O dilema dos gestores de multimercado: tomar maior risco ou se defender? Veja os campeões em 12 meses
Preferência tem sido por papeis na Bolsa com preços atraentes e bons dividendos e a generosa renda fixa
Os gestores de fundos multimercado estão diante de um dilema: tomar mais risco em ativos com maior potencial de ganho ou jogar na retranca, reforçando a proteção com uma posição defensiva da carteira.
A liberdade que têm para a alocação de recursos do patrimônio facilita a gestão de investimento nessa classe de ativos. Embora muitos estejam com desempenho respeitável no ano e em 12 meses, a captação é negativa em 2022.
São múltiplas as estratégias na alocação do portfólio em renda variável, moedas, ações globais, títulos públicos e privados, em busca de melhor rentabilidade para os cotistas. O gestor tem a flexibilidade de apostar tanto na alta como na baixa desses mercados para performar o fundo.
Mas, em tempo de incertezas com inflação e juros altos globais, guerra no Leste da Europa, volta do fantasma da pandemia do coronavírus na China, dúvidas com a economia, “os gestores têm preferido uma carteira mais defensiva”, afirma Breno Bonani, analista-chefe da VGR Asset.
Pechinchas na Bolsa para os multimercado
Nesse cenário mais desafiador, de elevada volatilidade nos mercados, “a maioria de gestores e investidores tem procurado, na Bolsa, por ações de companhias negociadas por múltiplos bastante atraentes, baixos”.
Ações com desconto, baratas, tanto em relação à sua média histórica negociada na Bolsa quanto em comparação com os principais concorrentes do setor que estão entregando resultados.
São empresas que atraem gestores, em busca de uma camada de proteção mais defensiva, também por causa da valorização recente das commodities. “O momento ainda é favorável para ter ações de empresas de commodities em carteira”, avalia Bonani.
Papeis de bancos e empresas de energia elétrica, que pagam altos dividendos, também estão na mira de gestores, aponta o analista.
Além de distribuir bons dividendos, “são ações que acabam segurando, amortecendo a volatilidade da carteira em momentos de maior instabilidade no mercado”.
Bonani diz que os gestores, tanto locais quanto internacionais, estão com bastante apetite para investir no Brasil. Senão por outros motivos, por falta de opções, porque não tem muito para onde correr com o dinheiro.
“As bolsas dos Estados Unidos estão caindo, a China ainda transmite muita dúvida e o Brasil, nesse ambiente de incertezas, se apresenta com um valuation (valor de empresa) bastante atraente”. Principalmente no segmento de commodities, com “empresas de atuação quase global que dominam boa parte do setor”.
Breno Bonani, analista-chefe da VGR Asset.
Outro fator de atração de gestores, em um ambiente global de poucas opções, são os juros altos do País. “A renda fixa do Brasil oferece juro real de 5%, 6% ao ano, que é o que todo investidor estrangeiro está procurando e não encontra em outro lugar do mundo.”
O analista-chefe da VGR Asset diz que “gestores e investidores sabem que o País tem ruído político, mas sabem também que o Brasil não vai quebrar e não oferece risco de calote tão absurdo”.
Motivos suficientes para investir no Brasil, “que está pagando juro real de 5% a 6%, na renda fixa, e tem muitas companhias atraentes com ações com desconto na bolsa”.
Especialistas afirmam que uma escolha seletiva de ações, defensivas, mas com perspectiva e potencial de valorização, e a escalada dos juros podem voltar a vitaminar o desempenho dos fundos multimercado.
São fundos que cobram taxa de administração média de 2% ao ano, além de taxa de performance, e sofreram com a queda da Selic para níveis históricos de baixa. A volta da Selic para além de dois dígitos tende a devolver parte da rentabilidade perdida com o tombo dos juros.
Captação negativa e campeões em 12 meses
Embora com captação seja negativa nos primeiros quatro meses de 2022, em R$ 47,2 bilhões, pelos dados da Associação Brasileira das Entidades de Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o desempenho de muitos fundos multimercado chama a atenção.
Em um universo de 894 fundos multimercado, 193 ou 22% deles conseguiram apresentar rendimento nominal acima da inflação acumulada em 12 meses, que ficou em 12,13%.
E isso dentro da base de pesquisa da Mais Retorno, que considera os fundos multimercado em operação há pelo menos um ano, patrimônio mínimo de R$ 17 milhões e abertos ao público.
Fundo | Rend. 12 meses | Rend. em 2022 |
---|---|---|
Fim Tesouraria 1B FIM CP | 378,16% | 32,76% |
Bozano Growth Advisory FIC FIM | 73,65% | -3,65% |
BTG Pactual Economia Real | 67,77% | 62,71% |
Trend Commodities | 57,60% | 34,77% |
G5 Allocation VC II | 48,53% | 3,74% |
PSS Espectro | 46,93% | 39,32% |
CSHG Canary Venture Capital | 43,97% | 9,59% |
CSHG Lexington Secondarie | 41,49% | 4,95% |
SPX Raptor Feeder | 40,38% | 33,36% |
Raptor L FIC FIM CP IE | 40,37% | 33,36% |
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