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Mercado Financeiro

Em setembro, 18 empresas pagam R$ 6,8 bilhões em proventos; saiba quais são

Bancos, frigoríficos, elétricas, entre outras estão entre as empresas que vão remunerar seus acionistas no período

Data de publicação:03/09/2021 às 05:00 -
Atualizado 2 anos atrás
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Várias empresas se preparam para desembolsar proventos aos seus acionistas nesse mês que marca a entrada da primavera.

De acordo com um levantamento feito pela reportagem do portal Mais Retorno, dezoito empresas pagarão juntas R$ 6.813.766.724,33 entre dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) em setembro.

Foto: Envato
18 empresas pagam cerca de R$ 6,8 bi em dividendos e JCP para os acionistas em setembro - Foto: Envato

A expectativa segue sendo positiva, segundo os analistas, pois grande parte dos setores apresentou bons resultados nos balanços do último trimestre, um sinal de que muitos deles já estão voltando a aquecer os motores rumo à retomada do crescimento, após um período desafiador por conta da pandemia.

Na lista de empresas que vão remunerar os acionistas, marcam presença desde os bancões, empresas de energia elétrica, até indústria alimentícia, frigoríficos, entre outros.

Os bancos

De acordo com Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, após um longo período de provisões elevadas, os bancos estão desfazendo esse colchão aos poucos. “O setor vem de um período difícil, com muitas incertezas e risco elevado de inadimplência e de devedores duvidosos”.

Guilherme Tiglia, sócio e analista da Nord Research, aponta que os números apresentados nos balanços dos bancos no último trimestre já sinalizam um pouco mais de normalidade. “O pior já passou”, ressalta.

Juntamente com a redução das provisões e a inadimplência controlada, bancos como o Itaú, Bradesco e Santander estão continuamente adotando medidas internas para a contenção de custos, segundo Tiglia.

Porém, embora trilhando o caminho da retomada do fôlego, os bancos estão diante de um ambiente de aumento de competitividade, principalmente no segmento de serviços. “Isso tende a tirar rentabilidade, market share e deixar os bancos com margens mais espremidas”, reforça o analista da Nord.

No entanto, Tiglia destaca que há um movimento, por parte deles para melhorar os retornos, mas é algo que não deve ser observado no curto prazo. Outro aspecto diz respeito à reforma tributária, que deve acabar com a dedutibilidade do Juros sobre o Capital Próprio (JCP), uma das principais formas utilizadas pelos bancos para remunerar seus acionistas.

Por outro lado, se o JCP for extinto (condição prevista na reforma que foi aprovada na Câmara nesta quinta-feira, 2, e agora segue para ao Senado), os bancos devem buscar outros formatos para pagar proventos aos acionistas, como, por exemplo, a recompra de ações.

“A recompra de ações tem vários pontos positivos, como uma relação mais favorável entre o lucro e a ação, possibilidade de dividendos mais robustos, além de gerar valor para o acionista”, analisa o especialista da Nord.

Ele destaca também a volta aos trilhos das operações e crescimento do crédito, em linhas como consignado, imobiliário e de veículos, como um fator que pode influenciar nos dividendos.

“À medida que a retomada econômica se torna realidade, com a reabertura do comércio e da vida no geral, aumenta o volume de crédito tomado pelas pessoas e empresas”.

E esse movimento já pode ser sentido nas pesquisas feitas sobre o assunto. A busca por financiamento no País cresceu 9% em julho, sendo o terceiro mês consecutivo de variação positiva do Índice Neurotech de Demanda por Crédito (INDC), que mede mensalmente o número de solicitações no varejo, bancos e serviços.

Além disso, Cruz, da RB, destaca a robustez dessas empresas. “São companhias bem-posicionadas, com carteira enorme de clientes e que, mesmo com a forte presença dos bancos digitais no mercado financeiro, ainda podem fazer fusões e aquisições com empresas que permitem abrir novos caminhos. É um movimento interessante que vem ganhando forma”, referindo-se à cisão do Itaú com a XP e do Bradesco com a Ágora.

O aumento da Selic, taxa básica de juros do País, é outro ponto favorável para os bancos. “Historicamente, quando os juros estão em um patamar elevado, os bancos costumam ter retornos financeiros melhores. E logo os ajustes grandes e sucessivos feitos pelo BC na taxa deve refletir nos resultados”, enfatiza o estrategista da RB.

Itaú e Bradesco

Guilherme Tiglia avalia que o Itaú tem um ponto positivo a ser levado em conta, que é a oportunidade de ganho para o acionista com a operação de cisão com a XP. “Isso irá destravar um valor interessante para os acionistas. A partir da conclusão da operação, os investidores que têm ativos alocados no banco vão receber os retornos dos BDR’s da XP".

