Mercados devem dar atenção às commodities e monitorar ruídos políticos nesta 3ª feira
O cenário internacional, que tem influenciado em grande medida o comportamento dos mercados no ambiente doméstico, não acena com a divulgação de nenhum indicador macroeconômico relevante…
O cenário internacional, que tem influenciado em grande medida o comportamento dos mercados no ambiente doméstico, não acena com a divulgação de nenhum indicador macroeconômico relevante que possa influenciar as decisões de investidores nesta terça-feira, 18. Confira o fechamento do mercado na véspera.
As tomadas de posições, quando muito, podem ser influenciadas pelas expectativas com a ata do Fomc (Comitê de Mercado Aberto) do Fed (Federal Reserve, banco Central dos EUA) que será divulgada na tarde de quarta-feira.
Investidores esperam que essa ata dê uma indicação mais clara de quantas andam a economia americana e a inflação e, com base nelas, encontrar possíveis pistas sobre a política de juros do Fed.
Por enquanto os juros americanos são mantidos baixos em um ambiente de estímulos fiscais e monetários que procuram dar suporte à recuperação de atividade, mas alguns analistas afirmam que a economia americana já ganhou tração suficiente e pode passar a gerar inflação.
Uma elevação dos juros, para abortar possível pressão inflacionária, tende a influenciar o movimento global de capitais. Capitais que transitam pelo mundo podem tomar o rumo dos Estados Unidos, em um cenário de agravamento de aversão ao risco, à procura de porto seguro, que são os títulos do Tesouro americano, com uma remuneração mais atraente.
Um movimento desses provocaria impacto também nos mercados internos, que tem como pano de fundo um cenário ruim por causa das incertezas políticas, de acordo com Cristiane Quartaroli, economista do banco Ourinvest.
Pontos negativos que não afetam mais intensamente o mercado financeiro interno por causa do cenário internacional mais favorável, sobretudo de juros baixos nos EUA.
Ruídos políticos podem atingir mercados
Apesar de uma sequência de quedas do dólar, Cristiane diz que os ruídos políticos, agravados com a CPI da Covid, trazem pouco mais de aversão ao risco que deixa o câmbio ainda pressionado.
Enquanto a expectativa do mercado se volta aos indicadores econômicos dos EUA e às possíveis declarações de membros do Fed sobre temas como inflação e juros, as empresas exportadoras de commodities dominam a cena no mercado de ações, beneficiadas pela forte valorização do minério de ferro e aço, puxada pela pressão compradora da China.
NY: futuros em alta
Os contratos futuros das bolsas de Nova York registram alta nesta terça-feira, com o mercado um pouco mais otimista sobre a reabertura econômica, o que impulsionará o crescimento.
Além disso, os investidores seguem aguardando os dados imobiliários, divulgados ao longo do dia, e avaliando a postura do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sobre a inflação.
Os investidores avaliam a possibilidade de o Fed agir em resposta à inflação com a retirada de estímulos, que impulsionaram os mercados nos últimos tempos. Na próxima quarta-feira, 19, o Fomc (o Copom americano) divulgará a ata da última reunião.
"Até agora, o mantra do Fed tem sido minimizar fatores impulsionadores como transitórios, mas os mercados ficarão de olho em uma série de discursos do Fed esta semana para saber se as mensagens mudaram", observa o Danske Bank.
Na véspera, o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, admitiu que, nos próximos meses, será difícil ter uma leitura acurada da inflação, por conta da base de comparação fraca.
O vice-presidente do Fed, Richard Clarida, também ressaltou o caráter transitório do movimento, mas disse que ficará atento.
Avaliando as possíveis reações do Fed à alta da inflação, investidores se desfizeram de Treasuries e, como consequência, os rendimentos subiram.
Como historicamente tendem a pagar menos dividendos que outros setores, as empresas de tecnologia costumam ficar em desvantagem quando há aumento sustentado dos juros de títulos públicos. Facebook (-0,15%), Apple (-0,93%) e Microsoft (-1,20%) recuaram.
CPI da Covid: Pazuello e Araújo
O mercado financeiro divide suas atenções com o cenário doméstico, que tem como um dos principais assuntos os trabalhos da CPI da Covid, cujos trabalhos são retomados nesta terça-feira.
Nesta semana serão interrogados os ex-ministros Ernesto Araújo, de Relações Exteriores, Eduardo Pazuello (Saúde), e a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como “capitã cloroquina”.
O primeiro a ser ouvido será o ex-chanceler Ernesto Araújo, que deixou o Itamaraty sob tensão em relação ao Senado. Demitido em março, ele acusou o núcleo do Palácio do Planalto – influenciado por militares e congressistas – de ter perdido “a alma e o ideal”.
Na lista de perguntas que deverão ser feitas pela CPI à Araújo estão as orientações passadas a embaixadas para compra de medicamentos como a cloroquina; detalhes da missão oficial para conhecer um spray nasal em Israel; interferência dos filhos do presidente na política externa; e hostilidades em relação à China.
Na véspera, após o ex-ministro Eduardo Pazuello garantir no Supremo Tribunal (STF) salvo-conduto para ficar calado durante depoimento à CPI da covid em caso de perguntas que possam incriminá-lo, Mayra também decidiu acionar a corte pelo mesmo direito do ex-ministro de ficar calada.
A secretária alegou “temor” em razão de suposta “agressividade” dos senadores ao inquirir os depoentes da comissão. Sua oitiva na CPI está marcada a próxima quinta-feira, 20, a partir das 9h.
Bolsas asiáticas fecham em alta
As bolsas asiáticas fecharam em alta nesta terça-feira à medida que investidores foram em busca de barganhas após recentes perdas causadas em parte pelo surgimento de novos surtos de covid-19 na região.
O índice acionário japonês Nikkei subiu 2,09% em Tóquio hoje, aos 28.406,84 pontos, impulsionado por ações dos setores siderúrgico e de seguros, enquanto o Hang Seng avançou 1,42% em Hong Kong, aos 28.593,81 pontos.
O sul-coreano Kospi valorizou 1,23% em Seul, aos 3.173,05 pontos, e o Taiex deu um salto de 5,16% em Taiwan, aos 16.145,98 pontos, apagando parcialmente as fortes perdas que acumula desde o fim de abril em meio à disseminação do novo coronavírus na ilha.
Em dia de apetite por risco, ficou em segundo plano o fato de o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão ter sofrido expressiva contração anualizada de 5,1% entre janeiro e março.
Na China continental, os mercados tiveram um desempenho mais modesto, mas ampliaram ganhos da véspera. O Xangai Composto subiu 0,32%, aos 3.529,01 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,17%, aos 2.324,27 pontos.
Embora continuem preocupados com o aumento de infecções por covid-19 em Taiwan e Cingapura, e com a grave situação na Índia investidores se animam com a perspectiva de reabertura econômica dos EUA e da Europa, que estão mais avançados na vacinação contra a doença.
Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no azul, com os ganhos liderados por ações de mineradoras e petrolíferas. O S&P/ASX 200 avançou 0,60% em Sydney, aos 7.066,00 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado