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Viés de Confirmação

Autor:Equipe Mais Retorno
Data de publicação:26/08/2019 às 20:05 -
Atualizado 5 anos atrás
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O que é o viés de confirmação?

É chamado de viés de confirmação o processo mental baseado em buscar, interpretar e se recordar de informações que confirmem as opiniões e visão de mundo de uma pessoa, em detrimento de outras que a questionem ou a refutem.

Na prática, o pensamento enviesado funciona como uma espécie de coleta seletiva do cérebro. Segundo ela, os fatos que indicam que os julgamentos realizados por você estão corretos merecem e devem ser armazenados em uma caixa bonita e brilhante no seu arquivo mental.

Enquanto isso, os fatos contrários são “convidados a se retirar” da sua memória, caindo no completo esquecimento ou sendo atacados de forma deliberada. A mínima ideia de se estar errado também não sobrevive a esse processo.

Embora pareça típico das pessoas arrogantes, ignorantes e afins, o viés de confirmação é comum a todos nós, em diferentes graus, de acordo com a temática ou período da vida.

Afinal de contas, o que são aquelas pessoas arrogantes, ignorantes e afins de quem você se lembrou ao ler essa descrição no parágrafo anterior, se não pessoas que pensam ou vivem diferente de você?

Qual é a origem do viés de confirmação?

Para começar, a última intenção do seu cérebro ao se entregar ao viés de confirmação é ferrar você. Pelo contrário. Em geral, o que acontece é que, na busca por sobrevivência, te tornar uma pessoa limitada e de senso crítico restrito é apenas um efeito colateral, por vezes difícil demais de se identificar.

Para ilustrar a “inocência” do cérebro, vamos voltar ao tempo das cavernas.

Imagine que você é um homem ou mulher das cavernas. Em um período de seca, um pequeno incêndio se inicia em áreas próximas e o seu instinto te diz para correr para o mais longe que puder. Afinal de contas, você já sabe que fogo queima e pode até te matar.

No entanto, um outro membro do seu bando tenta te convencer a ir para mais perto do fogo e seu calor reconfortante.

O que você faz? Provavelmente, a sua mente começa a trazer à tona várias memórias de animais mortos pelo fogo, queimaduras sofridas por outros humanos e até familiares mortos por ele.

“Se você se deixar levar por essa história”, o cérebro diz, “VOCÊ VAI MORRER”.

E, então, você faz de tudo para ignorar o chamado desse outro membro. Se ele tentar convencer seus familiares, você tenta protegê-los e brada aos quatro ventos o mesmo que o seu cérebro te contou: se derem ouvidos a ele, VOCÊS VÃO MORRER. Considerando a época, a linguagem corporal agressiva tende a ser a sua maior arma para comunicar a questão.

Parece lógico, não? Nem sempre. Imagine o quanto o primeiro humano a controlar o fogo (marco evidente da evolução humana) deve ter lutado contra seu próprio cérebro e o de seus companheiros.

Como o viés de confirmação se apresenta hoje?

“Ok, pessoal, mas agora eu sou muito mais evoluído e instruído. Além disso, sou super-racional. O meu homem/mulher das cavernas não era assim”.

Se esse pensamento aparece em letras garrafais na sua cabeça, antes de parar para analisar o seu padrão de discussões recentes e diálogos internos, sentimos te contar… Mas é bem possível que você esteja experimentando na prática, agora mesmo, o viés de confirmação.

É bem verdade que evoluímos e criamos sociedades muito mais complexas, mas com elas os objetos de discussão no nosso dia a dia também se complexificaram e se tornaram mais subjetivos.

Não é mais o fogo: é qual partido político é melhor, qual religião “verdadeiramente leva a Deus”, qual dieta mais contribui para o aquecimento global, qual modelo de trabalho é mais apropriado etc.

Através das redes sociais, especialmente. Nelas, é pedido nossa opinião sobre tudo, o tempo todo, e nos é apresentado pessoas, reportagens e empresas apenas que se alinham a essas opiniões, fortalecendo-as sem questionamento.

Pensando bem, o fogo era “fichinha” perto do volume de distorções de pesquisa, interpretação e memória (os três pilares do viés de confirmação) do nosso cérebro de hoje.

Sobre o autor
Autor da Mais Retorno
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