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inflação
Economia

IPCA veio abaixo das expectativas do mercado, mas composição continua desfavorável e pode levar à nova aceleração nos próximos meses

Perspectivas para inflação não seguem um consenso entre especialistas

Data de publicação:08/07/2022 às 15:08 -
Atualizado 2 anos atrás
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Na manhã desta sexta-feira, 8, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho. No mês, o indicador - que reflete a inflação oficial do País - apresentou alta de 0,67%, abaixo das expectativas do mercado, com mediana positiva de 0,70%. Apesar da surpresa, especialistas consideram que a composição do IPCA continua desfavorável.

Segundo informações do IBGE, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados para compor o índice avançaram em junho. As altas mais expressivas, no entanto, foram observados em itens que estão diretamente relacionados à oferta e demanda, como o grupo de Vestuários, que teve a maior alta (1,67%), e o de Alimentação e Bebidas, com o maior impacto no índice (0,17 ponto percentual).

IGP-DI inflação
Perspectivas para inflação não seguem um consenso | Fonte: Reprodução

Serviços pesam na inflação

Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners, pontua que o grupo de Alimentação e Bebidas praticamente dobrou sua alta na passagem de maio (quando subiu 0,48%) para junho (em que registrou alta de 0,80%. A variação positiva no mês foi puxada, sobretudo, pela alimentação fora do domicílio, o que revela que a demanda por serviços ainda está se recuperando depois de um longo período de isolamento social pela pandemia.

De acordo com o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco, a forte alta das passagens aéreas dentro do grupo de Transportes também comprova que há uma maior procura pelos serviços que foram atrasados com a pandemia. As passagens aéreas dispararam 18,33% em junho e, em um ano, acumulam alta de 122,40%.

"Isso reitera que o setor de serviços segue sendo uma das maiores pressões para a inflação e revela uma inflação local. Ou seja, é resultado da atividade econômica local, que ainda segue em alta, mas com perspectiva de desaceleração conforme o efeito do aperto monetário vai sendo sentido na renda das famílias e na atividade econômica em geral. A nossa perspectiva, bem como a do mercado, é que o segundo semestre seja um período de menor atividade econômica justamente porque vai sentir mais esses efeitos do juros mais altos."

Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos

Enquanto os efeitos da elevação da taxa Selic, que hoje está em 13,25% ao ano, ainda não são amplamente sentidos pela população e os preços relacionados aos serviços continua em movimento de escalada, os especialistas afirmam que é difícil chegar a uma conclusão de quais serão os resultados do IPCA nos próximos meses.

Medidas do governo federal podem ter diferentes efeitos

Para quem acompanha o noticiário econômico e político não é novidade que o governo tenta, a todo custo, conseguir a aprovação de um pacote de benefícios sociais às vésperas das eleições. A proposta, que ficou conhecida como "PEC dos benefícios" ou "PEC Kamikaze", visa aumentar o Auxílio Brasil para R$ 600 e oferecer um "auxílio-caminhoneiro" de mil reais por mês, entre outras medidas.

O valor estimado para a implementação da PEC é de R$ 41,25 bilhões além do teto de gastos do governo, o que eleva o risco fiscal do País. Ou seja, é mais difícil saber se a União vai conseguir arcar com suas despesas.

Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, explica que, caso a proposta for aprovada, com mais dinheiro circulando na economia, a inflação de serviços e produtos não administrados (aqueles que têm seus preços definidos apenas pela lei de oferta e demanda) tende a crescer ainda mais, gerando impactos positivos no IPCA dos próximos meses.

Em contrapartida, outras medidas que já começaram a ser implementadas, com destaque para o corte do ICMS sobre os combustíveis, tendem a diminuir os preços administrados, contribuindo para uma queda em alguns grupos que compõem o indicador.

Outro fator que pode levar a uma desaceleração dos combustíveis é o movimento de baixa que o petróleo está vivendo no exterior, com as expectativas de que os Estados Unidos e outros países desenvolvidos possam passar por uma recessão econômica.

Perspectivas para o IPCA

Neste cenário de incertezas, não há um consenso entre os analistas sobre qual será o resultado do IPCA nos próximos meses. Algumas casas, caso da XP Investimentos e do Banco Original esperam uma desinflação para o indicador de julho (ambas projetam baixa de 0,8%), impactado pela queda nos preços dos combustíveis. Outras, como a TCP Partners projetam mais uma alta, em torno de 0,7%, puxada por serviços.

"Na parte que olhamos para frente, tem vetores altistas e baixistas. Altistas, vemos o fortalecimento do mercado de trabalho. Na margem, o rendimento real das famílias vem subindo e, além disso, o aumento do auxílio Brasil para R$ 600 pode aumentar a demanda por serviços. Já na ponta oposta, olhando para frente, para a parte baixista, vemos que a forte queda nos preços das commodities no mercado internacional pode promover vetores jogando o índice de preços para baixo aqui no Brasil."

Rafael Marques, CEO da Philos Invest

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Sobre o autor
Bruna Miato
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