Economia

Ata: Fed deve adotar novos aumentos de 0,50 pontos-base na taxa de juros americana nas próximas reuniões

Intuito, segundo o documento, é conter a forte pressão inflacionária

Data de publicação:25/05/2022 às 04:27 - Atualizado um ano atrás
Compartilhe:

A maioria dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) defendeu que aumentos de 50 pontos-base na taxa básica de juros dos EUA provavelmente serão apropriados “nas próximas reuniões” do Fomc (Copom americano).

A sinalização consta na ata da última reunião de política monetária da instituição, divulgada nesta quarta-feira, 25.

De acordo com ata, Fed deve aplicar novos ajustes de 0,50 pontos-base nas próximas reuniões do Fomc para conter a inflação - Foto: Reprodução

Para os representantes da autoridade monetária, o Fed deve agir rapidamente no ciclo de alta de juros para conter a inflação.

De acordo com a ata, na reunião ocorrida nos dias 3 e 4 de maio, todos os dirigentes reafirmaram o seu forte empenho e determinação em tomar as medidas necessárias para restabelecer a estabilidade de preços.

Nesse contexto, por unanimidade, os dirigentes concordaram que era apropriado aumentar a taxa básica de juros em 50 pontos-base, deixando-a entre 0,75% e 1%. Esse foi o maior aumento da taxa do Fed desde 2000.

“Para tanto, os dirigentes concordaram que o Comitê deveria mudar rapidamente a postura da política monetária para uma postura neutra".

Fed, em ata

Nas últimas semanas, vários dirigentes da autoridade monetária americana reconheceram o forte avanço da inflação e a prioridade para contê-la.

Riscos aumentaram

De acordo com a ata, os dirigentes concordaram que os riscos inflacionários se inclinaram para cima. Eles citaram riscos associados a gargalos de fornecimento contínuos e preços crescentes de energia e commodities - ambos exacerbados pela guerra na Ucrânia e bloqueios relacionados à covid-19 na China.

Além disso, foram mencionados os riscos derivados do crescimento nominal dos salários.

"Os dirigentes concordaram que as perspectivas econômicas eram altamente incertas e que as decisões de política monetária deveriam ser dependentes de dados e focadas em retornar a inflação para a meta de 2%, mantendo as condições do mercado de trabalho fortes".

Fed, em ata da última reunião

Alguns dirigentes ainda enfatizaram que a inflação persistentemente alta aumentava o risco de que as expectativas de longo prazo fiquem desancoradas, dificultando a tarefa de trazer a inflação de voltar à meta de 2%.

Alta mais forte foi descartada por Powell

Em entrevista após a divulgação da ata, o presidente do Fed, Jerome Powell descartou a possibilidade de adotar um aumento mais forte na taxa básica de juros dos EUA, afirmando que “uma alta de 0,75 pontos base não está sendo considerada para as próximas reuniões”.

Avanço sólido do PIB

Em relação ao crescimento econômico dos Estados Unidos, os representantes do Fed esperam que haja um crescimento sólido no segundo trimestre deste ano, apesar da queda vista nos três meses anteriores.

De acordo com o documento, os membros notaram que os componentes voláteis, como exportações líquidas e investimento em estoque, devem ter "pouco sinal" sobre o crescimento neste trimestre e observam que os gastos de famílias e investimentos fixos de empresas seguiram fortes nos três primeiros meses do ano.

A expectativa dos dirigentes é que o desequilíbrio entre oferta e demanda agregadas diminua ao longo do tempo.

Eles observaram que a duração e magnitude dos gargalos de oferta, aumento da participação da força de trabalho e efeitos das políticas fiscais ligados à pandemia são incertos.

Conforme consta em ata, membros do Fed concordaram que os lockdowns para conter o avanço da covid-19 na China devem intensificar gargalos de oferta e, assim como a guerra da Rússia na Ucrânia, representam riscos à economia americana e global.

Quanto ao mercado de trabalho, alguns dirigentes notaram que há sinais de que fatores ligados à pandemia que restringiam a oferta de mão de obra estão diminuindo. A perspectiva econômica, porém, segue "bastante incerta".

O que pensa o mercado sobre a ata do Fed?

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a ata deixou claro a postura do Fed em relação à priorização da inflação, “levando a taxa de juros para um ambiente restritivo”.

Outro ponto destacado pelo especialista é que o documento veio em linha com as últimas falas dos dirigentes sinalizando a adoção de um ritmo de aumento de 0,50 ponto porcentual na taxa de juros a cada reunião.

“Se o Fed adotar uma elevação de 0,50 pontos-base em todas as reuniões, a taxa de juros vai chegar em dezembro próxima de 3,5%. A partir daí, na virada do ano, teremos uma ideia se esse ciclo de aperto monetário vai adiante ou será interrompido temporariamente”.

Gustavo Cruz, da RB Investimentos

Por enquanto, Cruz acredita que não haverá interrupções no ciclo de alta dos juros ao longo de 2022. / com Agência Estado

Leia mais

Dividendos: entre as 10 principais pagadoras, Vale é a única brasileira (maisretorno.com)
Inflação elevada é o desafio mais urgente dos EUA, diz Brainard do Fed (maisretorno.com)
Banco do Brasil (BBAS3): Vale o risco estatal? | Mais Retorno
Bolsa recua com bancos e em dia de ata do Fed; dólar sobe (maisretorno.com)
Elon Musk X Twitter: bilionário perde todos os ganhos que teve com a rede (maisretorno.com)
Teto do ICMS: Câmara propõe compensação pelas perdas a Estados (maisretorno.com)

Sobre o autor
Julia ZilligA Mais Retorno é um portal completo sobre o mercado financeiro, com notícias diárias sobre tudo o que acontece na economia, nos investimentos e no mundo. Além de produzir colunas semanais, termos sobre o mercado e disponibilizar uma ferramenta exclusiva sobre os fundos de investimentos, com mais de 35 mil opções é possível realizar analises detalhadas através de índices, indicadores, rentabilidade histórica, composição do fundo, quantidade de cotistas e muito mais!