XP e BTG Pactual anunciam plataformas que vão facilitar os negócios com criptomoedas
A atuação dos bancos vai permitir o crescimento e avanço na consolidação do setor
Dois players de peso no mundo dos bancos digitais, XP e BTG Pactual, anunciaram nesta semana iniciativas que permitirão uma ampliação dos negócios com criptoativos. Passos importantes no crescimento e consolidação do segmento das criptomoedas.
A XP em parceria com a Nasdaq pretende colocar em funcionamento a XTAGE até o fim de junho, uma plataforma que permitirá operações com diversos ativos, inclusive criptomoedas, pelo aplicativo do banco.
O BTG Pactual também lançará uma plataforma direcionada a investidores pessoas físicas para a compra direta, sem intermediação, de Bitcoin e Ethereum em julho, modelo inédito no País.
Para Nelson Mitsuo Shimabukuro, professor da Universidade Mackenzie, especializado em Tecnologia da Informação, afirma que a estratégia da XP está bem, clara. “Eles já contam com uma base grande de clientes, portanto ampliar a gama de produtos fará com que tenha uma representatividade maior junto a eles”.
O professor explica que “atualmente a XP só atua com os ativos tradicionais e, com isso, eles conseguiram tirar os usuários dos bancos tradicionais. Como os clientes não tinham uma opção para investir em criptomoedas, iam para outras plataformas”.
E com essa parceria com a Nasdaq, analisa o professor, a XP vai poder proporcionar aos clientes tranquilidade e conveniência em um só aplicativo.
“Um dos grandes méritos da XP foi auxiliar os clientes por meio da educação ou orientações para que conseguissem desmistificar os investimentos”.
Nelson Mitsuo Shimabukuro, da Universidade Mackenzie
A Exchange da XP vai permitir que mais de 3,5 milhões de usuários tenham acesso e comprem os criptoativos diretamente do aplicativo do banco.
Lucas Rabechini, diretor de produtos financeiros da XP afirmou que “A ideia é proporcionar aos investidores um portfólio amplo e diversificado de produtos financeiros que estão na vanguarda da inovação global”.
BTG Pactual de olho nas criptomoedas desde 2017
No BTG Pactual as estratégias para os negócios com criptomoedas vêm sendo estudadas desde 2017. E em julho a plataforma Mynt deve iniciar suas operações
“O BTG como instituição tem tido muito sucesso em trazer mais negócios para a carteira. Tiveram um primeiro trimestre fantástico, com um lucro recorde e na esteira desse bom momento eles anunciam a plataforma”, relata o professor, acrescentando que o objetivo “é fidelizar os clientes dando uma entrada com os criptoativos mais conhecidos”.
Nesse primeiro momento, apenas as criptomoedas mais populares, como o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH) estarão disponíveis para a compra.
No entanto, Shimabukuro explica que essas duas respondem por 60% do mercado e são mais representativas. Porém, a ideia é expandir para os outros ativos digitais, segundo o banco.
O funcionamento da plataforma será simples e direto. Além da Mynt ser acessível ao usuário diretamente, ela será anexada ao BTG Digital, que é a plataforma de investimentos do banco para o varejo.
Na opinião da mentora financeira Sílvia Machado, “o volume transacionado pelas moedas virtuais é enorme, e tanto a BTG, assim como a Nubank, têm levantado a bandeira de inovar e oferecer a maior diversidade de produtos aos investidores”.
"Com os lucros expressivos nos últimos dois anos, esses bancos tiveram condições de investir nessas plataformas", explica ela. Além disso, Sílvia destaca a tecnologia que está por trás das operações com os ativos digitais.
“Nas criptomoedas o lastro é baseado na segurança de uma rede blockchain gigantesca, composto por milhares de computadores ao redor do mundo, que tornam a rede mais segura a cada dia”.
Sílvia Machado, mentora financeira
Isso porque “quanto mais blocos são adicionados, maior é a segurança dessa rede. Isso somente é possível devido a descentralização, característica marcante em diversas criptomoedas”, esclarece a mentora financeira.
Projeto de longo prazo
Para o especialista do Mackenzie, essas iniciativas dos bancos com criptomoedas precisam ser entendidos como de projetos de longo prazo.
Os ativos digitais passam por um momento de desvalorização acentuada, atingindo patamares muito baixos se comparados com o pico. “Mas existe um movimento muito grande no mercado mundial na direção da regulamentação liderados pelos Estados Unidos”, contrapõe Shimabukuro.
Aqui no Brasil, um projeto de regulamentação para o mercado de criptos foi aprovado pelo Senado, que agora depende de aprovação na Câmara dos Deputados e sanção presidencial. / Com Priscila Gorzoni