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Renda Variável

Por que os investidores estão preterindo as ações dos bancos digitais? Entenda

Empresas como Inter e Nubank estão sendo penalizadas pelas condições macroeconômicas, como juros altos

Data de publicação:11/07/2022 às 05:00 -
Atualizado um ano atrás
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A maré não está para peixe para os bancos digitais. O Banco Inter encerrou as negociações de suas ações na B3, Bolsa de Valores de São Paulo, no mês passado e estreou na Nasdaq, em Nova York e, desde então reporta queda de mais de 20%.

Já o Nubank, após um IPO (abertura de capital, em inglês) superinflacionado – o banco chegou a ter valor de mercado maior do que gigantes como Itaú – na Bolsa brasileira os BDRs da companhia caíram mais de 60% desde o início deste ano, assim como seus papéis na Nasdaq. Cenários como esse geraram uma fuga de investidores, que liquidaram posições nessas ações em busca de ativos mais seguros.

bancos digitais
Juros em alta têm prejudicado ações dos bancos digitais - Foto: Nubank/Divulgação

Mas por que isso está acontecendo? As respostas são várias, mas têm como pano de fundo turbulências no mercado de renda variável, com a elevação das taxas de juros pelos BCs mundiais para frear a velocidade de avanço da inflação global.

Segundo especialistas, como esses bancos digitais são considerados empresas de crescimento, ainda precisam de capital para investir em si mesmas, o que, com o encarecimento do crédito, acaba se tornando menos acessível.

“São empresas pouco maduras que ainda não distribuem dividendos para poderem investir em si mesmas. E com a alta dos juros, acabam tendo acesso limitado às fontes de recursos”.

Gustavo Pazos, analista do time de research da Warren

Pazos destaca que houve um movimento chamado “fly to quality” (ou voo para a qualidade, na tradução livre), que consiste na migração de investidores de empresas de crescimento para companhias de qualidade, com fundamentos mais sólidos.

Múltiplos elevados

Rodrigo Moliterno, especialista da Veedha Investimentos, aponta que as ações dos bancos digitais estavam sendo negociadas a múltiplos elevados e queda da liquidez deixou o investidor seletivo na hora de escolher suas alocações.

“O investidor percebeu que ele poderia comprar, nesse momento, ações com múltiplos menores. Com isso acabou indo atrás dos bancos maiores, que são mais sólidos e estão descontados”, ressalta

Base de clientes

O analista da casa de investimentos, além da subida dos juros, aponta o desafio para esses bancos de rentabilizar a base de clientes.

“Quando o Nubank fez seu IPO, o mercado se perguntou qual o caminho que a empresa iria adotar para rentabilizar sua base de clientes. Esse é o grande calcanhar de Aquiles dos bancos digitais”.

Rodrigo Moliterno, da Veedha

Esse desafio já não é um problema para os grandes bancos, de acordo com Pazos. “Um bancão consegue fazer 10 vezes mais dinheiro por cliente do que um banco digital. Esse, por sua vez, tem que ter uma base de clientes 10 vezes maior do que um gigante para conseguir rentabilizar no mesmo patamar”.

“A base de clientes do Nubank ainda é recente”, enfatiza Pazos. Nos últimos meses, o Nubank reportou aumento no número de clientes – com alta de mais de 60% - porém, segundo relatório do Itaú BBA, o banco não terminou os dois últimos anos com bons resultados – em 2021, com prejuízo líquido de US$ 165,3 milhões e em 2020, de US$ 171,5 milhões.

Ainda de acordo com a asset do Itaú, a maior receita do Nubank provém da alta das carteiras de crédito dos seus clientes, o que, além do cenário econômico desfavorável, colabora com a inadimplência.

Caminhos para rentabilizar

Os bancos contam com três caminhos para buscar rentabilidade: oferecer empréstimos –  que é o seu carro-chefe – a cobrança de taxas e a venda de produtos financeiros.

Em um dos quesitos, os bancos digitais já saíram perdendo, que é a cobrança de taxas. “Esse foi um dos principais atrativos para eles conquistarem clientes”, destaca Pazos, da Warren.

No entanto, com a chegada do Pix, isso levou as tarifas e taxas ladeira abaixo, tornando-se um braço menos rentável para todos os bancos.

A venda de produtos financeiros exige que o banco tenha conhecimento pleno dos investidores, de acordo com o analista da Warren, “para triangular informações com a venda desses produtos”.

Na outra vertente – de concessão de empréstimos – Pazos destaca que para ceder crédito é preciso ter expertise, o que é feito de forma eficiente pelos gigantes do setor.

“Os grandes bancos estão no jogo há muito mais tempo do que os digitais, o que faz com que eles tenham uma base de dados mais consolidada e consigam traçar cenários sobre risco de inadimplência e cobrança de juros”, diz Pazos.

“Em um país onde o discurso é de que dívida não se paga, se rola, é muito perigoso para os bancos digitais”, reforça.

Inter X Nubank

De acordo com um especialista do mercado que não quis se identificar, o Banco Inter tem alguns pontos em seu favor, como uma boa base de clientes, tem apresentado bons resultados e não está limitado somente a um produto.

“O que complicou para o Inter é que ele foi colocado na categoria de empresa de tecnologia, o que levou suas ações para baixo no momento da alta de juros”, destaca.

Segundo ele, por ter sido pioneiro, o Inter atraiu olhares do mercado e recebeu vários aportes, o que ajudou na boa performance no início de sua atuação. “O Inter tem fundamento para ter valor, pois está ingressando em vários setores, como nos investimentos”.

Em relação ao Nubank, o analista aponta que o banco foi capitaneado pela liquidez no período do seu IPO, mas a valorização acima de um banco tradicional chamou a atenção. “Sua estreia na Bolsa foi muito inflacionada. A empresa nunca deu lucros, tinha algo errado nessa matemática. Quanto mais alto o valor, maior o tombo”, destaca.

Outros pontos que caíram com mais peso no colo do Nubank foi que, em maio, o mercado penalizou a companhia por conta da remuneração aos diretores da casa, que, na média, chegaria a R$ 100 milhões para cada um, valor que supera o pagamento de todas as empresas brasileiras listadas em bolsa.

Futuro dos bancos digitais

Para os especialistas consultados pela reportagem, os bancos digitais ainda vão navegar por mares revoltos, com os apertos monetários globais em curso, o que deve continuar impactando em suas ações. Porém, Pazos afirma que “eles não vão quebrar”.

“Os bancos digitais são importantes. Tiveram um papel fundamental para impulsionar a digitalização das instituições financeiras tradicionais, algo que era necessário para modernizar o setor”, destaca.

Em relação ao Inter, o banco JPMorgan acredita que ele tem capacidade para superar as dificuldades impostas – incluindo a mudança para a Nasdaq – e pelo cenário macroeconômico. O banco americano iniciou a cobertura das ações com recomendação de compra.

Sobre o autor
Julia Zillig
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