Acordo no BCE por altas de juro está ‘praticamente fechado’
Comentário, que foi feito durante painel do Fórum Econômico Mundial em Davos, reforça expectativa por ajustes nas próximas reuniões do BC europeu
O presidente do Banco da França e dirigente do Banco Central Europeu (BCE), François Villeroy de Galhau afirmou que o acordo para uma alta de juro pelo BC comum no curto prazo está "praticamente fechado".
O comentário, feito durante painel do Fórum Econômico Mundial em Davos, reforça a expectativa por ajustes nas próximas reuniões do Conselho do BCE.
Segundo ele, o movimento será de "normalização" monetária, e não aperto, uma vez que as condições atuais na zona do euro seguem muito acomodatícias.
Para Villeroy de Galhau, o principal problema para a região é a alta inflação, enquanto o crescimento da economia ainda está resiliente.
Diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva prevê recessão "em alguns países" em 2022, mas não da economia global.
Na sua avaliação, há dois países com perspectiva de profunda recessão - Ucrânia e Rússia - que devem afetar outras nações muito ligadas aos choques de energia e alimentos provocados pela guerra, como Egito, Sri Lanka e Líbano, citou.
Lagarde: taxa de depósitos deverá sair do campo negativo
No mesmo dia, a presidente do BCE, Christine Lagarde, também se manifestou sobre o assunto. Previu que a instituição provavelmente tirará sua taxa de depósitos do terreno negativo até o fim de setembro e poderá elevá-la mais se a inflação se estabilizar em 2% no médio prazo.
"Baseados na atual perspectiva, nós provavelmente estaremos numa posição de sair de taxas de juros negativas até o fim do terceiro trimestre".
Christine Lagarde, presidente do BCE, em texto publicado no blog da autoridade monetária nesta segunda-feira, 23
Atualmente, a taxa de juros para depósitos do BCE está em -0,50%, o que significa que bancos têm de pagar para deixar recursos estacionados na autoridade monetária.
Inflação recorde e impactos da guerra
A previsão de Lagarde vem em um momento em que a zona do euro lida com inflação recorde, em meio aos impactos da guerra na Ucrânia.
No texto, Lagarde também abre o caminho para mais aumentos de juros em direção à chamada taxa neutra.
"Se virmos a inflação se estabilizando em 2% no médio prazo, uma progressiva normalização adicional das taxas de juros no sentido da taxa neutra será apropriada", afirmou.
Lagarde disse ainda que o programa de compras de ativos do BCE, conhecido como APP, provavelmente terminará "bem no começo" do terceiro trimestre, permitindo à instituição começar a elevar juros na reunião de política monetária de julho.
Até então, a chefe do BCE não havia sido tão explícita sobre a possível data do primeiro aumento de juros do BCE.
A presidente alertou, porém, que o ritmo e tamanho das altas de juros não podem ser determinados com antecedência porque a economia enfrenta choques de oferta, oriundos de restrições motivadas pela pandemia de covid-19 na China e problemas relacionados à guerra na Ucrânia. / com Agência Estado
Leia mais
Bolsa sobe impulsionada pela Vale e Petrobras; dólar recua (maisretorno.com)
SVN lança FoF que busca retorno de renda variável e baixa volatilidade (maisretorno.com)
Risco de recessão deve impulsionar Biden a reforçar agenda interna (maisretorno.com)
Lira defende o fim da 'taxação excessiva' de bens e serviços no País (maisretorno.com)
BCE mantém juros mas sinaliza encerramento de estímulos monetários (maisretorno.com)