Vinland Capital: aumento dos juros e proximidade do ajuste monetário pelo mundo elevam os riscos
Cenário de alta dos juros deve ser considerado pelo investidor
A gestora Vinland Capital destaca o grande aumento das taxas de juros que houve em outubro em diversos países do mundo, alertando que o ajuste monetário está a caminho, com retirada global de estímulos monetários no centro desse segundo semestre.
Em carta mensal a seus clientes, a Vinland traça um cenário internacional em que a demanda continua firme, sendo os limites da oferta os responsáveis pela desaceleração do crescimento econômico. O equilíbrio entre oferta e procura se faz pelo preço, pressionando os índices de inflação.
“Nesse ambiente, a inflação não para de surpreender para cima e está cada vez mais disseminada. O discurso de inflação temporária tem perdido força. A alta dos salários nos EUA no terceiro trimestre – a maior em mais de 20 anos – revela que os riscos de uma espiral salário-preço não são baixos”, traz a carta.
Como consequência, afirmam os analistas, os juros podem ter de subir a níveis bem mais altos do que os vistos nos últimos 13 anos, de modo a impedir que a inflação saia de controle, ainda que isso aconteça por um curto espaço de tempo.
Os Bancos Centrais não estão perdendo tempo, mas reagindo e tomando iniciativas. É um quadro a ser considerado para a alocação de recursos nesse momento, porque houve uma elevação nos riscos. Aqui no Brasil, os riscos foram aumentados pela proposta de mudança no teto de gastos para aumentar as despesas públicas.
Isso porque a regra que previa o controle das despesas perdeu credibilidade, as consequências estão sendo desastrosas, e pode levar o País para a armadilha da inflação alta, juros altos e baixo crescimento.
“A falta de uma âncora fiscal já trouxe consequências relevantes para o cenário doméstico. O dólar subiu, as expectativas de inflação se elevaram e o BC teve que acelerar ainda mais o ritmo do aperto monetário, para 150 pontos base. A Selic caminha para superar 12% no próximo ano e o crescimento do PIB será mais baixo”.
Estratégias da Vinland em seus fundos
A estratégia adotada para o Vinland Macro FIC FIM terminou outubro com performance positiva, de 1,67%.
Na renda variável, os resultados foram negativos, neutralizados em parte pelas contribuições positivas em ações americanas, notadamente em empresas do setor de tecnologia e fertilizantes. Já na bolsa brasileira o retorno foi negativo, vindo dos setores de consumo e financeiro, em contraponto com os setores de commodities e utilities que favoreceram a carteira.
“A estratégia de juros locais apresentou variação negativa. A deterioração do ambiente fiscal em outubro e a consequente escalada na volatilidade da curva de juros, fizeram com que posições de venda de volatilidade na parte curta apresentassem perdas. As implícitas compradas contribuíram positivamente”, esclarecem os analistas.
"A estratégia de moedas teve variação positiva, através de posições compradas em dólar versus Emergentes e USDJPY, além de posições compradas em moedas que se beneficiam da alta do petróleo", explica a gestora.
Juros globais continuaram sendo o principal mercado em termos de risco no fundo e tiveram ganhos no mês. A performance foi disseminada entre todos os países posicionados, como Chile, Colômbia e EUA. Além de pequenas posições em juros na Polônia e Austrália, que também contribuíram positivamente no resultado de outubro.
Estratégia atual do Macro
O movimento de retirada de estímulos por parte de economias emergentes e EUA segue fazendo parte do portfólio através de posições tomadas nas curvas de juros desses países.
Ao mesmo tempo, foram mantidas as posições compradas em inflação curta americana na bolsa americana, em ações das Techs.
“No Brasil, o risco atual em bolsa está praticamente zerado, sendo que as posições long estão concentradas nos setores agro, consumo e utilities. Em juros Brasil, estamos com baixo risco no momento”, pontuam os gestores. “Em moedas, seguimos com posições compradas em USDBRL e USDJPY".
Como foi o Vinland Long Bias FIC FIM
A estratégia do Vinland Long Bias FIC FIM encerrou o mês de outubro com performance negativa, de 2,68%, junto ao Ibovespa. O setor que mais pesou para a queda foi o de varejo físico (cosméticos e farmácias). Em arbitragens, posições de estrutura de capital também contribuíram para o resultado negativo.
Já os destaques positivos estiveram ligados às posições em S&P, ao setor agrícola e de tecnologia fora do Brasil.
Posicionamento atual
No Vinland Long Bias, a exposição direcional é baixa em Brasil, com as principais posições nos setores de bancos tradicionais, agrícola/proteínas, utilities e tecnologia (software e fintechs).
Com a carteira diversificada, nos Estados Unidos foram mantidas as posições em tecnologia, energia e fertilizante, com redução em bancos tradicionais.
Resultados do Long Only
O fundo Vinland Long Only encerrou o mês de outubro com queda de 5.7%, frente a uma queda de 6.7% do Ibovespa. No ano, o fundo acumula alta de 4.8% versus uma queda de 13.1% para o Ibovespa.
Os destaques negativosvieram do varejo físico – cosméticos e farmácias. Ainda que a participação desses setores não fosse grande, a queda dos papéis afetou a performance do fundo.
Os destaques positivos estiveram ligados ao setor de proteínas/agrícola, tecnologia fora do Brasil e setor de energia.
Posições atuais do Long Only
Ao longo de outubro, a gestão foi dinâmica para as posições nos setores agrícolas, bancário tradicional e de tecnologia (fora do Brasil) de acordo com a performance das ações.
Com o crescente aperto monetário no Brasil e seu possível impacto sobre atividade econômica, houve redução das posições ligadas à reabertura econômica.
Com a parte longa da curva de juros projetando juros acima de 12%, foram adotadas posições em setores sensíveis ao juro longo como utilities e malls, com níveis de valuation atrativos.
“Nossas principais posições estão nos setores bancário tradicional, agrícola/ proteínas e utiliities e tecnologia - software, e-commerce e fintechs, dentro e fora do Brasil”, informam os gestores.