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Economia

Inteligência artificial e seus impactos na economia

ChatGPT gera tanto admiração pelas possibilidades que oferece como preocupação pelas inconsistências nas respostas que apresenta

Data de publicação:09/05/2023 às 08:00 -
Atualizado um ano atrás
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A inteligência artificial (IA, na sigla em inglês) parecia ser algo limitado aos laboratórios de tecnologia até o surgimento do ChatGPT. Polêmico, ele gera tanto admiração pelas possibilidades que oferece como preocupação pelas inconsistências nas respostas que apresenta.

Avançando a uma velocidade surpreendente, é fato que essa tecnologia revolucionária estará entre nós, efetuando tarefas bastante corriqueiras, o que traz a grande questão: qual o seu impacto na economia?

big techs
Tecnologia revolucionária da inteligência artificial poderá levar a cresimento de 3% ao ano da produtividade - Foto: Reprodução

Previsões

Como em qualquer coisa relacionada com o mundo das startups e da tecnologia, as previsões são as mais otimistas possíveis. 

Enquanto o banco Goldman Sachs estima um crescimento de 7% no PIB anual em uma década, outros apontam para um crescimento de 3% ao ano na produtividade, elemento que estagnou já há bastante tempo (leia mais sobre esse tema adiante).

Ainda assim, parte do mercado financeiro mostra o seu ceticismo em relação a esses números, considerando também o papel dos altos juros no mundo, que reduzem os fluxos futuros das empresas de capital aberto ao mesmo tempo em que elevam os seus custos de financiamento. 

Inovações

Olhando para o passado, é fácil atribuir o desenvolvimento à inovação.  Entretanto, ela sempre vem acompanhada de outros fatores, o que impede que seja mensurada isoladamente. 

Robert Fogel, vencedor do prêmio Nobel de Economia, ilustrou exatamente isso em seu estudo sobre as ferrovias norte-americanas, responsáveis por deixar uma América essencialmente agrícola para trás. 

Sua conclusão é que o impacto do sistema ferroviário em si foi pequeno, trazendo à luz do fatos outras questões, igualmente importantes.

Monopólios

Não é difícil de imaginar uma Google ou Meta da inteligência artificial (nesse caso, OpenAI), dado que as empresas que desenvolvem tecnologias disruptivas ficam com boa parte do mercado e dos ganhos.

Normalmente, isso se deve às barreiras de entrada ou à falta de opções. A título de exemplo, o GPT-4 foi “treinado” a um custo de US$ 100 milhões, com base em uma tecnologia desenvolvida internamente.

Mas, nesse exercício de futurologia, sempre é prudente lembrar que ela é uma “ciência” inexata, considerando tudo o que desconhecemos. Feita a ressalva, é provável que surjam outras empresas como concorrentes, haja vista a quantidade de informação compartilhada on-line.

Além delas, deve-se incluir outras que já existem e que sequer imaginamos que estejam participando do mesmo ecossistema.  Esse é o caso da Nvidia, famosa pelas suas placas para games, mas que também possui data centers que fazem os chatbots “aprenderem a pensar”.

Levando-se em conta um poder de processamento que cresce exponencialmente, decorrente do uso do “capital”, poderiam eles chacoalhar o lado “trabalho” da equação?

Mercado de trabalho

A própria OpenAI calcula que algo em torno de 80% do mercado de trabalho norte-americano teria ao menos 10% de suas atividades alteradas.

Em um artigo notório do New York Times, relatou-se o caso de um advogado que usou a ferramenta de inteligência artificial para estudar um processo que contava com mais de 400 páginas. 

Após alguns minutos e, felizmente para ele, o resultado foi um resumo que contava inclusive com informações de um item importante que tinha sido deixado de fora, mas que era fundamental para a defesa.

Ou seja, um chatbot fazendo sozinho o trabalho de uma equipe inteira. 

Pessimismo

Por outro lado, muitos economistas já foram pegos de surpresa no que diz respeito ao mercado do trabalho. Em 2013, um estudo da Universidade de Oxford tinha previsto que a automação eliminaria quase metade dos empregos nos EUA em um período de apenas 10 anos.

Excluindo-se os mais recentes desdobramentos, como a volta da política industrial, o que se observou foi exatamente o contrário. Em países como Japão, Cingapura e Coreia do Sul, onde a robótica predomina, o índice de desemprego é bastante baixo.

O mesmo pode ser dito sobre os EUA. Empregos definidos como “em risco de serem extintos por questões tecnológicas” não apresentaram nenhuma tendência significativa de queda, de acordo com o Bureau of Labour Statistics.

Regulamentação

Por mais que o anúncio de que a IBM deixará de contratar trabalhadores para algumas funções seja algo intimidante, sempre existirá algum setor em que um robozinho não pode dar conta de tudo, como é o caso da área da saúde, por exemplo.

Como já observado em várias ocasiões no passado, o processo de eliminação de empregos é mais lento que o estimado, dada a regulamentação e o peso das políticas públicas. Basta se lembrar das atividades relacionadas à educação e à segurança pública, o que inibe outro ponto extremamente relevante para os economistas.

Produtividade

De um modo geral, pode-se dizer que toda tecnologia tem as suas limitações.  Por mais apurada que seja a resposta de um chatbot, ele pouco pode fazer em relação às tarefas que são realizadas manualmente, por prestadores de serviços.

O mesmo pode ser dito sobre características inerentes ao ser humano.  O smartphone que serve de ferramenta de trabalho é o mesmo que desvia o foco do trabalho.

Ainda assim, o economista Paul Krugman, que certa vez disse que produtividade não é tudo, mas no longo prazo, é quase tudo, acredita que a inteligência artificial trará mudanças profundas para a sociedade.

Conclusão

Dada a realidade inescapável, qual o papel dos governos no que diz respeito à inteligência artificial? É fato que vários dos motores de crescimento (energia renovável, fabricação de chips, biotecnologia) dependem desse tipo de ferramenta.

Quais serão suas prioridades, diante da necessidade de juntar as várias partes envolvidas como pesquisa, infraestrutura, capital humano, mercado financeiro, apenas para citar alguns? Na corrida pela autossuficiência, muita da capacidade tecnológica requerida sequer está disponível para quem não integra o G7.

Com tantas possibilidades, o pior que se pode fazer é adotar uma postura defensiva, como se os muitos “bugs” da tecnologia, passíveis de melhorias, justificassem a crença de que ela só serve para fomentar o caos, representado pela figura das empresas muito poderosas (“Big Techs”) e das sociedades sem trabalho.

Talvez o mais importante seja estimular a capacidade dos indivíduos para que aprendam e desenvolvam o senso crítico, não delegando o processo decisório seja ele qual for. Sem essas qualidades, a inovação, com toda a sua inteligência, não trará progresso.

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Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.

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