Tesouro RendA+, título para aposentadoria, já passa de R$ 751 milhões em estoque; vale a pena?
Título tem prazos longos de vencimento e oferece correção do dinheiro pelo IPCA, por isso é indicado para a formação de uma poupança que garanta uma renda mensal no futuro
Desde o seu lançamento em janeiro deste ano, o Tesouro RendA+ ultrapassa a marca de R$ 751 milhões. Os dados de maio foram divulgados pela Secretaria do Tesouro nesta terça-feira, 27. Em quatro meses, a média de venda dos títulos é de R$ 188 milhões.
Voltado para um programa de aposentadoria, o título é negociado pela B3, de simples manejo e entendimento, além de exigir aportes de valor baixo: com algo perto de R$ 30 é possível comprar um título desses. Um dos apelos do papel é estar atrelado ao IPCA, o que garante proteção do patrimônio contra a inflação no período de acumulação.
Interessante para quem?
Especialistas ressaltam que o RendA+ pode ser uma boa opção para a formação de poupança que proporcione uma renda complementar no futuro. Mas não é a melhor opção para o investidor com capacidade de gerenciar a sua carteira.
“Para quem tem conhecimento suficiente e sabe gerenciar um portfólio de investimentos existem outras opções que fazem mais sentido”, afirma Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores.
O investidor com experiência para comprar uma NTN de longo prazo, ou comprar um outro ativo de mais de médio prazo, e fazer o gerenciamento dessa posição, sabendo entrar em momentos melhores e saindo em momentos piores, terá resultados mais interessantes se administrar o seu próprio portfólio para aposentadoria, afirma o especialista.
Jorge reconhece, no entanto que a maioria dos investidores não tem esse know how, o que torna o Tesouro RendA+ uma boa recomendação para garantir uma renda mensal no futuro equivalente a uma aposentadoria.
“O RendA+ acaba se tornando uma solução viável, uma solução interessante para o investidor que não é do mercado financeiro, que não têm a mínima intimidade com que são ativos de renda fixa” diz o sócio da Quantzed.
O Tesouro RendA+ vem pagando atualmente a correção da inflação além de uma taxa prefixada de cerca de 5,5%, diz Lis Grassi, especialista em investimentos e sócia da Matriz Capital.
“O racional é o mesmo do Tesouro IPCA+, porém visando o longo prazo, aposentadoria, pois nele você vai adquirindo cotas no decorrer de um determinado prazo, escolhido pelo investidor, e depois recebe uma renda mensal durante 20 anos, quando for fazer o resgate”, explica a sócia da Matriz.
A acessibilidade é outra característica do RendA+: “O tiquete de aporte é um tíquete pequeno, com valores bem baixos, o investidor consegue já começar a fazer um programa de aposentadoria” destaca Jorge. “O RendA+ não deixa de ser uma alternativa praquele investidor iniciante, que não tem assessoria personalizada e que consegue investir cerca de R$ 31 por mês, que é o preço médio deste título atualmente”, aponta Lis.
Mas se é para aposentadoria, não seria mais indicado um plano de previdência privada?
"Não podemos fazer uma comparação generalizada com previdência privada, pois existem muitos fundos de Previdência que não tem boa gestão e vêm rendendo muito pouco, assim como existem outros, de gestores mais ativos, que pagam excelentes resultados, diz a especialista
Porém, ela destaca um detalhe importante: no Tesouro RendA+ o investidor não pode mobilizar o dinheiro de um título pra outro. Já na previdência privada ele pode fazer portabilidade de um fundo para outro, de diferente classe, quando quiser. “Hoje com a Selic alta é interessante ter uma previdência pós-fixada”, exemplifica ela. “Quando a Selic estiver dando retorno muito baixo, o investidor pode migrar a os planos de previdência para outro fundo multimercado ou de ações, se ele quiser.”
Outras condições
O valor investido no Tesouro Renda+ será sempre devolvido em 240 prestações mensais, que amortizam todo o fluxo investido no produto.
O período de acumulação de capital, que será a vida desse título, é de 7 a 42 anos, dependendo do vencimento escolhido pelo investidor.
São oito datas de vencimento do título que podem ser escolhidas pelo investidor, começando em 15/01/2030 e terminado em 15/01/2065, com intervalos de 5 anos entre cada título.
Ao definir quando pretende se aposentar e quanto quer receber por mês, o investidor pode fazer simulações do valor a ser poupado a cada mês na compra desses títulos para alcançar seu objetivo.
O risco do título do Tesouro é o risco do governo federal, considerado por alguns especialistas como risco zero.
Carências para o resgate
Diferentemente de outros títulos do Tesouro Nacional, o RendA+ tem um prazo de carência de 60 dias. Após esse prazo, o investidor pode fazer o resgate a qualquer momento.
Mas o resgate pelo caminho não é indicado para um investimento de acumulação de capital de longo prazo para a aposentadoria complementar. Uma forma de estimular essa permanência é a isenção da taxa de custódia, o que torna mais interessante deixar o dinheiro intocado até o vencimento.
O RendA+ terá marcação a mercado, significa que seu valor terá atualização diária pelo valor negociado no mercado. Um processo que não mudará o valor do título e tampouco sua rentabilidade se o investidor permanecer com o papel até o vencimento. O risco é ter de sair antecipadamente do papel em momentos de baixa, o que trará perdas ao investidor.
Além disso, o investidor que fizer o resgate antecipado dos títulos no período inferior a 10 anos pagará taxa sobre o valor de resgate de 0,50% ao ano. Entre 10 e 20 anos, a taxa cobrada será de 0,20% a.a. Acima de 20 anos, 0,10% a.a. Há, ainda, cobranças de taxas semestrais, ou seja, o investidor só paga a taxa de custódia no momento do resgate que ocorrer antes do vencimento do título.