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Economia

Riqueza no pós-pandemia: quem e quais países ficaram mais ricos?

Ricos ficaram ainda mais ricos, e população dos EUA, China e Europa também enriqueceram

Data de publicação:13/07/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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Todo ano o banco Credit Suisse, responsável pela gestão de boa parte das fortunas globais, faz um levantamento sobre a evolução da riqueza ao longo do tempo.  Recém-publicado, o relatório de 2021 traz alguns dados bastante interessantes.

Acompanhado por todos que, direta ou indiretamente, estão ligados aos family offices, o documento revela que o número de milionários, também chamados de High Net-Worth (HNW), cresceu para 56 milhões de pessoas no mundo.  No caso dos Ultra-High Net Worth (UHNW), houve um aumento de 24% no número de pessoas dentro desse grupo, apesar do rastro de destruição deixado pela pandemia.

Foto: Freepick
moedas e mercado financeiro

Já para a super elite, composta pelo 1% do topo da pirâmide, ela detém nada menos que 45% de toda a riqueza do planeta.

Prosperidade

Mundialmente falando, o relatório do Credit Suisse aponta um valor total em torno de US$ 418 trilhões, tendo crescido 7,4% em relação ao ano anterior.  Levando-se em conta a riqueza individual, a alta foi de 6%, alcançando um valor próximo a US$ 80 mil. 

Excluindo-se a desvalorização do dólar frente as principais moedas internacionais, a riqueza ainda assim aumentou 4,1%, gerando um impacto de 2,7% na riqueza individual.  Para surpresa de muitos, isso foi constatado inclusive nos países que mais sofreram com a covid-19. 

Na avaliação regional, locais com programas governamentais mais ambiciosos beneficiaram o enriquecimento da sociedade (EUA, Europa e China) enquanto na América Latina houve um recuo de 11,4%.

Desconsiderando fatores culturais (países com maior ou menor propensão a poupar), dois elementos foram determinantes para o padrão de riqueza alcançado:

Investimentos

Se saíram bem aqueles que detinham algum tipo de patrimônio, inclusive o imóvel próprio.  Entre as classes de ativos, as ações foram as que tiveram o melhor desempenho.   

Renda

Ausência de auxílio governamental e setor de atuação ampliaram as perdas.  A falta de uma reserva de emergência e a dependência de áreas como turismo, alimentação fora de casa (restaurantes) e varejo físico empobreceram tanto empregados como empregadores.

Estímulos

Baixas taxas de juros e programas de estímulo inevitavelmente inflacionam os preços dos ativos, desde imóveis até ações. Isso por si só torna cada vez maior a diferença entre investidores e não-investidores, como a última década bem demonstrou.

Porém, olhando apenas para o ano de 2020, a escala das medidas implementadas ultrapassa qualquer referência.  Justificáveis pelo evento de grandes proporções que afligiu a humanidade, teme-se que os seus efeitos colaterais ainda estão por vir.

A distinção entre “Main Street” (a economia real) e “Wall Street” (o mercado financeiro) sempre vem à tona, incendiando o debate sobre o papel que os bancos centrais deveriam cumprir, seja em relação às mudanças climáticas, seja em relação à desigualdade.

Não por outro motivo, o relatório mais recente do BIS (entidade que funciona como o banco central dos bancos centrais) dedica um capítulo inteiro aos efeitos da política monetária na distribuição de renda.

Missão

No auge da globalização, era comum que os banqueiros centrais atribuíssem a desigualdade a fatores fora de seu controle, como a migração de cadeias inteiras de produção para locais onde os custos eram menores, deixando muitos sem trabalho.

Nesse contexto, alegavam que tinham uma única missão (o controle da inflação) e um único instrumento (a taxa de juros).  Adicionalmente, reconheciam as limitações de seus modelos econômicos, que nada mais são que uma simplificação da realidade.

Voltando à realidade de hoje, preferem deixar as coisas como estão, pois acreditam que, ao considerarem outros objetivos, podem não alcançar nada de concreto, dadas as forças disruptivas que agem na economia.  Como todo banqueiro central atesta, conduzir a economia é como atirar em um alvo móvel, o que exige muito mais habilidade e foco.

Uma abordagem mais flexível, vista por outro ângulo, parece ser uma estratégia melhor do que simplesmente atirar em várias direções.  Uma média de inflação ao invés de uma meta de inflação.

Conclusão

A formação de patrimônio é o que efetivamente leva à riqueza.  Como mostram os dados coletados pelo Credit Suisse, isso vale para qualquer lugar do mundo, visto que hoje pode-se investir em uma infinidade de classes de ativos, localizados no mercado americano, europeu e asiático.

Uma reserva de emergência, juntamente com uma carteira diversificada de ativos, enfrenta qualquer cenário adverso.  Para o investidor brasileiro, que ainda carrega o home-bias (a tendência de concentrar o patrimônio no mercado local), isso é extremamente relevante, considerando as eleições de 2022 e a expectativa de aumento de juros pelo Federal Reserve (Fed) em 2023.

A economia global pode gerar uma riqueza adicional de 39% nos próximos 5 anos se as coisas não saírem dos trilhos. Isso representa uma riqueza individual 31% maior, superando os US$ 100 mil.  De acordo com as previsões do banco suíço, o número de milionários cresceria para 84 milhões sendo que os multimilionários chegariam a 344 mil.

É fato que os preços atuais dos ativos só se sustentam se os juros permanecerem baixos em boa parte do mundo.  Apesar das preocupações com a inflação decorrente da retomada econômica, os bancos centrais possuem todo o interesse do mundo em evitar um novo taper tantrum, o que poderia gerar o pânico e a venda generalizada de papéis.

Dito isso, são três os elementos que todos devem se atentar.  O primeiro deles diz respeito ao retorno à normalidade, uma vez que a demanda reprimida é atendida com os recursos poupados durante a fase mais crítica da pandemia. 

Não menos importante, o restabelecimento do fornecimento pelas cadeias globais de valor, muitas das quais prejudicadas pela falta de componentes e pelo custo do frete marítimo, já impactado pelo aumento nos preços do petróleo.

Por fim, os preços de serviços, que tendem a voltar com força total.  Com ou sem patrimônio, a verdade é que todos querem viver, da forma mais plena possível: 

“Alguns desses fatores podem se autoajustar ao longo do tempo. Por exemplo, as taxas de juros começarem a subir em algum ponto, e isso irá abafar os preços dos ativos.”

Anthony Shorrocks

Economista e autor do relatório Global Wealth Report (Credit Suisse)

*Este artigo não expressa necessariamente a opinião do portal Mais Retorno

Sobre o autor
Nohad Harati
Possui MBA em Finanças e LLM em Direito do Mercado Financeiro (ambos pelo Insper/SP). É gestora de uma carteira proprietária, além de ser responsável por um Family Office.

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