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Dólares empilhados: Fundo Western FIA BDR está exposto à variação cambial
Economia

Por que o dólar está prestes a subir para a faixa de R$ 5,70?

Com base no cenário atual, não será fácil o dólar ficar mais barato

Data de publicação:14/10/2021 às 09:10 -
Atualizado 3 anos atrás
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Caros leitores, estive ausente durante um período, recarregando um pouco as baterias, mas volto agora com força total para continuar analisando o mercado cambial.

Em nosso último encontro, apontei que, se a relação entre o dólar e o real ficasse na faixa acima de R$5,30 acabaria chegando a R$5,50. E se caso rompesse esse patamar, poderia subir para R$5,70.

Foto: Envato
Após romper a faixa dos R$ 5,50, o dólar avança mais um degrau e pode atingir os R$ 5,70 - Foto: Envato

Aconteceu a subida para R$5,50 e agora estamos vendo o dólar subir mais um degrau. Por isso, recomendei, para quem tivesse a necessidade de comprar dólares, a importância da análise da cotação observada no último artigo, que estava em torno de R$ 5,20.

Lembrando, mais uma vez, que esta coluna não tem o intuito de sugerir qualquer tipo de operação. As opiniões aqui configuram apenas uma análise provável sobre o que deve ocorrer no mercado cambial no Brasil e no mundo.

Sigo observando uma boa correlação entre o DXY e o dólar ante o real, como pode-se observar no gráfico abaixo, que sinaliza as cotações de fechamento semanal das duas moedas – dados atualizados até 11/10/21.

Fonte: Wagner Investimentos

Os “motores” que atuam em nossa moeda

No lado externo, o DXY segue em tendência de alta no médio prazo e agora também no longo prazo. Segundo o modelo da Wagner Investimentos, o rompimento definitivo da região de 92,50 favorece o Dollar Index se manter mais forte.

Por enquanto, a região perto de 95,00 é uma resistência e pode haver uma queda em direção a 93,50, o que favoreceria a compra de dólares.

Este relatório foi escrito antes do dia 14 de outubro, data da divulgação do CPI americano de setembro, e antes da divulgação da ata da reunião do Fomc (Copom americano) do dia 22 de setembro. Dependendo do cenário, podemos ter mais dificuldade de observarmos esta eventual queda.

No cenário interno, há matérias fundamentais para serem tramitadas no Congresso, como a Reforma do IR (aprovada na Câmara e que agora está no Senado), passaporte tributário (aprovado no Senado e que agora está na Câmara), reforma administrativa (na Câmara), solução para os precatórios (que deve ter o parecer da Comissão Especial da Câmara aprovado na próxima semana), votação do projeto do ICMS sobre os combustíveis e definição do Auxílio Brasil.

O Congresso deveria priorizar estas pautas, pois é importante que os investidores tenham segurança de que o teto de gastos será preservado em 2022.

Além disto, faltando duas semanas para encerrar o mês de outubro e sem qualquer possibilidade de aprovação do Auxílio Brasil nestes dias, o governo deverá prorrogar o auxílio emergencial até dezembro com recursos fora do teto de gatos. Ou seja, os dois motores estão ligados para favorecer o dólar a subir.

Retrospectiva

22 de setembro - reunião do FOMC. O Comitê de Política Monetária do Fed indicou que deverá iniciar o processo de redução de compras de ativos (tapering) a partir da próxima reunião, que ocorrerá em 3 de novembro. Este anúncio não foi nenhuma surpresa para o mercado e a redução dos estímulos deverá acontecer gradualmente até meados de 2022.

O que surpreendeu negativamente foi a mudança observada no gráfico de pontos, que aponta que os juros poderão subir a partir do próximo ano - deveremos ter quatro altas até o final de 2023, o dobro do previsto em junho. A única boa notícia é que, no longo prazo, os juros deverão atingir 2,50%, como previsto anteriormente.

01 de outubro - PCE, inflação oficial do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de agosto. O número apontou que o núcleo da inflação está estável há três meses, o que é um sinal positivo.

Porém, observando o estudo do Fed de Cleveland, a inflação se mostra resistente porque a mediana está subindo e a diferença entre a inflação cheia e o núcleo da inflação (ou core, que retira o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis) está aumentando, indicando que o núcleo deverá ser afetado em breve.

Ainda é possível acreditar na tese de inflação transitória, mas este período transitório será mais longo. Discutiremos em breve este tema nesta coluna.

08 de outubro - payroll. Este dado é bem complexo, pois envolve o número de contratações, taxa de desemprego, reajuste salarial, horas trabalhadas e participação da população na força de trabalho. Os gráficos abaixo foram feitos por Robin Brooks, economista chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF), e mostram que a taxa de desemprego seria maior se a de participação fosse a mesma de 2019, no período pré-pandemia.

Foto:

De acordo com os gráficos, o desemprego aparentemente não está tão baixo (4,8%) e ainda faltam criar em torno de 5,5 milhões de postos de trabalho para o emprego voltar ao mesmo nível de antes da covid-19 - um longo caminho pela frente. O payroll foi positivo, mas não a ponto de convencer o Fed a antecipar o início do ciclo de aperto monetário.

Próximos eventos relevantes

  • 27 de outubro – Copom
  • 03 de novembro – reunião do Fomc
  • 05 de novembro – dado do emprego americano - payroll

Caminhos para a relação entre o dólar e real

Na minha última coluna, publicada em junho, comentei que, se o Dollar Index rompesse 92,50, deveríamos ter uma reversão global no mercado de moedas. E sinalizei que há tempos, com o Dollar Index acima de 91,80, a relação entre o dólar e o real não deveria recuar do patamar de R$ 5,15.

Além disto, alertei para o risco de o câmbio romper R$5,30 e atingir a faixa de R$5,50, e que a ruptura deste último patamar poderá levar o dólar para a faixa de R$5,70.

Por enquanto, não há nenhuma motivação para mudar o prognóstico feito anteriormente. Em resumo, com base nas notícias conhecidas até o momento, não será fácil o dólar sair da região de R$5,30 e se mover para baixo.

O que vamos monitorar agora é se o DXY seguirá abaixo de 95 ou se passará deste nível, fato que dará ainda mais sustentação para o dólar no mundo.

Assim, caso o DXY respeite o nível de 95 - observem que o gráfico comparativo entre DXY e o câmbio sempre mostrou este nível, porque este patamar é uma importante resistência - e o Congresso vote os temas citados acima, garantindo a responsabilidade fiscal para 2022, poderemos ver o câmbio respeitando o teto de R$5,70 sugerido neste momento pelo modelo da Wagner Investimentos. 

Sobre a questão política, o evento mais importante agora é a prévia do PSDB marcada para o dia 21 de novembro. Sempre comento que o espaço temporal para uma queda da relação entre o dólar e o real era limitado pelo cenário político - quanto mais perto do final do ano, mais difícil seria para o dólar cair.

Vamos seguir monitorando o assunto. Caso surja uma candidatura viável de terceira via poderemos ver o mercado reagindo positivamente. Mas ainda teremos muito tempo para debater este tema.

Desejo a todos uma ótima semana e bons negócios!

*Este artigo não expressa necessariamente a opinião do portal Mais Retorno.

Sobre o autor
Jose Faria Júnior
José Raymundo de Faria Júnior é economista graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestre em Administração pela Fecap. Sócio desde 2006 da Wagner Investimentos, possui as certificações financeiras CFP®️, CNPI, CGA e é Consultor de Valores Mobiliários.
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