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Bolsa
Mercado Financeiro

Mercado: nova cepa da covid-19 e busca de ganhos locais podem interferir no ciclo de alta da Bolsa nesta sexta-feira

A afirmação do presidente do Senado, de que não garante a votação da PEC na próxima semana, é negativa para o mercado

Data de publicação:26/11/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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A Bolsa de Valores chega a esta sexta-feira, 26, embalado por três altas consecutivas e querendo emplacar a quarta valorização e fechar a semana no positivo.

Porém, especialistas afirma que o desempenho positivo da Bolsa nos últimos três dias – alta acumulada de 3,61% -, atribuído a um movimento de correção de perdas recentes, pode levar a um movimento contrário. Investidores satisfeitos com a recente valorização poderiam vender as ações para embolsar os ganhos, diante da falta de fatos positivos ou estímulos concretos para uma recuperação do mercado de ações.

Foto: B3/Divulgação
Sede da B3 em São Paulo | Foto: B3/Divulgação

Outro ponto que pode levar à realização de lucros é a influência do mercado internacional, onde o pessimismo toma conta das principais praças financeiras, diante das novas notícias sobre a existência de uma nova variante da covid-19 na África do Sul, trazendo uma nova onda de temores e incertezas globais. O assunto está no topo entre as preocupações entre os investidores.

Na véspera, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou o pregão da véspera encostado nos 106 mil pontos. O Índice Bovespa (Ibovespa) avançou 1,24% e encerrou os negócios do dia em 105.811 pontos. O destaque foram as ações da Petrobras, que tiveram valorização de 4,69%.

O dólar recuou 0,78%, para R$ 5,56, em dia que o mercado financeiro e as bolsas dos Estados Unidos não funcionaram, por causa do feriado de Dia Mundial de Ação de Graças. A sexta-feira espremida entre o feriado e o fim de semana deve manter reduzido o volume de negócios no mercado financeiro doméstico, pela falta de referências do mercado americano.

Bolsa tem dia positivo sem novidades da PEC

A falta de novidades no noticiário político relacionados à PEC dos Precatórios também contribuiu para um dia positivo nos mercados. Uma novidade que o mercado financeiro acompanhou foi a aprovação do texto-base do relator da medida provisória (MP) que criou o Auxílio Brasil, que entra no lugar do Bolsa Família, na Câmara.

A MP que cria o novo benefício social, editada pelo governo no início de agosto, precisa ser aprovada até 7 de dezembro, sob pena de perder a validade e tudo voltar à estaca zero.

A PEC dos Precatórios, que abre espaço no Orçamento para o pagamento desse benefício ao parcelar a quitação de dívidas judiciais do governo, volta à berlinda apenas próxima semana.

O texto do relator Fernando Bezerra, apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, na quarta-feira, 24, deve ser analisada pela comissão provavelmente na próxima quarta-feira, 2. E a a afirmação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, de que não garante a votação da PEC na semana que vem não foi uma boa notícia.

O tema permanece no radar do mercado, até com interesse reforçado, porque a expectativa de analistas é que a passagem da PEC pelo Senado encontre mais resistências que durante sua votação pelos deputados.

Pacheco: PEC na próxima semana?

Em meio às resistências à PEC dos Precatórios, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco não garantiu que a medida será votada na próxima semana.

O governo quer votar a PEC na terça-feira, 30, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário, mas ainda há pressão por mudanças. O PSD, partido de Pacheco e que tem a segunda maior bancada da Casa, age para adiar a votação e ameaça dar votos contra se não houver alterações.

"Não posso garantir (aprovar na próxima semana). Na verdade, ela tem que cumprir a etapa da Comissão de Constituição e Justiça. Finalizada na comissão, vai a plenário e, assim que chegar, eu vou ter o senso de urgência em relação à PEC porque ela precisa ser apreciada", disse Pacheco em coletiva de imprensa.

Pacheco afirmou que a PEC tem prioridade na Casa, mas citou que o plenário também terá prioridade para avaliar as indicações de autoridades que dependem de aprovação dos senadores, entre elas a do ex-ministro André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF).

O impasse em torno da proposta dos precatórios começou a atrasar o cronograma do Orçamento de 2022, aumentando o risco de o projeto orçamentário não ser votado pelo Congresso neste ano. "Nós vamos tentar justamente evitar isso. Por isso, é uma luta contra o tempo", afirmou o presidente do Senado.

Auxílio Brasil: mais famílias e critérios

O relator da Medida Provisória (MP) que cria o Auxílio Brasil, deputado Marcelo Aro, previu que 20 milhões de famílias poderão ser beneficiadas com as mudanças no desenho do programa aprovadas no dia anterior pela Câmara dos Deputados.

O programa Bolsa Família, que foi substituído pelo Auxílio Brasil, atendia 14,7 milhões de famílias, e o governo prometeu subir para 17 milhões de beneficiados. Acontece que a MP aprovada na Câmara impede que haja filas e ainda aumenta os critérios de acesso ao programa em relação ao texto da MP enviada pelo governo e que serviu de base para a definição do orçamento do novo programa social com a marca do governo Bolsonaro.

Os valores da linha de extrema pobreza sobem para famílias com renda por pessoa de R$ 100 para R$ 105 e de pobreza de R$ 200 para R$ 210. No extinto Bolsa Família, esses valores eram R$ 89 (extrema pobreza) e R$ 178 (pobreza).

"Recebem hoje o Bolsa algo em torno de 14 milhões de brasileiros. Zerando a fila e com a mudança das faixas de pobreza e extrema pobreza passaríamos de 20 milhões de famílias contempladas", afirmou o relator logo após a aprovação da MP por unanimidade dos deputados com nenhum voto contrário.

