Confira o juro real na renda fixa com Selic em 10,75% e projeção de inflação em 5,44%
Dependendo do tipo e prazo da aplicação, ganho real varia de 5,31% a 9,61% ao ano
Como fica a renda fixa com a Selic de 10,75% e uma inflação esperada pelo mercado de 5,44%? O juro real ao ano se mostra mais encorpado, de 5,31% a 9,61% ao ano, dependendo do tipo e prazo da aplicação. Com esses dados, fica mais fácil entender por que a renda fixa vem roubando cada vez mais investidores da renda variável nesse início de ano.
O head de Renda Variável da Zahl Investimentos, Flávio Oliveira, fez uma simulação de cálculos sobre a rentabilidade das principais opções de investimento de renda fixa, que levam em conta a Selic atual de 10,75% e a inflação de 5,44% estimada para o ano pelo último boletim Focus. São projeções de momento, feitas com indicadores atuais, que deverão passar por alterações ao longo do ano. “Se a inflação cair, a Selic também vai cair.”
Investimento | Taxa esperada | Rend. bruto esperado a.a. | Juro real a.a. |
---|---|---|---|
Tesouro Selic | 100% CDI | 10,75% | 5,31% |
Fundo DI Cr. Privado | 108% CDI | 11,61% | 6,17% |
CDB 3 anos | 117% CDI | 12,58% | 7,14% |
Fundo Cr. Estruturado | 140% CDI | 15,05% | 9,61% |
Tesouro IPCA 8 anos | IPCA+5,24% | 10,68% | 5,24% |
CDB 3 anos | IPCA+6% | 11,44% | 6,00% |
Cr. Privado 10 anos | IPCA+7% | 12,44% | 7,00% |
Tesouro prefixado 9 anos | 11,23% | 11,23% | 5,79% |
CDB 3 anos | 12,65% | 12,65% | 7,21% |
A diferença entre a Selic atual e a inflação de 5,44% projetada pelo último boletim Focus equivale a um juro real de 5,31%, de acordo com os cálculos de Oliveira. Um juro real desse porte tende a animar o investidor por esse tipo de papel, após dois anos de juro real negativo, abaixo da inflação, afirma o especialista.
Títulos públicos, qual a melhor opção?
Na plataforma do Tesouro Direto, no atual cenário de inflação em desaceleração e juros em alta, qual o tipo de título mais vantajoso em rendimento: um papel com juro pós-fixado, como o Tesouro Selic, com rendimento indexado à taxa básica, ou um título com rendimento híbrido, como o Tesouro IPCA, que combina juro real e correção monetária?
O Tesouro Selic segue a variação da Selic e, diante da perspectiva de continuidade do ciclo de alta, para além de 10,75% ao ano do momento, podendo chegar a 12%, como apontam algumas previsões de mercado, o rendimento desse título da dívida pública poderia chegar a esse patamar.
“Quem aplicar agora em um papel pós-fixado como o Tesouro Selic terá um juro real muito atraente”, diz o head da Zahl Investimentos. “Mas convém não embarcar na ilusão de curto prazo nos ativos que compra, achando que o juro real da Selic será sempre esse e colocar todo o dinheiro em pós-fixado”, alerta. “À medida que a inflação cair, como se prevê, a Selic também deve recuar, para que haja uma equalização”, avalia Oliveira.
O importante é ter uma carteira diversificada, recomenda ele, em que o Tesouro IPCA, que remunera com juro real e correção monetária pela inflação, também merece espaço de destaque. Embora o juro positivo embutido nesses títulos tenha recuado ligeiramente, de um nível em torno de 5,40% ao ano para perto de 5,00% em prazo menor, “o ganho real continua bastante atraente”, avalia Oliveira.
Não apenas por isso, mas também pelo passado de inflação alta do País “historicamente a compra de ativos atrelados ao IPCA sempre foi mais rentável, além de preservar o poder aquisitivo do dinheiro”. Essa modalidade de título só é contraindicada para o dinheiro guardado como reserva de emergência, que precisa de liquidez a qualquer momento, cujo destino deve ser mesmo “um título ou fundo atrelado à Selic”.
Como fica o crédito privado
Os ativos de crédito privado, como CDBs e debêntures, oferecem uma rentabilidade nominal mais interessante porque carregam risco de crédito mais elevado que os títulos públicos, garantidos pelo Tesouro Nacional. As taxas de remuneração e o tempo de investimento adotados na simulação, segundo Oliveira, referem-se à média embutida nos ativos mais negociados no mercado.
Os fundos DI de crédito privado têm a carteira formada por títulos de renda fixa emitidos por instituições privadas, como CDBs e debêntures. O fundo de crédito estruturado é formado por títulos de crédito alternativo com maior risco e rentabilidade e menos liquidez que outros ativos.