Mercado tem agenda cheia, com dados da economia, ata do Copom e permanência de tensão política
Inflação de julho, divulgada na terça-feira, deve vir pressionada por alta da energia e combustíveis
Uma agenda recheada de indicadores econômicos relacionados à inflação e à atividade deve atrair a atenção do mercado e influenciar as decisões de investidores ao longo desta semana.
Agenda de eventos que dividirá a atenção com o ambiente de tensão política, alimentada pelo embate entre os Poderes Executivo e Judiciário, pelos ataques do presidente Bolsonaro contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e pela retomada de depoimentos na CPI da Covid no Senado.
A inflação continua no foco das expectativas do mercado, com a divulgação de dois índices, e a perspectiva é que venham pressionados, de acordo com analistas. Nesta segunda-feira, 9, será conhecido o IGP-DI, estimado em 1,46% pela economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, “puxado pela alta dos preços agrícolas”.
Na terça-feira, 10, o País tomará conhecimento de quanto foi a inflação oficial de julho. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que o IBGE divulga pela manhã está projetado em 0,93% pelos analistas, pressionado ainda pela alta de energia elétrica e combustíveis.
Mercado espera ata do Copom com tom duro
Também na terça-feira o Banco Central divulga a ata da última reunião do Copom que reajustou um ponto porcentual, de 4,25% para 5,25% ao ano, a taxa básica de juros, a Selic. A expectativa do mercado é que a mensagem do BC mantenha o tom duro, reforçando a perspectiva de nova elevação de igual magnitude na Selic no encontro do Copom em setembro.
No dia seguinte, na quarta-feira, 11, os mercados dirigirão a atenção ao exterior, à divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho, nos Estados Unidos. A previsão consenso de mercado é de uma alta de 0,50%.
Para analistas, um dado robusto de inflação americana nesta quarta-feira, somado com dados positivos de criação de emprego na indústria dos EUA da semana passada, pode gerar algum ruído ou consequência no mercado financeiro.
Tende a reforçar a preocupação dos mercados em torno de uma possível antecipação de alta dos juros, prevista para 2023, ou um corte gradual no volume de títulos que o Fed (Federal Reserve, banco central americano) recompra na forma de ração que injeta US$ 120 bilhões por mês no sistema financeiro americano.
Uma sinalização dos dados ou de algum pronunciamento da equipe do Fed nessa direção poderia pressionar o dólar, que já tem reagido negativamente ao ambiente de tensão política e incertezas fiscais domésticas.
Rafael Ramos, especialista em câmbio da Valor Investimentos, vê a perspectiva de um dólar transitando no intervalo entre R$ 5,15 e R$ 5,30 no curto prazo e se aproximando de um patamar mais elevado, em torno de R$ 5,50, no fim do ano.
NY: futuros próximos da estabilidade
Nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York operam estáveis à medida que os investidores vão pesando as preocupações sobre uma retração no estímulo e um ressurgimento da variante delta, de rápida disseminação.
O payroll, divulgado na última sexta-feira, 6, era amplamente aguardado porque o mercado de trabalho virou uma espécie de termômetro para o "tapering", como é chamado o processo de redução gradual das compras de ativos que o Fed realiza.
Seguindo a criação de mais de 900 mil vagas, "a melhora no mercado de trabalho está abrindo caminho para que o Fed reduza a compra de títulos no quarto trimestre", disse o economista Christoph Balz, do Commerzbank. A percepção da maioria dos analistas é de que os dados reforcem o argumento pela retirada de estímulos.
"Wall Street agora pode precificar confortavelmente" uma data de início do 'tapering' gradual antes do final do ano, e com uma redução acelerada das compras de ativos terminando no próximo verão, avalia Edward Moya, analista da Oanda.
Voto impresso
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, disse, na última sexta-feira, 6. esperar que o presidente da Casa, deputado Arthur Lira, paute a proposta do voto impresso em plenário já na próxima semana.
Para ele, o texto será derrotado e deve ser tirado do centro das discussões do Legislativo o mais rapidamente possível, para que o País possa voltar a debater assuntos relevantes para o País.
"O presidente Arthur Lira age dentro do regimento interno, portanto não há nenhum questionamento sobre a decisão dele de levar o texto a plenário. Mas faço um apelo para que essa matéria seja levada o mais rápido possível ao plenário, de preferência já na semana que vem, para que a gente tire esse assunto da nossa frente e discuta o que realmente importa para o País: vacina, emprego e comida", disse.
Ramos disse não ter dúvidas de que o voto impresso não será aprovado pela Câmara. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) terá que obter o apoio de três quintos dos parlamentares, ou seja, no mínimo 308 deputados, em dois turnos de votação.
Depois, precisará ser apreciada pelo Senado e conseguir, no mínimo, 49 votos, também em dois turnos de votação.
Bolsas asiáticas fecham sem sinal único
Os mercados acionários da Ásia concluíram o pregão desta segunda-feira sem sinal único. Na Bolsa de Tóquio, houve feriado com mercados fechados, enquanto Xangai registrou ganhos, mas Seul caiu.
Na China, a Bolsa de Xangai fechou em alta de 1,05%, aos 3.494,63 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, subiu 0,81%, aos 2.577,07 pontos.
Na Bolsa de Seul, o índice Kospi recuou 0,30%, aos 3.260,42 pontos. Papéis de farmacêuticas, do setor de transporte e de varejo estiveram entre as baixas.
A queda na praça sul-coreana foi a terceira consecutiva, em meio aos temores com novo avanço da covid-19 e seus impactos na atividade.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou com ganho de 0,40%, aos 26.283,40 pontos. Em Taiwan, o índice Taiex recuou 0,23%, aos 17.485,15 pontos.
Na Oceania, o índice S&P/ASX 200 terminou estável, em 7.538,40 pontos, na Bolsa de Sydney. Ações do setor financeiro subiram, mas papéis do setor industrial caíram. / com Júlia Zillig e Agência Estado