Ele não falou se o orçamento será preciso subir para alcançar essa marca. O governo conta com aprovação da PEC dos Precatórios para abrir espaço no Orçamento ao Auxílio Brasil. Segundo Aro, na PEC a previsão de gasto para o programa social é de R$ 85 bilhões, R$ 50 bilhões mais dos R$ 34,7 bilhões que constavam no projeto de lei do Orçamento de 2022.

Orçamento secreto: petição para reverter ordem judicial

Após discutirem a redação do ato conjunto do Congresso, no qual assumem o descumprimento de decisão judicial, os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, apresentaram formalmente uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão da Corte que impôs transparência ao orçamento secreto.

Além disso, cessou temporariamente a indicação de recursos via emendas de relator geral do orçamento, o dispositivo que dá sustentação ao esquema.

No documento, encaminhado ao gabinete da ministra-relatora Rosa Weber, Lira e Pacheco exigem que a suspensão da decisão seja revista até o dia 3 de dezembro, pois, segundo eles, a partir desta data "a autoridade competente deverá informar os recursos não utilizados", no ano de 2021, "privando o Poder Legislativo da prerrogativa de indicar a alocação dos recursos relativos às despesas classificadas com o indicador".

Lá fora

Nos Estados Unidos, a operação do mercado financeiro tem sessão mais curta nesta sexta-feira por conta da Black Friday. No entanto, o pessimismo ronda por lá, com os futuros operando em queda após a notícia sobre a nova cepa da covid-19 na África do Sul.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e cientistas africanos estão estudando a variante recentemente identificada, descrita como muito diferente das versões anteriores e motivo de grande preocupação. O Reino Unido e Israel já proibiram voos da África do Sul e alguns países vizinhos. Hong Kong confirmou dois casos dessa nova cepa.

Segundo Filipe Teixeira, sócio da Wisir Research, a detecção dessa nova cepa surge no topo das preocupações dos mercados, até então preocupados com a alta da inflação e a perspectiva de uma saída mais rápida das configurações monetárias expansionistas.

As ações globais subiram cerca de 16% este ano, resistindo a uma infinidade de riscos depois que os investidores despejaram quase US$ 900 bilhões em fundos negociados em bolsa de valores, superando o total combinado dos últimos 19 anos.

No continente europeu, o índice Stoxx 600 opera no terreno negativo, também com o temor sobre a covid-19 deixando os investidores em estado de atenção. Na véspera, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata da última reunião dos membros da autoridade monetária, trazendo como destaque a visão de que a alta da inflação na zona do euro é temporária.

Para o banco americano Morgan Stanley, o documento mostrou que é "implausível" esperar uma alta da taxa básica de juros em 2022. "Isso, por sua vez, aumenta a probabilidade de um acordo sobre uma desaceleração suave, em vez de abrupta, nas compras de ativos no próximo ano", ressalta o banco

De acordo com o analista-chefe de mercados da CMC, Michael Hewson, a expectativa é alta sobre como o governo da Alemanha vai lidar com a piora da pandemia na região.

A economia chinesa continuou a desacelerar em novembro, com as vendas de carros e residências caindo novamente, à medida que a crise do mercado imobiliário se arrasta, de acordo com a Bloomberg.

No continente asiático, as bolsas por lá fecharam em queda, refletindo a notícia da nova variante da covid-19, que provoca uma onda de cautela global, reduzindo o apetite pelas ações também por lá.

Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei fechou em baixa de 2,53%, aos 28.751 pontos. Papéis de empresas do setor ferroviário estiveram entre as principais quedas, com Central Japan Railway em baixa de 3,3% e East Japan Railway, de 2,4%.

Entre outras ações em foco, o SoftBank caiu 5,2%, após a notícia de que a China teria pedido à Didi, empresa na qual o banco tem participação acionária, que deixe de ser negociada nos EUA, o que causou um temor global sobre o futuro da gigante indústria de tecnologia no país.

Na China, a Bolsa de Xangai fechou em baixa de 0,56%, aos 3.564 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, caiu 0,20%, aos 2.623 pontos. Fabricantes de chips lideraram as perdas,

Em Hong Kong, o índice Hang Seng terminou em queda de 2,67%, aos 24.080 pontos. A nova variante da covid-19 provocou cautela local, com ações de cassinos entre as maiores quedas. Sands China caiu 7,2% e Galaxy Entertainment, 6,8%.

No setor aéreo, Cathay Pacific caiu 4,1% e Air China, 3,8%. Incorporadoras novamente ficaram sob pressão, com China Evergrande em baixa de 10% e Fantasia Holdings, de 5,9%.

Na Coreia do Sul, o índice Kospi registrou baixa de 1,47%, aos 2.936,44 pontos, na Bolsa de Seul. Além do noticiário vindo da África do Sul, o sentimento foi prejudicado por relatos de que os casos graves da covid-19 na Coreia do Sul subiram em nível recorde.

O setor de transporte aéreo foi o mais prejudicado, com Asiana Airlines em baixa de 4,1% e Korean Air Lines, de 3,4%. Em Taiwan, o índice Taiex terminou em queda de 1,61%, aos 17.369 pontos.

Na Oceania, o índice S&P/ASX 200 fechou em baixa de 1,73%, aos 7.279 pontos, em Sydney, também com a nova variante da covid-19 penalizando as ações.

Com isso, o mercado australiano registrou a terceira semana consecutiva de quedas. Bancos e mineradoras tiveram desempenho negativo, com baixas também no setor de tecnologia. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.