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Inflação dos EUA sobe 1,2% em março ante fevereiro e atinge maior salto anual desde 1981
Economia

Por que a queda do dólar não é um mérito da economia brasileira?

Hoje, eu vou trazer à tona um movimento econômico que pode causar controvérsia: a cotação do dólar frente ao real, em R$5,20, um resultado que se…

Data de publicação:10/05/2021 às 12:41 -
Atualizado 3 anos atrás
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Hoje, eu vou trazer à tona um movimento econômico que pode causar controvérsia: a cotação do dólar frente ao real, em R$5,20, um resultado que se deve muito mais à desvalorização da moeda americana pelo mundo do que pela valorização da nossa moeda.

De forma prática, a queda do dólar no Brasil se deu mais pelo efeito da “gravidade” do que por mérito, de fato, dos nossos fundamentos.

Foto: Envato
Queda do dólar: movimento está mais ligado à economia externa do que doméstica - Foto: Envato

Antes, porém, vou comentar rapidamente os dois eventos mais importantes da semana passada e que foram importantes para o mercado cambial.

Reunião do (Copom).

Os investidores entenderam que o Banco Central poderá subir a taxa de juros Selic um pouco mais do que consta no relatório Focus da semana passada (5,50%) devido à seguinte frase no comunicado:

 “O comitê enfatiza, entretanto, que não há compromisso” com um ajuste parcial da taxa de juros “e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação”.

A próxima reunião será no dia 16 de junho e os juros deverão subir, conforme indicado, dos atuais 3,50% para 4,25%. Em resumo, a alta da taxa Selic deixa as operações especulativas de compra de dólar menos atrativas e isso favorece o real. Importante também será acompanhar a ata que será publicada na terça-feira, dia 11.

Payroll, nos Estados Unidos

O Payroll é, atualmente, o principal indicador da economia dos Estados Unidos, e o dado de abril veio muito abaixo do previsto pelo mercado – 266 mil vagas, ao invés da marca prevista de 1 milhão. Para os meses de fevereiro, março e abril esperava-se a criação de 2,4 milhões de vagas de empregos, mas no acumulado dos últimos 3 meses foram criadas menos de 1,6 milhão de vagas.

Analisando todos os números, não podemos dizer que o relatório foi ruim, mas de forma prática, enfraqueceu o dólar globalmente, já que a economia parece não estar tão aquecida como previsto.

Para esta semana, o destaque será a divulgação do índice de inflação do consumidor (CPI, em inglês) nos Estados Unidos, na próxima quarta-feira, 12. Apesar de não ser o dado oficial da inflação, é um índice muito importante, principalmente no núcleo que exclui alimentos e combustíveis, e que poderá dar sobrevida ao dólar no mundo.

Na semana passada, o real se desvalorizou um pouco até a última terça-feira, quando quase atingiu R$5,50. Foi um evento até previsível, alertado nesta coluna. Mas tivemos sorte também, é claro! Porém, a partir daí, a nossa moeda se valorizou e atingiu os R$5,20 rapidamente.

Neste momento, o dólar frente ao real está cotado em uma zona de sustentação forte, estimada entre R$5,15 – R$5,20 pelo modelo da Wagner Investimentos. Não deve acontecer um rompimento definitivo deste patamar no curto prazo, e é possível uma nova recuperação técnica do dólar no Brasil em direção a R5,30, ou um pouco mais.

Será importante monitorar o reflexo dos próximos eventos. Porém, se o dólar começar a perder de forma vigorosa o patamar de suporte acima descrito, poderemos ver a moeda ir rapidamente em direção a R$5,00.

Observe o gráfico abaixo, que compara a variação entre Dollar Index e o dólar/real desde início de novembro passado: o que ocorreu no Brasil foi muito mais um reflexo do movimento do dólar no exterior nestas últimas semanas.

A escolha da data inicial do gráfico se deve ao fato da máxima do Dollar Index do dia 30 de março ter sido no mesmo patamar da máxima do dia 03 de novembro e a cotação de fechamento de sexta-feira ter sido muito próxima da cotação mínima deste período.

A pior performance da nossa moeda, entre meados de fevereiro até alguns dias atrás, se deu basicamente por dois motivos: o retorno de Lula à política e a falta de solução para o Orçamento deste ano.

