Ações de gigantes varejistas tiveram as maiores altas no pregão desta terça-feira; entenda o porquê
Os principais motivos para a alta são a queda da curva de juros e as expectativas com a temporada de balanços
Em meio a um pregão volátil para a Bolsa de Valores na véspera, as ações das gigantes varejistas foram o grande destaque positivo e, ao fim do dia, impulsionaram o Ibovespa para que o índice fechasse em alta. Nesta terça-feira, 12, a Bolsa subiu 0,04%, aos 98.248 pontos, depois de operar durante a maior parte do pregão em baixa, puxada pelas empresas de commodities.
De acordo com Alex Carvalho, analista CNPI da CM Capital, o forte movimento de alta dessas companhias observado no último pregão pode ser explicado por dois principais motivos. O primeiro deles é a queda das curvas de juros em diferentes prazos de vencimento. O segundo, as boas perspectivas para os balanços corporativos das varejistas no segundo trimestre de 2022.
Desempenho das principais varejistas do Ibovespa no pregão de terça
Empresa | Código | Variação |
Magazine Luiza | MGLU3 | +12,17% |
Via | VIIA3 | +9,01% |
Americanas | AMER3 | +8,71% |
Grupo Natura | NTCO3 | +6,68% |
Lojas Renner | LREN3 | +0,46% |
Entenda o movimento de altas
Para Carvalho, o primeiro ponto que chama atenção em meio a disparada das varejistas é o desempenho das curvas de juros. O analista afirma que, tanto os juros futuros de curto prazo quanto os de longo prazo viveram um pregão de precificação para baixo. Nesta terça, os contratos apresentaram queda generalizada, com a maior variação negativa (-0,23 pontos percentuais) naqueles com vencimento para janeiro e março de 2023.
Expectativas de juros mais baixos são positivas para o varejo porque o setor é bastante prejudicado em um cenário de política monetária mais contracionista. Com taxas de juros altas, os custos de financiamento (inclusive no cartão de crédito) e tomada de crédito ficam mais caros, o que tende a reduzir o consumo, principalmente em um período de inflação elevada - o que corrói o poder de compra das famílias.
O analista da CM Capital ressalta, ainda, que a proximidade da temporada de balanços do segundo trimestre de 2022 também pode estar impulsionando as gigantes varejistas. Segundo Carvalho, no período entre março e junho há importantes datas para o comércio brasileiro, com destaque para o Dia das Mães e o Dia dos Namorados (duas das comemorações que mais geram receita para o comércio).
Neste contexto, o especialista pontua que as expectativas do mercado para a geração de receita das companhias do setor de varejo são positivas e, com isso, há projeções também de bons lucros e lucro por ação positivo. Assim, com a proximidade da temporada de divulgações, Carvalho considera que os investidores possam estar animados com o setor.
Oportunidades entre as varejistas
Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital Investimentos, afirma que o movimento de alta das varejistas no pregão da véspera pode ser entendido também como uma busca por boas oportunidades na Bolsa. "O mercado entendeu que papéis que caíram mais de 80% abrem oportunidades de ganho no curto prazo", aponta ele.
O especialista explica que "quedas excessivas são turbinadas com operações de venda". Ou seja, uma baixa muito acentuada, em determinado momento, leva o mercado a acreditar que as ações estão excessivamente baratas. "Nisso surge o movimento de oportunidade para compra e, para quem está vendido nos papéis, o receio de reversão", comenta Labarthe.
"A tempestade ainda está sacudindo os mercados mas não é eterna. Qualquer indício de melhora faz com que seja justificativa para correr atrás das ações mais descontadas. Mesmo com taxa de juros de 13,25% na renda fixa, há dias em que determinada empresa que teve uma queda acentuada possa em apenas um pregão dar o ganho que se levaria um ano para receber em um CDB bancário."
Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital Investimentos
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