Boletim Focus: mercado reduz projeção para inflação pela primeira vez após ciclo de 35 altas consecutivas
Redução do IPCA de 10,18% para 10,05% é a primeira queda na projeção para a inflação em 2021, que começou com expectativa de alta de 3,34% nos preços
Os economistas do mercado financeiro baixaram suas estimativas para a inflação em 2021. Segundo dados do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, 13, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caíram de 10,18%, nos últimos sete dias, para 10,05%.
As estimativas quebram um ciclo de 35 semanas de revisão para cima do indicador, que teve início no dia 9 de abril deste ano, quando as expectativas para o índice foram ajustadas de 4,81% para 4,85%.
Nesta segunda-feira, a projeção para a inflação de 2022 permaneceu estável, em 5,02%, ainda acima do teto da meta. Para 2023, a estimativa foi reduzida de 3,50% para 3,46%.
PIB segue caindo, segundo Boletim Focus
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, as projeções seguem recuando, segundo o Focus. Para 2021, foram reduzidas de 4,71% para 4,65%. Em 2022, caiu levemente de 0,51% para 0,50%, e em 2023, de 1,95% para 1,90%.
Em relação à Selic, taxa básica de juros, para 2022 os economistas subiram as estimativas para o indicador de 11,25% para 11,50%. E em 2023 foram mantidas em 8,00%.
Câmbio e IGP-M
O câmbio também segue em trajetória de alta neste ano. Segundo o Focus, para 2021, as projeções avançaram de R$ 5,56 para R$ 5,59. Em relação ao ano seguinte, ficaram estáveis em R$ 5,55 e em R$ 5,40 para o período subsequente.
Considerado a inflação do aluguel, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) para 2021 ficou estacionado em 17,47%, subiu levemente para 5,41% - ante 5,40% - para 2022 e foi mantido em 4% para 2023.
Visão do Boletim Focus sobre as projeções
De acordo com o economista-chefe da Necton, André Perfeito, o relatório Focus começa a apresentar inflexão em suas projeções, interrompendo piora na margem, conforme sinalizado pelo especialista há algumas semanas.
Para Perfeito, esse movimento era esperado, “uma vez que o pior das estimativas foi incorporado às projeções e, muito provavelmente, devemos ver mais alguma melhora na margem, o que pode reanimar os investidores ao perceberem que mesmo o ciclo de alta da Selic será limitado”.
Com esse cenário, o economista mantém sua projeção para a taxa de juros do País em 11,75% ao final do ciclo, em maio do próximo ano.
“Para a reunião de fevereiro do ano que vem estimamos uma elevação para a Selic não de 150 pontos-base, conforme o Copom indicou em ata, mas de 100 pontos-base, uma vez que vemos espaço para a melhora adicional das expectativas e dos dados correntes de inflação”, complementa.
Principais projeções para 2021 e 2022 do Boletim Focus de 13 de dezembro
- IPCA: 10,05%/5,02%
- PIB: 4,65%/0,50%
- Selic: 11,50% (2022)
- Câmbio: R$ 5,59/R$ 5,55
- IGP-M: 17,47%/5,41%