Franklin Templeton: Por que ativos de renda variável caíram tanto em fevereiro no Brasil?
Diante da perspectiva de novas altas e manutenção dos juros globais em níveis elevados, investidor estrangeiro reduziu interesse por países emergentes
Em carta de fevereiro aos investidores, a gestora norte-americana Franklin Templeton chama a atenção para a inflação global que, embora tenha perdido o fôlego, não caiu o suficiente para aliviar a alta dos juros, ao mesmo tempo em que a atividade econômica mostra vigor entre os países desenvolvidos. Cenário indicativo de que os bancos centrais devem seguir com políticas monetárias restritivas.
Essa perspectiva de juros elevados vai continuar movendo as peças no xadrez econômico em todo o mundo. Variáveis que já levaram os investidores estrangeiros, em fevereiro, a diminuir o interesse em mercados emergentes, incluindo o Brasil. A redução de ingresso de capital estrangeiro tirou a sustentação da B3, provocando uma queda nos ativos de renda variável.
Atividade econômica
A carta ressalta ainda que, de acordo com a OCDE, o PIB do G7 (grupo das sete economias mais industrializadas do mundo) em 2022 apresentou crescimento de 2,2% em relação a 2021. Trata-se da segunda expansão consecutiva da atividade das economias dos países do G7, pois em 2021, o crescimento havia sido de 5,3% se comparado com o ano anterior.
São dados que indicam uma economia aquecida além da desejada e insuficiente para segurar a inflação. Nos Estados Unidos, os últimos dados sobre o emprego reforçam essa tese e, não por acaso, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) vem sinalizando novos ajustes nos juros americanos. Condição que torna os títulos do governo americano mais atraentes, em forte concorrência aos ativos de países emergentes que carregam mais riscos.
Diante desse cenário, em fevereiro, o Ibovespa, índice que demonstra a performance dos ativos mais negociados na bolsa de valores brasileira, apresentou queda de 7,5% em fevereiro. No mesmo período, o indicador de small caps caiu 11,1%. O real continuou estável frente ao dólar, porém a taxa de juros continua em alta. A moeda estadunidense fechou o mês valendo R$ 5,24.
Perspectivas futuras para o mercado brasileiro
Ruídos entre o governo e o Banco Central sobre nível de juros e metas de inflação tendem a continuar, mas a gestora considera positiva a discussão públicaa sobre a urgência de estabelecer uma meta fiscal factível para a realidade do país. A previsão é que a discussão no Congresso Nacional sobre nova âncora fiscal seja acelerada e aconteça já no primeiro semestre de 2023.
A regra atual tem sido criticada porque a meta atual não considera o crescimento econômico e apenas os níveis de inflação anual, o que pode diminuir a capacidade de investimentos do País.
A questão fiscal está no centro das preocupações, e a demora da aprovação do novo arcabouço pode prejudicar a evolução do PIB brasileiro e, por consequência, os resultados da empresas.
A carta ainda destaca que a fraude recente em um balanço de uma grande empresa do varejo (Americanas) contribuiu para diminuir a liquidez e aumentar os custos do crédito privado. Ambas as questões, somadas, geram um cenário de incertezas e dificultam uma recuperação econômica sustentável.
Fundos que a Franklin Templeton têm no Brasil
A Franklin Templeton é uma gestora de ativos (incluindo fundos, títulos de renda fixa, ações etc.) estadunidense com 75 anos de experiência na área e está presente em mais de 160 países.
Atualmente, a Franklin Templeton têm 27 fundos no Brasil e administra R$ 5,97 bilhões em ativos no país. Desse total de investimentos, 22 fundos são de renda variável e outros 5 são multimercado.
Diante do cenário de incertezas em relação à economia, muitos dos principais fundos da Franklin Templeton no país se desvalorizaram nos últimos 12 meses. Entre eles estão o Franklin Wellington Technology Long and Short FIM IE que se desvalorizou 16,39% e o Franklin Clearbridge Ações Eua Growth FIA IE que apresentou queda de 8,62%.
Já o fundo Franklin Royce Ações Small Caps Eua FIA IE tem apresentado forte recuperação nos primeiros meses do ano e já valorizou 12,31%. Nos últimos 12 meses, o ativo obteve crescimento de 1,52%.