Viés de Enquadramento
O que é o Viés de Enquadramento?
Viés de enquadramento (ou framing effect) é o nome dado à inclinação humana de mudar decisões (tidas como soluções) de acordo com a maneira como o problema é apresentado.
A definição de viés cognitivo é “uma interpretação equivocada dos estímulos, dos dados e da realidade como um todo”. Dessa forma, o mundo à nossa volta permanece autêntico, no entanto, por conta de alguma disfunção no nosso raciocínio lógico, o analisamos de forma errada.
O resultado pode ser tanto uma avaliação incorreta das nossas memórias (como no viés de autorreferência), das nossas opiniões (como no viés de confirmação) e das nossas responsabilidades (como no viés de omissão). E acredite: essa é apenas a ponta do iceberg quando tratamos de vieses.
No caso do viés de enquadramento, o ponto central é a avaliação incorreta dos problemas. Suponhamos que exista um problema A, cuja resolução passe ou pela solução 1 ou pela solução 2.
O mais provável é que você, como o ser racional e inteligente que se julga ser, diga a si mesmo que considera todas as alternativas, o grau de eficácia e eficiência de cada opção etc. No entanto, o que verdadeiramente tende a acontecer, na realidade, é que a forma como a situação é apresentada a você já habilite uma pré-disposição a um dos caminhos propostos. O peso da tendência é ainda maior se somado a outro viés, como veremos adiante.
Como funciona o Viés de Enquadramento? Como ele afeta as suas finanças?
Como já define o efeito de autorreferência, nada melhor para absorvermos melhor um conceito do que o trazermos para o nosso cotidiano. Por isso, vamos a um exemplo prático!
Suponhamos que te apresentemos a seguinte questão: escolher entre comer uma fruta vermelha ou uma fruta amarela nunca antes experimentadas por você como sobremesa. O problema é que apenas uma delas pode ser servida. Sem saber o sabor, fica difícil escolher, não?
Para te ajudar, revelamos mais informações: a fruta vermelha é ácida (como laranjas e abacaxis) e a fruta amarela é semiácida (como maçãs e mangas). Bom, agora é mais provável que você esteja mais inclinado a uma das opções.
Se soubéssemos o quanto você gosta de frutas ácidas (e quiséssemos que você escolhesse a fruta vermelha), estaríamos agora detalhando o quanto o sabor meio amargo e picante é apetitoso. Citar a fruta amarela, aquela sem graça!, nem pensar.
O importante é detalhar os aspectos que te levariam a consumir a fruta vermelha: se o preço superior fosse um ponto negativo crítico, nós também mal citaríamos esse elemento (ou o faríamos de forma muito sutil e rápida).
E isso é o que caracteriza o viés de enquadramento: a manipulação da sua atenção, de modo a influenciar a escolha feita por você.
Em geral, ele é dominado pelas companhias, que sobrevivem a partir do consumo. Cientes do viés atencional, elas guiam os clientes a perceber apenas os pontos de um produto ou serviço que mais os incitem a consumir.
Veja as propagandas de remédio. Nelas, vários segundos são focados no quão bem você vai se sentir quando tomar o medicamento. No entanto, o locutor quase engole as palavras, tentando condensar uma página inteira de contraindicações em 3 segundos.
Pense bem: por que isso acontece? Porque se gastassem a maior parte da propaganda falando dos efeitos colaterais negativos cada vez menos consumidores se arriscariam a comprar, concorda?
Da mesma forma, quando angariam investimentos, empresas e agentes do mercado financeiro mudam a forma de apresentar riscos para tornar esses obstáculos mais aceitáveis.
Se a sua decisão quanto aos fármacos pode mudar com apenas uma propaganda, imagine o que não pode ocorrer com uma apresentação mal elaborada que tenha como objetivo captar o seu capital? Por isso, além de levantar os fatos, muitos desses captadores têm ainda que manejar os seus próprios vieses, de modo a desarmar bombas como a universal aversão a perdas.