Mas, passado o susto de Lula e resolvida a questão do Orçamento - apesar do mesmo não ter agradado a equipe econômica -, o real conseguiu ganhar impulso em meio à queda do Dollar Index.

O que merece destaque em favor de nossa moeda são dois eventos muito recentes: a alta da taxa Selic, comunicada na última quarta-feira, e a curva descendente de casos e de mortes da Covid-19, que permite a reabertura da economia.

Observe que a linha vermelha, que representa a nossa moeda, começou a ficar abaixo da linha azul, que representa oo Dollar Index, somente nos últimos dias.

Em resumo: até o momento me parece muito mais um movimento global de queda do dólar do que uma apreciação do real pelo aumento da confiança dos investidores no país. Caso o Dollar Index siga caindo, o dólar/real também deve seguir em queda.

Na coluna Real x Dólar: uma longa história de desvalorização, publiquei gráficos mostrando o excesso de desvalorização do real após o início da pandemia da Covid-19 e mostrei o porquê o dólar/real a R$4,30 seria uma cotação viável.

A partir das próximas semanas irei detalhar os motivos pelos quais o real pode se valorizar e quais patamares a nossa pode alcançar. Porém, em que pese alguns dos nossos fundamentos terem melhorado, isso não significa que a nossa moeda obrigatoriamente irá se valorizar.

PMI Manufacturing

No dia 03 de maio foi divulgada a pesquisa PMI da Indústria dos Estados Unidos pelo ISM. Particularmente, o PMI é o meu indicador favorito - foi a base da minha dissertação de mestrado. Em linhas gerais, um número acima de 50 (considerado a linha d’água) indica expansão da economia, e abaixo de 50 indica contração da economia.

O Purchasing Managers’ Index (PMI) do atual instituto ISM é uma pesquisa qualitativa sobre as condições de negócios das indústrias e surgiu logo após a crise de 1929, a pedido do presidente Hoover, que queria um indicador que mostrasse antecipadamente a situação econômica dos Estados Unidos.

Algumas décadas depois, o instituto britânico Markit começou a fazer pesquisas PMI em diversos países, inclusive no Brasil. Além do ISM e Markit, há outros institutos que também fazem esta pesquisa, e destaco no Brasil o Banco Bradesco.

Relatório da Alpine Macro, assinado por Harvinder Kalirai, apontou um possível sinal de pico no crescimento econômico do PIB dos EUA devido um arrefecimento no índice PMI. Partindo dessa premissa, vou fazer uma adaptação de sua ideia, pois o relatório considera outras questões macroeconômicas.

  1. O índice mensal caiu de 64,7 (o maior dos últimos 40 anos) para 60,7. A queda pode indicar que a economia dos Estados Unidos atingiu o seu pico. O número, entretanto, é muito forte ainda: a média entre janeiro de 2000 e abril de 2021 é de 52,7 pontos;
  2. O subíndice de preço segue mostrando que as indústrias estão sofrendo com aumento dos preços dos seus insumos;
  3. O subíndice de entregas segue sinalizando que as indústrias estão sofrendo grande atraso nas entregas e, desta forma, formando gargalos na produção.

O próprio Fed (Federal Reserve, o banco central americano) acredita que estes gargalos são uma das causas da inflação mais alta neste momento, e que com a sua normalização, a inflação irá ceder.

Comparando o índice geral do PMI com o PIB dos Estados Unidos - a série abaixo se inicia em 2001 - percebe-se uma correlação forte entre os dados.

Assim, é possível que a economia dos Estados Unidos esteja atingindo o seu pico de crescimento neste momento e, se isso for verdade, o Fed terá motivos para manter a atual política monetária: juros em 0,15% ao ano e compras mensais de ativos em $120 bilhões. Em resumo: dólar seguiria a sua tendência de queda no mundo.

Fonte: Fred St. Louis e ISM. Adaptado pelo autor

Desejo a todos uma ótima semana e bons negócios!

*Este artigo não reproduz necessariamente a opinião do portal Mais Retorno.

Sobre o autor
Jose Faria Júnior
José Raymundo de Faria Júnior é economista graduado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestre em Administração pela Fecap. Sócio desde 2006 da Wagner Investimentos, possui as certificações financeiras CFP®️, CNPI, CGA e é Consultor de Valores Mobiliários.

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