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DeFi: uma revolução silenciosa nas finanças com a descentralização

Na esteira das finanças descentralizadas apoiadas na tecnologia blockchain há uma transformação do mercado

Data de publicação:21/09/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Muito dinheiro atrás de poucas oportunidades.  Não por outro motivo, a proliferação de pirâmides financeiras, muitas vezes disfarçadas de criptomoedas. Porém, no meio de tantas promessas de altos ganhos, são poucos os que se atentam às forças estruturais que determinam de forma definitiva o modo como os agentes econômicos se relacionam. A transformação está chegando pela DeFi.

Mais do que a especulação pura e simples, por que não entender a revolução silenciosa no campo das finanças, capaz de endereçar algumas das limitações de um sistema que permeia todas as negociações realizadas ao redor do mundo?

Rede de computadores estão por trás de validação das operações por blockchain

O objetivo deste artigo é discorrer sobre as finanças descentralizadas (DeFi), infraestrutura virtual apoiada na tecnologia do blockchain, por onde serviços financeiros são oferecidos.  Trata-se de um sistema que evoluiu a partir de duas outras tendências, igualmente importantes: o avanço das fintechs e a emissão de moedas digitais governamentais (govcoins).

Blockchain

Blockchain nada mais é do que o sequenciamento de dados, feito por meio de blocos imutáveis que são adicionados uns aos outros, formando um histórico público de um determinado registro.

Para que esse sistema funcione, usa-se uma grande rede de computadores que, por meio da criptografia, garante a sua integridade e segurança.  Portanto, ao invés de uma entidade, um grupo de indivíduos que trabalha conjuntamente para garantir a sua confiabilidade.

Isso é feito via desafios matemáticos colocados aos participantes.  Para que novas transações sejam adicionadas a um novo bloco, é preciso resolvê-los.  Aquele que consegue solucioná-los se transforma no agente validador, recebendo então uma recompensa.

Como resultado desse processo, um sistema simples, transparente e confiável.

DeFi

Não é possível pensar em finanças descentralizadas (DeFi) sem contemplar a plataforma Ethereum, onde operações financeiras comuns são registradas. 

Se no mercado financeiro tradicional o dinheiro troca de mãos por meio de uma infraestrutura cara e complexa, com regras prudenciais e um arcabouço jurídico próprio, na plataforma isso ocorre por meio de linhas de códigos que executam automaticamente uma série de ações quando determinadas condições são atendidas (“smart contracts”). 

Por mais que isso possa parecer distante da nossa realidade, atualmente, as transações validadas por esses contratos inteligentes já equivalem a tudo o que a empresa de cartões VISA processou em seu sistema de pagamentos no segundo trimestre de 2021.

CPF virtual

Nas finanças descentralizadas, cada usuário é identificado por meio de um código único, tal como ocorre com o CPF.  A partir disso, ele movimenta os seus recursos de suas formas. 

Na primeira, o usuário possui as suas próprias chaves privadas, de forma que mantém a guarda de seus ativos.  A desvantagem dessa opção é que se perde permanentemente a carteira caso as suas respectivas chaves não sejam localizadas.

Na segunda, uma exchange faz essa função, custodiando-a.  É aqui onde são mais comuns as fraudes e os roubos.  Por conta disso, a crescente adoção dos contratos inteligentes pelas chamadas exchanges descentralizadas.

Paradigma

Na DeFi, as operações não são coordenadas por um banco ou uma bolsa, mas sim por uma organização descentralizada autônoma (DAO).  Ela representa o paradigma onde empresas de tecnologia deixam de exercer o seu poder, alterando seus algoritmos e bancos centrais, órgãos ligados à burocracia governamental, também deixam de atuar.

Pra facilitar o entendimento, basta imaginar que uma plataforma que opera sob as regras das DAOs, acordadas sempre por consenso, seria o equivalente a um computador que executa um programa.  Assim, na existência de uma ferramenta básica, novas funcionalidades são desenvolvidas.

Esse grande leque de possibilidades, que abarca desde novos aplicativos até ativos digitais, é o que se negocia na forma de tokens.

Melhorias

A especulação desenfreada do mundo cripto não tira o mérito da tecnologia por trás dele.  No que diz respeito ao que está sendo desenvolvido, algumas soluções se destacam por endereçar problemas reais.   

Uma delas é em relação à própria volatilidade das moedas nacionais, que flutuam entre si.  No ambiente virtual, as stablecoins, moedas digitais cuja cotação é atrelada a moedas fortes como o dólar e o euro, foram lançadas mediante a existência de um agente que garantisse o seu lastro

Considerando os acontecimentos mais recentes, um aprimoramento em estudo é vincular o lastro à uma blockchain, publicamente verificável, juntamente com um contrato inteligente, para que uma moeda digital se estabilize de acordo com determinadas regras.

Uma outra utilidade pode ser observada no campo da arbitragem.  Quando uma operação de empréstimo é feita com a finalidade de explorar oportunidades momentâneas, o tomador dos recursos, ao depositar a garantia, recebe e os devolve, mediante o pagamento de uma taxa, dentro de um mesmo bloco de transações. 

Isso evita a inadimplência, dado que transações não honradas são automaticamente canceladas.  Consequentemente, um ambiente mais seguro e com precificação mais eficiente.

Limitações

Uma das limitações da DeFi diz respeito à própria tecnologia do blockchain.  Ela não é escalável pois cada grupo de transações, ou bloco, exige um tempo para ser adicionado. 

A outra é a sua relação com transações mais tradicionais.  Um token não fungível (NFT), instrumento pelo qual um ativo digital é registrado, poderia formalizar a titularidade de um imóvel, substituindo o trabalho dos cartórios, por exemplo? 

Indo além, esse mesmo NFT serviria como garantia em um financiamento, sendo passível de execução no caso de não pagamento?

Conclusão

É fato que muitas aplicações financeiras estão sendo criadas a partir do blockchain, o que pode trazer benefícios quando se considera o conjunto como um todo.

Como a integração com o mundo real ocorrerá é justamente o que vai definir as finanças do futuro.  Afinal, o sistema financeiro sempre contou com agentes centralizadores para sua supervisão e monitoramento. 

Nas situações em que são incapazes de trazer confiabilidade, o melhor mesmo é atribuir essa função a outros participantes, ainda que mediante uma complexidade maior.  Talvez a dificuldade inicial seja em aceitar um modelo híbrido. 

Muito do espírito anarquista de 2008 é encontrado nos desenvolvedores especializados em finanças descentralizadas.  O desafio, portanto, é fazer com que soluções virtuais atendam a um conjunto mínimo de regras que a sociedade se dispõe a seguir. 

A verdade é que não existe sistema perfeito.  Para que um novo padrão surja, basta que o vigente se mostre esgotado.

Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.

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