Além disso, segundo ele, o banco tem mostrado iniciativas interessantes para competir dentro atuais condições de, com forte concorrência das fintechs.

“O Itaú está promovendo uma mudança de cultura, adotando novos formatos para surfar a onda do digital, mas é um movimento que demora a ser concluído por conta do porte gigantesco da empresa”.

Sobre o Bradesco, o impacto da atividade de seguros nos resultados da companhia foi significativo, de acordo com especialista, por conta do aumento da sinistralidade gerada pela pandemia. No entanto, Tiglia acredita que esse efeito será pontual. “Em 2022, os resultados mais fortes do banco devem ser retomados”.

Na visão dos especialistas, nos próximos meses os bancos seguirão como bons pagadores de proventos aos acionistas.

Setor elétrico

A crise hídrica impactou os resultados trimestrais das empresas do setor elétrico, incluindo geradoras, distribuidoras e transmissoras – em cada uma com uma intensidade diferente. Porém, as geradoras acabaram sendo mais prejudicadas, principalmente aquelas atreladas à matriz hidrelétrica.

“As geradoras mais dependentes das hidrelétricas acabaram ficando mais expostas. Tiveram que acionar as térmicas e comprar energia no mercado, o que acabou encarecendo seus custos”, avalia Tiglia.

As empresas que têm um portfólio de atuação mais diversificado, apostando em outras matrizes energéticas, como energia eólica e solar, sofreram menos os efeitos. “Várias companhias apresentaram diversas estratégias para mitigar as perdas”, analisa o especialista. Ele cita como exemplo os movimentos feitos nesse sentido pela Engie e AES Brasil.

 “A AES Brasil vem caminhando para reduzir a dependência da geração de energia via hidrelétricas e está investindo em energia eólica e solar. Ela vai colher os retornos no médio e longo prazo. Gosto dessa iniciativa como estratégia para reduzir os impactos da crise”, reforça o analista da Nord.

Além disso, de acordo com Tiglia, a AES já se antecipou e adquiriu energia no mercado quando o preço não estava tão elevado.

Mesmo com o cenário adverso, Tiglia aponta que as geradoras não estão fazendo cortes nos dividendos para lidar com a crise. “É algo que pode ser natural nesse momento, mas isso não está ocorrendo. O risco de racionamento está mais controlado”, avalia.

Nelly Colnaghi, analistas de investimentos da Levante, no entanto, acredita que a crise hídrica e os reajustes contínuos da tarifa de energia elétrica devem impactar nos dividendos. “Muitas das empresas estão com seus números combalidos. Reduzir os dividendos é prudente e responsável, pois as empresas vão precisar de liquidez para enfrentar a crise”.

Surpresa do mês

Na visão dos analistas entrevistados para a reportagem, uma das grandes surpresas da temporada de proventos de setembro é a Marfrig. Vários fatores justificam um pagamento de dividendos bem expressivo que será feito pela empresa no período.

Um deles é o fato é que 70% da receita da companhia provêm de sua operação nos Estados Unidos – a National Beef. “O mercado americano de proteína animal vive um momento positivo, com o preço do boi em um valor atrativo, somado à retomada da economia, que aumentou a demanda pelo consumo de carne”, analisa Sergio Berruezo, analista da Ativa Investimentos.

O especialista aponta que a empresa conseguiu comprar cerca de 30% do capital da BRF, manteve a baixa alavancagem e ainda vai pagar dividendos parrudos. “O balanço da companhia é contabilizado em dólar e os números ganham ainda mais força com o real depreciado”. Rodrigo Yamamoto, analista da Levante, complementa nesta lista o caixa forte e o baixo endividamento.

Gustavo Cruz, da RB Investimentos, ressalta o fato de que a empresa conta com posições geográficas diferentes, o que contribui para a manutenção dos ganhos. “Acredito que, após a retomada da economia nos Estados Unidos ter beneficiado as operações da National Beef, no segundo semestre será a vez da sua posição na América do Sul puxar o resultado positivo, com a retomada econômica motivada pelo avanço da vacinação”.

Para ele, o prognóstico de resultados positivos da Marfrig está mantido para os próximos meses. “A tendência é que, no final do ano, os investidores façam uma alocação de seus ativos em empresas que dependem menos do Brasil por conta das eleições. E a indústria integra esse universo”, conclui.

Dividendos da Vale em setembro?

Yamamoto afirma que a Vale pode se juntar a esse pool de empresas pagadoras de proventos em setembro. Segundo ele, o conselho da mineradora está prestes a aprovar o pagamento de dividendos no valor de US$ 5,5 bilhões. “Com o real depreciado, esse valor em tende a ser ainda mais parrudo para os acionistas”.

Sobre o autor
Julia Zillig
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