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Economia

Como a inflação em alta pode afetar meus investimentos?

Montar carteira diversificada é um dos caminhos para proteger o patrimônio contra a inflação

Data de publicação:08/07/2022 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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A grande pauta econômica de 2022 é uma velha conhecida do público brasileiro: a inflação. Longe dos números malucos que já tivemos no país em um passado não muito distante, a elevação dos preços é um movimento que acaba por afetar o patrimônio e o poder de compra dos brasileiros.

inflação
Inflação alta reduz o poder aquisitivo dos consumidores - Foto: Agência Brasil

Por conta desse fator, um dos principais objetivos dos investidores é justamente vencer a inflação no longo prazo, garantindo assim o ganho do que se chama de juros reais.

Afinal, o que é a inflação?

A inflação é, em suma, o aumento dos preços de um determinado segmento econômico. O indicador é monitorado pelo Banco Central por meio do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), principal métrica e referência de medida inflacionária do nosso país — embora não seja a única.

O que o IPCA faz é monitorar uma cesta de produtos e serviços em algumas das principais cidades do país de modo a compreender o comportamento do seu preço. Isto é, se ele aumenta (inflação) ou diminui (deflação) ao longo do tempo.

Imagine, por exemplo, que você queria comprar uma calça que custava R$100 na loja de um shopping. No entanto, em um determinado período, o segmento de vestuário teve uma inflação de 5%. Isso significa que, caso não tenha feito a aquisição antes, agora será preciso investir um valor de R$105 para comprá-la agora.

A inflação é, portanto, o efeito do aumento dos preços. E, como você pode perceber, ela afeta diretamente o seu poder de compra caso o seu patrimônio não possa ao menos acompanhar o IPCA. É aqui que entra o conceito de juros reais.

Juros reais: o que é e qual a sua importância?

O conceito de juros reais é um grande amigo do investidor na hora de vencer a inflação e impedir que o aumento dos preços corrompa o seu poder de compra. Isso porque ela é a medida que nos informa quanto que, efetivamente, valorizamos o nosso patrimônio.

Considere, por exemplo, que você tenha um patrimônio de R$30.000 e, durante um ano, invista todo valor no Tesouro Selic (LFT), que é o investimento mais seguro do Brasil. Neste período, vamos supor que a taxa seja de 8,0% ao ano.

Aparentemente, você valorizou o seu patrimônio, certo? Afinal, após doze meses, o valor de R$ 30.000 passou para R$ 32.400 (desconsiderando aqui o efeito do Imposto de Renda para fins didáticos). No entanto, isso não é verdade se a inflação do mesmo período for igual ou maior do que esses 8,0%.

Caso o índice inflacionário do período supere o seu rendimento, isso significa que o ganho financeiro não foi capaz de proteger o seu poder de compra. É aqui que entram os juros reais, uma medida que garante que o ganho financeiro foi superior ao aumento dos preços, algo que podemos verificar com a seguinte fórmula:

Juros reais = (1 + Taxa Nominal) / (1 + Taxa de Inflação) - 1

E não pense que se trata de uma preocupação teórica. Em um movimento de alta do IPCA, é bem comum que a inflação seja maior do que o rendimento dos juros. É algo que, inclusive, aconteceu ao longo dos últimos dois anos. Veja, a seguir, o desempenho da nossa taxa básica de juros (Taxa Selic) comparada com a inflação (IPCA) usando a nossa ferramenta de comparação de ativos.

Desempenho taxa selic comparada com IPCA | Fonte: Mais Retorno

Veja que, neste período específico, a inflação foi extremamente alta no Brasil, resultando em um aumento dos preços de praticamente o dobro do que um investimento seguro trouxe ao investidor. E, ao investir, é preciso elaborar uma estratégia que permita ao menos superar esse indicador no longo prazo.

Por que a inflação segue alta em 2022?

Se você acompanha o noticiário econômico, já deve ter percebido que o tema da inflação não é uma novidade durante o ano de 2022. Ela vem nos acompanhando desde o ano passado.

Existem diversos fatores que podem justificar o aumento dos preços dentro de uma determinada economia. Veja alguns deles:

  • Quando há um aumento da demanda, algo que eleva os preços com base na Lei da Oferta e da Procura.
  • A pressão dos custos também pode trazer esse efeito, pois os vendedores precisam repassá-la para o cliente final por meio do preço de venda.
  • Aumento de liquidez na política monetária, algo que aconteceu no Brasil por meio do pagamento de Auxílio Emergencial durante a pandemia.

Veja que vivemos um período bastante turbulento em termos econômicos. Além de uma pandemia que deixará marcas por muitos anos, a guerra entre Rússia e Ucrânia não ajuda na medida em que eleva as incertezas e afeta diretamente o preço de uma commodity bem relevante: o petróleo.

Dessa forma, não resta outra opção ao investidor: montar uma carteira de ativos bem completa que permita, no longo prazo, ao menos preservar o seu poder de compra.

Como proteger o meu patrimônio da inflação?

Não há muito segredo quando o assunto é vencer a inflação: nós precisamos montar uma carteira de investimento que, em um horizonte temporal mais longo, traga rendimentos maiores do que o aumento dos preços. E a melhor forma de atingir o objetivo de preservar o poder de compra está em montar uma carteira diversificada.

Isso acontece porque as classes de ativos se comportam de forma distintas e possuem, inclusive, um comportamento complementar muitas vezes. Se a Taxa Selic sobe muito, por exemplo, geralmente traz um efeito negativo para os ativos de renda variável.

Você mesmo pode entender isso no gráfico abaixo, que comparamos diversos indicadores desde 2015. Note como existem, neste período, três ciclos de baixa importantes para a renda variável: a crise econômica de 2015, a explosão da pandemia em 2020 e, mais recentemente, uma desvalorização de ativos temendo uma crise fiscal após as eleições de 2022.

Comparação diversos ativos desde 2015 | Fonte: Mais Retorno

Ainda assim, quando comparamos três classes de ativos distintas, todas elas vencem o IPCA nesse período mais longo. E é assim que você deve analisar a sua carteira: para o longo prazo.

É natural que, em horizontes menores, a inflação fique acima dos seus outros ativos. Se você começou a investir em 2021, principalmente, esse é um cenário bem provável dados os desafios de controlar o aumento dos preços nesses últimos dois anos. A solução, portanto, está justamente em um portfólio diversificado, mesclando estratégias distintas.

Posso investir apenas em inflação?

Em períodos de inflação alta, alguns produtos atrelados a esse indicador acabam se destacando no mercado financeiro. É o caso do Tesouro IPCA, que possui um prêmio sobre o índice inflacionário (garantindo assim juros reais) ou mesmo fundos de inflação, que compram ativos com esse indexador.

No entanto, lembre-se sempre de que a economia é cíclica. Ou seja, sempre que a inflação começar a pressionar, o movimento do Banco Central será de elevar as taxas de juros. E vice-versa. Dessa forma, em ciclos de controle inflacionário, esses ativos perdem performance.

Reforçamos, portanto, a recomendação para uma carteira diversificada de modo a buscar a melhor relação entre risco e retorno para o seu patrimônio. Essa também é, afinal, a melhor estratégia para se proteger da inflação no longo prazo e preservar o seu poder de compra.

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Sobre o autor
Stéfano Bozza
Formado em Administração pela PUC-SP. Trabalhou em empresas do segmento financeiro (Itaú BBA) e varejo (BRMALLS) até 2016, quando iniciou a jornada de produção de conteúdo para a internet com foco em finanças.