Mercado ao vivo: confira a Bolsa e o dólar nesta terça-feira, 8 de fevereiro
Investidores digerem tom mais duro do documento do BC que sinaliza novas elevações mais brandas na taxa de juros
Descolada dos mercados internacionais, a Bolsa opera em queda nesta terça-feira, 8, puxada pela desvalorização de mais de 2% das ações da Petrobras, que refletem a baixa nos preços do barril do petróleo lá fora. Soma-se a isso a cautela dos investidores, ao digerir a ata da última reunião do Copom, que aponta novos ajustes na taxa de juros do País – mesmo que em escala menor – e a preocupação da autoridade monetária em relação às influências dos riscos fiscais sobre a inflação no longo prazo.
Às 14h13, o Ibovespa caía 0,14%, aos 111.838 pontos. Já o dólar subia 0,37%, cotado a R$ 5,274, em linha com a valorização da moeda americana ante pares principais no exterior.
Apesar de não ter trazido nenhuma novidade em relação ao comunicado da semana passada, o Copom subiu levemente o tom mais duro de seu discurso. A ata segue com a sinalização de que o BC deve fazer apertos menores na taxa de juros, mas sem mencionar a sua magnitude, o que aponta que o encerramento do ciclo de alta não deve ocorrer em março.
"Ao colocar o termo 'ajustes adicionais' no plural, o Copom é bastante claro ao indicar que o ciclo de aperto das condições monetárias se estenderá além da reunião de março, conforme prevíamos anteriormente", afirma em relatório a Renascença DTVM.
Esse movimento já levou as casas de análise a revisarem suas projeções para a Selic em 2022, que até então estavam em 11,75% para o fim do período, podendo agora ultrapassar os 12% ao ano.
"A ata da reunião de fevereiro do Copom mostrou uma retórica mais dura do que a observada no comunicado e indica que o Banco Central antevê juros terminais acima dos 12% do cenário de referência", avaliou o economista-chefe da Terra Investimentos, João Maurício Lemos Rosal.
Para Rosal, o parágrafo 14 é o principal destaque da ata e sugere que o Copom já estima uma Selic mais alta do que o cenário de referência no fim do ciclo.
"O Copom frisa que, a despeito do cenário de referência sugerir um pico da Selic em 12%, dados os riscos assimétricos que ele vê, o risco de desancoragem das expectativas, ele espera que a contração monetária vá além do sugerido no cenário de referência", diz Rosal. "Ou seja, o pico da Selic seria maior do que 12%." A Terra Investimentos espera taxa Selic de 12,5% no fim do ciclo de aperto monetário.
Nesta semana, o mercado ainda ficará por dentro de indicadores importantes que podem mexer com as diretrizes do BC para a Selic, como o IPCA de janeiro, que será publicado nesta quarta-feira, 9, a prévia do IGP-M do período, também no mesmo dia e o IBC-Br, índice de atividade econômica da autoridade monetária, na sexta-feira, 11.
Juros futuros
Os juros futuros começaram a sessão desta terça-feira em alta em toda a curva, especialmente os curtos, que abriram com avanço de 13 pontos em reação ao tom mais duro da ata do Copom.
Por volta das 13h10, a taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subia para 12,12%, de 12,06% na abertura. O DI para janeiro de 2025 marcava 11,10%, de 11,06%, e o para janeiro de 2027 estava em 11,22%, de 11,18% no ajuste anterior.
Sobe e desce da Bolsa
Maiores altas
Marfrig (MRFG3) | +4,60% |
Rumo (RAIL3) | +3,63% |
Banco Pan (BPAN4) | +3,67% |
Natura & Co (NTCO3) | +3,09% |
JBS (JBSS3) | +2,92% |
Maiores baixas
3R Petroleum (RRRP3) | -3,222% |
NotreDame Intermédica (GNDI3) | -2,82% |
BrMalls (BRML3) | -2,49% |
Totvs (TOTS3) | -2,36% |
Hapvida (HAPV3) | -2,45% |
Riscos fiscais: PEC dos Combustíveis e Refis no radar
A principal fonte de preocupação na área fiscal é com a proposta de redução dos preços dos combustíveis, por meio de diminuição de impostos. Notícias de que a PEC dos Combustíveis já teria número de assinaturas suficientes na Câmara para tramitação criaram um clima mais pesado no mercado financeiro no dia anterior.
