Ações do exterior: conheça 9 recomendações de analistas da XP em setores promissores
A corretora faz apostas das criptomoedas à biotecnologia
Em 2021, alguns dos fundos multimercado que mais se valorizaram foram aqueles com uma estratégia de investimento no exterior. O ano também foi marcado pelo avanço expressivo dos principais índices americanos, continuando uma tendência iniciada em 2020. Neste sentido, especialistas consideram que há algumas boas oportunidades de investimento em ações no exterior, principalmente se o investidor se atentar aos setores mais promissores para manter na carteira no longo prazo.
Em um relatório elaborado por Vinicius Araújo, Jennie Li e Rafael Nobre, a XP Investimentos pontua que as melhores oportunidades nos mercados internacionais estão naquelas ações de setores com perspectivas de crescimento forte e consistente ao longo dos próximos anos. Das criptomoedas à biotecnologia, a corretora fez uma seleção dos nove setores que devem apresentar os melhores retornos para o investidor no longo prazo.
Até Warren Buffett, o maior investidor pessoa física do mundo, já demonstrou que pensa no longo prazo como uma estratégia bastante importante. “Se você não planeja possuir a ação de uma empresa por ao menos 10 anos, nem pense em comprá-la por 10 minutos”, afirmou ele.
Como escolher as melhores ações do exterior?
De acordo com a XP e com base nos ensinamentos de Buffett, há quatro principais pontos na hora de avaliar uma empresa para compor a carteira de ações:
- As empresas devem ser sólidas e com diferenciais competitivos;
- As companhias precisam ser boas geradoras de caixa;
- As empresas deve estar alinhadas aos interesses e lucro dos acionistas;
- É interessante que a ação estava abaixo do seu valor justo.
Quais são os setores com boas oportunidades de ações do exterior segundo a XP?
Streaming
A indústria de empresas de streaming, que vinha ganhando força ano após ano, decolou de vez com a pandemia e as medidas de isolamento social. “Para se ter uma ideia, no início de 2019, eram aproximadamente 130 milhões de assinantes americanos no somatório das principais plataformas (Netflix, Amazon Prime, Hulu, CBS, Showtime, Peacock, Disney+, AppleTV+ e HBO Max) e, ao final de 2020, o número quase duplicou para 255 milhões”, afirma a XP, que considera que a indústria do cinema deve ficar obsoleta.
“Além disso há uma grande via de crescimento em países emergentes, mercados ainda não-saturados, uma vez que as plataformas oferecem planos acessíveis de assinatura e são simples de serem contratados. Outro fator que contribui para as principais plataformas é que o consumidor assinará de 3 a 4 serviços em vez de apenas um, abrindo espaço para a coexistência de concorrentes com diferenciais competitivos”.
XP Investimentos
Pagamentos digitais
Bem como os cinemas, também deve se tornar obsoleto o dinheiro físico. No entanto, em vez de streamings, o que substituíra as cédulas e moedas são os meios de pagamentos digitais - realidade que, inclusive, já é cada vez mais presente no dia a dia da sociedade. O que torna esse setor ainda mais interessante para uma tese de investimento de longo prazo é o fato de que ainda há muito o que percorrer no mercado, principalmente em países emergentes, até que toda a sociedade utilize os meio digitais para realizar transações.
"A pandemia acelerou uma tendência que já vinha acontecendo: o número de transações sem dinheiro multiplicou por 2 vezes, no mínimo, entre 2007 e 2017, segundo o Bank of International Settlements. Ainda assim, há muitas oportunidades em países emergentes, uma vez que ainda são muito dependentes de papel-moeda se comparados às economias desenvolvidas".
XP Investimentos
Videogame e e-sports
Atualmente, cerca de 47% da população mundial tem, pelo menos, um aparelho celular, enquanto o número de jogadores de videogames e e-sports já está em 2,2 bilhões, segundo a XP. Embora os números sejam expressivos, a corretora ressalta que o setor ainda tem grande potencial de elevar sua monetização e engajamento, tendo em vista que ainda há uma grande fatia populacional que, nos próximos anos, deve ter acesso à celulares e internet.
"Num mundo que disputa pelo tempo de atenção das pessoas, as experiências imersivas combinadas com evolução gráfica dos games e com o potencial da realidade virtual tornam o setor um concorrente difícil de ser batido. Os videogames dominam o tempo livre da população mais jovem e tomam o lugar dos esportes; para cada criança jogando futebol, baseball, basquete e futebol americano no mundo, há 6 outras jogando videogames".
XP Investimentos
Biotecnologia
Entre os setores mais promissores para comprar ações no exterior, vale destacar também o setor de biotecnologia. "Estimativas globais otimistas, como da Grand View Research sugerem que apenas o setor e biotecnologia deva expandir seu faturamento em 15,8% ao ano, ao passo que análises mais conservadoras, como as da Global Markets Insights, apontam para um crescimento de +9,4% ao ano até 2024", afirma a XP.
A corretora explica que o fator que mais deve contribuir para essa valorização das empresas de biotecnologia a nível global é o envelhecimento da população mundial. "Estima-se que, até o final do século, o número de pessoas acima dos 60 anos de idade (faixa etária que mais necessita de cuidados médicos) praticamente triplique dos atuais 1,1 bilhão para 3,1 bilhões ", pontuam os analistas.
