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Bancos caíram mais que o Ibovespa em setembro, com crise da Evergrande e inflação global

A crise de liquidez da imobiliária chinesa trouxe temor de risco sistêmico

Data de publicação:14/10/2021 às 05:00 -
Atualizado 3 anos atrás
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O setor bancário, que já vinha mal das pernas ao longo do ano na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, teve desempenho pior ainda em setembro. Relatório do banco Inter, assinada pelo analista Matheus Amaral, aponta que o IFNC, índice que mede o desempenho dos bancos na B3, recuou 9,4% no mês passado, queda superior à de 6,57% do Índice Bovespa (Ibovespa).

O cenário internacional contribuiu para o desempenho negativo dos bancos por causa das incertezas geradas principalmente pela deterioração financeira da construtora chinesa Evergrande. A crise de liquidez na gigante do setor imobiliário da China disseminou o temor de um risco sistêmico aos mercados globais, de acordo com o relatório.

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Grandes bancos tendem a lucrar mais com a elevação dos juros

A possibilidade de um calote da incorporadora chinesa foi apenas um dos motivos de incerteza no cenário externo, onde ganharam força também os sinais de aceleração da inflação, fenômeno que já vem preocupando nos investidores no mercado doméstico.

A escalada da inflação global, fenômeno agravado pelo aumento dos preços de commodities (minerais e metálicas), alimentos, petróleo e energia, dentre outros insumos, pressiona a política monetária dos bancos centrais pelo mundo. E também os mercados financeiros, que têm patrocinado uma inclinação da curva de juros – uma elevação dos juros futuros, antecipando-se até mesmo às possíveis iniciativas nessa direção dos bancos centrais.

Nem sempre juros em alta favorece bancos

Os juros futuros são referência para a tomada de empréstimos e investimentos por prazos mais longos. A alta dos juros futuros é um movimento que parece positivo para os bancos, mas no curto e médio prazo, destaca o relatório, os spreads continuam pressionados - o custo de funding ou de captação de recursos pelos bancos sobe imediatamente e as taxas médias, as cobradas dos tomadores de crédito, demoram para se ajustar a esse ritmo de alta das taxas futuras.

O aumento dos juros gera efeitos distintos no segmento bancário, segundo especialistas. É menos favorável para os bancos digitais, que vão conseguir alavancar menos seus projetos de forte e rápida expansão, “porque o custo de oportunidade para reinvestir os recursos aumenta”, explica Elídio Almeida, especialista da Valor Investimentos.

Almeida destaca que durante a temporada de juros baixos os chamados bancos digitais ou fintechs reinvestiam boa parte dos lucros em projetos de expansão, iniciativas que devem perder fôlego com o juro mais alto. E isso tende a favorecer os grandes bancos, os bancões, que têm pela frente a concorrência cada vez mais acirrada dos bancos digitais. Principalmente após a chegada do open banking, aponta Almeida.

A ideia geral é que a elevação dos juros beneficia os bancões, mas, em um primeiro momento, “ela influencia a margem financeira dos bancos, com pressão sobre os spreads”, avalia Matheus Amaral, analista do setor financeiro da Inter Research. Como a alta dos juros comprime a margem no curto prazo, a perspectiva é que os bancos tenham margens menores com crédito enquanto durar o ciclo de elevação dos juros, acredita.

Otimista, Amaral vê uma perspectiva positiva para os bancos, após uma trajetória negativa que persiste desde 2020, principalmente com a oferta ampliada de crédito para pessoa física. Ainda assim, ele aposta em “resultados melhores para os bancos que têm braço de seguro, como o Bradesco e o Itaú”, que sofreram muito durante o período de pandemia. Mas no fim das contas, segundo ele, “todos os grandes bancos, principalmente os privados, devem se beneficiar da alta dos juros”.

Aumento da competitividade

O analista da Inter Research afirma que o aumento de competição de serviços com o avanço do open banking deve beneficiar as fintechs, “que têm ainda pouca fatia de mercado”, mas os grandes bancos, que ele chama de incumbentes, também têm pouco a perder. “Nada que afete muito os resultados no médio e longo prazo.”

O especialista Almeida, da Valor Investimentos, considera que esse ambiente de competição com os bancos digitais, um grande desafio para as instituições financeiras tradicionais, coloca o Itaú sob uma perspectiva mais otimista, diante das demais. “É o banco que está mais à frente em seu tempo para se adaptar ao novo modelo de negócios”, aponta.

“O Itaú é o banco que está tomando a dianteira no processo de mudanças estruturais que o setor bancário vem passando”, reforça Leo Monteiro, analista de research da Ativa Investimentos. “Um banco que vem se modernizando, adotando uma estratégia físico-digital”.

Nesse processo de modernização, na opinião de Almeida, especialista da Valor, Santander e Banco do Brasil estão mais atrasados em acompanhar a evolução dos negócios no mundo digital, de mais inovação e menos burocracia, e Bradesco no meio-termo. Almeida situa o Bradesco a caminho da inovação, “mas ainda mais distante dos bancos digitais”.

O especialista da Valor Investimentos afirma que, de forma geral, a concorrência das fintechs contribuiu para a desvalorização das ações dos bancos tradicionais. “Todos são sendo negociados por valores muito baixos em relação ao valor patrimonial, principalmente o Banco do Brasil”, avalia. “No caso do BB, o banco público embute ainda o risco político”, aponta, referindo-se à possibilidade de que venha a ser usado pelo governo para fins político-eleitorais.

Sobre o autor
Tom Morooka
Colaborador do Portal Mais Retorno.

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