Além de reduzir impostos e desonerar os preços dos combustíveis, ela cria auxílios que aumentam os gastos em R$ 17,7 bilhões em 2022.
A volta dos trabalhos no Congresso reforçou as preocupações dos mercados com a questão fiscal. Além da PEC dos combustíveis, está em debate no Congresso a proposta de Refis mais abrangente que contemplaria o refinanciamento de impostos em atraso para as empresas de todos os portes, e não apenas para pequenas e microempresas, como era a ideia inicial do governo.
Uma ampliação do rombo das contas públicas, ou pelo aumento de gastos ou pela perda de arrecadação de impostos, incha adicionalmente a dívida do governo, que precisa lançar mais títulos no mercado para se financiar com juros mais altos, o que leva a uma pressão também sobre o dólar e a inflação.
Um conjunto negativo de fatores que tenderia a inibir ainda mais a atividade econômica e a expansão do PIB, estimada em 0,30% para este ano de acordo com os dados do último boletim Focus.
Não é à toa que os especialistas veem em um possível aumento do rombo das contas públicas uma das principais preocupações presentes no radar do mercado financeiro. Um risco agravado pelo calendário eleitoral, em que medidas populistas costumam ser uma das principais estratégias de candidatos para atrair e conquistar votos dos eleitores.
Exterior
Nova York: futuros mistos com expectativa sobre a inflação americana
As bolsas em Wall Street operam em alta nesta terça-feira. Por lá, os investidores aguardam os dados da inflação do país nesta quinta-feira, 10, e digerem novos dados econômicos divulgados ao longo do dia.
De acordo com números do Departamento do Comércio norte-americano, o déficit comercial dos Estados Unidos subiu 1,8% em dezembro, somando US$ 80,7 bilhões. Analistas previam um montante maior no último mês de 2021, de US$ 82,8 bilhões.
O saldo negativo da balança de novembro foi revisado para baixo, de US$ 80,2 bilhões para US$79,3 bilhões.
As exportações dos EUA aumentaram 1,5% na comparação mensal de dezembro, a US$ 228,1 bilhões, enquanto as importações avançaram 1,6% no período, a US$ 308,9 bilhões.
Em todo o ano de 2021, os EUA acumularam déficit comercial de US$ 859,1 bilhões, 27% maior que o saldo negativo do ano anterior.
Futuros/bolsas americanas
- S&P 500: +0,59%
- Dow Jones: +0,84%
- Nasdaq 100: +0,91% (dados atualizados às 13h45)
Europa: bolsas fecham mistas no aguardo dos dados americanos
Na velha economia, os mercados financeiros fecharam em queda, com os investidores aguardando os dados da economia americana. O dia seguiu com agenda esvaziada por lá.
Bolsas europeias/principais praças financeiras
- Stoxx 600 (Europa): +0,01% (465,34 pontos)
- FTSE 100 (Londres): -0,08% (7.567 pontos)
- DAX (Frankfurt): +0,24% (15.242 pontos)
- CAC 40 (Paris): +0,27% (7.028 pontos)
Mercados asiáticos fecham mistos
As bolsas asiáticas fecharam sem direção única nesta terça-feira, após uma nova ofensiva dos Estados Unidos contra empresas chinesas.
O índice Hang Seng teve o pior desempenho da região, com queda de mais de 1% em Hong Kong, um dia após o Departamento do Comércio dos EUA incluir 33 entidades chinesas em uma lista de companhias sujeitas a regras de exportação mais rigorosas.
A WuXi Biologics, que teve unidades incluídas na lista, viu seus papéis despencarem mais de 20%, antes do encerramento do pregão. / com Tom Morooka e Agência Estado
Fechamento/bolsas asiáticas
- Nikkei (Tóquio): +0,13% (27.284 pontos)
- Kospi (Seul): +0,05% (2.746 pontos)
- Taiex (Taiwan): +0,37% (17.966 pontos)
- Xangai Composto (China continental): - 0,24% (3.452 pontos)
- Shenzhen Composto (China continental): - 0,24% (2.280 pontos)
- S&P/ASX 200 (Sydney): +1,07% (7.186 pontos)