Veículos elétricos
"Em um mundo cada vez mais preocupado com questões climáticas e que busca reduzir a queima de combustíveis fósseis, deveremos presenciar um aumento significativo das vendas de veículos elétricos no planeta. Além da Tesla, diversas montadoras já estabeleceram metas agressivas de eletrificação da frota. A GM investirá US$ 35bi até 2025 para lançar 30 modelos elétricos enquanto a BMW e a Volkswagen tem meta de que 50% de suas vendas totais sejam de EVs até 2030".
XP Investimentos
Projeções já apontam que, por volta de 2040, 65% das vendas globais de automóveis serão de veículos movidos è eletricidade. Não é necessário ir tão longe, entretanto, para observar que este é o futuro da locomoção. Em 2021, as vendas de veículos elétricos já superou os números de vendas de veículos movidos a diesel na Europa.
Segurança cibernética e nuvem
A transformação digital nas diversas esferas da vida em sociedade, que foi acelerada com a pandemia de covid-19 e a necessidade de encontrar alternativas online para trabalhar, estudar, ter um momento de lazer entre outras coisa, aumenta a conexão das pessoas (e seus dados) entre si, mas também é um prato cheio para hackers e diversos ataques cibernéticos podem acontecer, o que favorece as empresas de segurança digital e nuvem.
"2020 foi um ano revolucionário neste sentido, quando empresas viram-se forçadas a migrar boa parte de suas operações para o digital, 90% do tráfego online passou a ser criptografado versus apenas 50% em 2016. Olhando para o futuro, o mercado de segurança cibernética, que faturou US$ 156bi em 2019 está projetado para crescer entre 7,7% e 15,2% a.a. até 2026".
XP Investimentos
Energias renováveis
No relatório, a XP destaca que as as autoridade ao redor do mundo têm se preocupado cada vez mais com os efeitos da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e isso pode ser percebido, inclusive, pela oscilação dos preços das commodities nos mercados internacionais.
Nesse sentido, diversos países com um impacto importante na dinâmica da economia global, como os Estados Unidos, a China e os países da União Europeia, passaram a adotar compromissos e metas para diminuir consideravelmente as emissões de gases poluentes e adotar, cada vez mais, uma energia 100% limpa, o que favorece empresas que trabalham com o setor.
Criptoativos
"O bitcoin e o mercado de criptomoedas estão ficando mais maduros e, na medida em que eles passam a se 'institucionalizar', a tendência é que eles passem a ser aceitos para negociação em Bolsas, fundos de investimento passem a investir em criptomoedas e mais instituições financeiras permitam que seus clientes possam investir em criptos. O IPO recente da Coinbase (maior Exchange de criptos dos EUA) foi um grande marco e avanço nesse sentido".
XP Investimentos
Vantagens e riscos dos criptoativos:
- A utilização das criptomoedas como meio de pagamentos beneficia este mercado;
- A característica de escassez desses produtos favorece a sua valorização;
- Dois importantes benefícios das criptos são a privacidade e segurança das operações;
- Outra vantagem é a descorrelação com ativos mais tradicionais;
- A volatilidade e a forte regulação governamental são os maiores riscos do mercado.
Tecnologia espacial
Em 2021, pessoas como Elon Musk e Jeff Bezos colocaram um holofote sobre a tecnologia espacial, após o desenvolvimento de diversos projetos e, inclusive, uma viagem ao espaço realizada pelo fundador da Amazon. De acordo com a XP, no entanto, o desenvolvimento dessa indústria deverá ser movido não apenas pelo interesse dos maiores bilionários do mundo, mas também por alguns fatores de destaque:
- Lançamentos contratados por governos, como já acontece com a NASA;
- Lançamento e instalação de infraestrutura de comunicação, como satélites;
- Fornecimento de rede de internet em locais remotos via satélite;
- Exploração espacial e/ou interplanetária;
- Envio e carregamento de carga.
Por que investir em ações do exterior vale a pena?
De acordo com Samuel Cunha, economista e sócio da H3 Invest, há dois pontos principais que justificam o bom desempenho de investimentos em ações no exterior, sobretudo no último ano. O primeiro deles é a exposição ao dólar, que se valorizou muito frente à moeda brasileira nos últimos anos e, com isso, ofereceu uma rentabilidade atraente para quem tem alocações internacionais.
"Por si só essa exposição ao dólar já foi interessante, mas além disso, os ativos de risco lá fora tiveram um desempenho bastante positivo (no ano passado)", comenta Cunha.
O coordenador de fundos e previdência da Guide Investimentos, Nelson Muscari, compartilha da mesma opinião e complementa que o risco de investir no Brasil cresceu muito em 2021 com o cenário fiscal em evidência, assim como a deterioração da economia, também favorecendo a escolha por ações do exterior.
"A estratégia no exterior ajudou muito a carteira porque o dólar subiu muito, assim como as bolsas externas, mas o risco Brasil acabou pesando mais no cenário interno. O investimento no exterior é cada vez mais uma tendência, inclusive para pessoas físicas."
Nelson Muscari