Bolsa inverte sinal e fecha em leve alta de 0,21%, puxada por empresas de commodities; dólar sobe 0,14%, cotado a R$ 4,81
Queda nas ações da Petrobras não foram o suficiente para manter o Ibovespa no terreno negativo
Depois de operar durante a maior parte do pregão em terreno negativo, com os investidores reagindo à notícia de que José Mauro Coelho foi demitido da presidência da Petrobras, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, inverteu o sinal e fechou em leve alta de 0,21%, aos 110.581 pontos, nesta terça-feira, 24. A valorização foi puxada por outras empresas petroleiras e pela Vale.
O dólar, por sua vez, após oscilar entre altas e baixas em um dia de bastante volatilidade, devida à aversão ao risco global, fechou com leve avanço de 0,14%, cotado a R$ 4,81.
Na noite da véspera, o presidente Jair Bolsonaro formalizou a demissão de Coelho - o terceiro executivo a deixar o poder da estatal no atual governo. O principal nome cotado para assumir o cargo é Caio Paes de Andrade. O mercado não reagiu bem à decisão, que eleva a preocupação com a possibilidade de ingerência política na Petrobras. Assim, os papéis PETR4 e PETR3 registraram forte recuo de 3,82% e 3,27%, respectivamente.
No entanto, tais ruídos beneficiaram outras companhias do setor de óleo e gás, que acompanharam a valorização do petróleo nos mercados internacionais e ajudaram a impulsionar o Ibovespa nas últimas horas do dia. A Vale, que é a empresa com maior peso na carteira teórica da B3, também contribuiu com a alta, após encerrar o dia com avanço de 1,16%.
O dia na Bolsa
Maiores altas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
Petrorio | PRIO3 | +3,55% |
Equatorial | EQTL3 | +3,38% |
3R Petroleum | RRRP3 | +3,18% |
SLC Agrícola | SLCE3 | +3,09% |
Taesa | TAEE11 | +2,52% |
Maiores baixas da Bolsa
Empresa | Código | Variação |
CVC | CVCB3 | -6,30% |
Azul | AZUL4 | -5,92% |
Embraer | EMBR3 | -5,46% |
Americanas | AMER3 | -5,15% |
Banco Pan | BPAN4 | -4,82% |
Visão do mercado sobre a troca na Petrobras
A demissão de José Mauro Coelho da presidência, com pouco mais de 40 dias no cargo, surpreendeu. "O mercado pergunta o motivo dessa troca tão rápida no comando da Petrobras", afirma Romero de Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos.
A dúvida aumenta, segundo Romero, pela proximidade da eleição, evento que reforça a incerteza do mercado em relação à continuidade da política de preços da empresa – que segue a paridade internacional.
São fatores que fazem crescer a percepção de risco em relação à empresa, "apesar dos bons resultados apresentados no último trimestre", pontua. "Houve uma série de trocas recentes (essa é a terceira no governo Bolsonaro) e o mercado vê isso como uma possível tentativa de interferir na independência da política de preços da estatal."
"A desconfiança do mercado, diante dessa troca em pouco mais de 40 dias, cresce porque estamos em ano eleitoral e a pressão inflacionária está grande", avalia Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. Ele diz que não acredita em mudança na política de preços da Petrobras, mas o que o investidor está sentindo é que o governo está querendo interferir interferir
Mercados internacionais
O desempenho do mercado global nesta terça foi majoritariamente negativo, com os investidores receosos com as expectativas de uma recessão econômica. Nos Estados Unidos, o índice gerente de compras (PMI, na sigla em inglês), que é um termômetro da atividade econômica, desacelerou de 56,0 em abril para 53,8 em maio, "refletindo a mudança no padrão de consumo dado a elevada inflação e perspectivas de elevações nas taxas de juros", afirmam analistas do BTG Pactual.
Na zona do euro, o PMI composto, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu de 55,8 em abril para 54,9 em maio, segundo dados preliminares divulgados nesta terça-feira pela S&P Global.
Além dos dados macroeconômicos, o BTG explica que "o catalisador desta terça-feira vem do Snap, empresa dona da rede social Snapchat, com queda de 30% nas ações após o CEO, Evan Speigel, alertar que a companhia não atingirá metas de receita e lucros, além de reduzir contratações em meio à rápida deterioração do cenário macroeconômico. O anúncio contamino todo o setor de tecnologia."
Na Ásia, ainda, as bolsas fecharam em baixa à medida que restrições mais duras contra a covid-19 em Pequim, a capital chinesa, realimentaram preocupações com a desaceleração da segunda maior economia do mundo. A vice-premiê chinesa, Sun Chunlan, pediu iniciativas mais abrangentes para conter a transmissão da doença, que teve um novo aumento de casos, durante visita de inspeção à cidade.
Desempenho das bolsas americanas
- Dow Jones: alta de 0,15%
- S&P 500: baixa de 0,79%
- Nasdaq 100: baixa de 2,20%
Fechamento das bolsas europeias
- Stoxx 600 (Europa): baixa de 1,09%
- FTSE 100 (Inglaterra): baixa de 0,39%
- DAX (Alemanha): baixa de 1,80%
- CAC 40 (França): baixa de 1,66%
Fechamento das bolsas asiáticas
- Xangai Composto (China): baixa de 2,41%
- Shenzhen Composto (China): baixa de 3,62%
- Nikkei (Japão): baixa de 0,94%
- Hang Seng (Hong Kong): baixa de 1,75%
- Kospi (Coréia do Sul): baixa de 1,57%
- Taiex (Taiwan): baixa de 1,19%
Com Tom Morooka e Agência Estado