% (3.017 pontos)
- Taiex (Taiwan): + 0,15% (17.812 pontos)
- S&P/ASX 200 (Sydnei): + 0,11 (7.304 pontos)