Mercado Financeiro

Inflação nos EUA e na China está no foco do mercado nesta terça-feira

Se número da inflação americana vier acima de expectativas, alta dos juros nos EUA poderá ser mais acentuada

Data de publicação:15/02/2022 às 12:30 - Atualizado 3 anos atrás
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Os índices de inflação que serão divulgados no exterior estarão no foco de investidores e gestores do mercado financeiro nesta terça-feira, 15. Nos Estados Unidos, será conhecido o índice PPI, com a variação de preços de atacado em janeiro, que é mais um indicador que poderá dar sinalização de como anda a inflação americana, em persistente alta. Dependendo do número, o mercado pode ser afetado. Enquanto isso, por lá os futuros sobem com força e os mercados asiáticos fecharam o dia em baixa.

Os últimos dados de inflação vieram acima das estimativas dos analistas, o que gerou especulações no mercado sobre um possível aumento de 0,50 ponto porcentual na taxa de juros, em março, em vez de 0,25 ponto, como se projetou após a última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Mercado quer saber se redução dos juros na China provocou mais inflação - Foto: Reprodução

Outro dado sobre o comportamento de preços com divulgação prevista para hoje é a inflação de janeiro na China, tanto ao consumidor como no atacado.  A expectativa em torno dela aumentou depois que o governo chinês reduziu os juros, uma medida vista por especialistas como um sinal de que o país asiático pretende estimular o crescimento econômico, o que, em geral, traz junto pressões inflacionárias.

O interesse pela inflação nas duas das maiores economias mundiais cresce também em um cenário de alta de preços em escala global, um fenômeno que poderia redundar em políticas monetárias mais duras e possível alta das taxas de juro pelos bancos centrais de economias desenvolvidas.

Futuros/bolsas americanas

  • S&P 500: +1,23%
  • Dow Jones: +0,80%
  • Nasdaq 100: +1,78% (dados atualizados às 7h30)

Questão fiscal e balanços pode mexer com o mercado

A agenda internacional mais recheada contrasta com a doméstica, menos densa, na qual a questão fiscal continua dominando a atenção de investidores e gestores. Ocupam com destaque o radar do mercado as várias propostas que podem resultar em um aumento de gastos públicos ou em redução de receitas, com impacto sobre as contas públicas, como a proposta que prevê a redução de impostos para baratear os preços de combustíveis.

Os resultados corporativos da atual safra de balanços também são monitorados pelos investidores. Para esta terça-feira está prevista a divulgação de balanços de Carrefour e PetroRio. Números no balanço do Banco do Brasil, que apresentou lucro recorde em 2021, podem favorecer os papeis do setor.

A campanha eleitoral não foi ainda oficialmente aberta, mas declarações políticas dos que estão à caça de votos também geram ruídos que afetam o comportamento dos mercados.

Conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia segue trazendo apreensão ao mercado

É nesse ambiente de muitas incertezas sobre as questões internas, em que a tensão geopolítica provocada pela crise entre Ucrânia e Rússia é mais um componente para apimentar a cautela. O mundo segue alerta sobre a possibilidade de que a Rússia poderá invadir a Ucrânia em breve, o que levou o preço do barril do petróleo a saltar para sua máxima em sete anos.

A Rússia é um dos maiores produtores de petróleo e gás do mundo, e os receios de que possa invadir a Ucrânia levaram o rali do petróleo para mais próximo da marca de US$ 100/barril. O petróleo Brent subiu US$ 2,04, ou 2,2%, para fechar a véspera em US$ 96,48, após tocar a máxima desde setembro de 2014, a US$ 96,78.

Os Estados Unidos estão transferindo suas operações na embaixada na capital ucraniana, Kiev, para a cidade ocidental de Lviv, afirmou o secretário de Estado, Antony Blinken, citando a "aceleração dramática no acúmulo de forças russas".

O cada vez mais iminente confronto ganhou ares "humorísticos" após o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, anunciar que o ataque russo estava confirmado para esta quarta-feira. A "cantilena" de Zelenski afundou as bolsas do mundo inteiro, fazendo disparar o petróleo e o dólar. O comentário só foi desfeito minutos depois, após um conselheiro do presidente afirmar que a fala continha "ironia".

Bolsas europeias: na esteira dos futuros americanos

Atenta ao conflito geopolítico entre Rússia e Ucrânia, as principais praças financeiras europeias operam em alta. Os investidores estão às voltas com novos dados econômicos que indicam os rumos da economia da zona do euro.

Segundo dados da Eurostat, agência de estatísticas da União Europeia, divulgados nesta terça-feira, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresceu 0,3% no quarto trimestre de 2021 ante os três meses diretamente anteriores. O resultado veio em linha com a projeção dos analistas.

Na comparação anual, o PIB do bloco subiu 4,6% entre outubro e dezembro, também confirmando a prévia e as expectativas. A Eurostat reiterou também que o PIB da zona do euro expandiu 5,2% em 2021 ante 2020.

Ainda de acordo com a Eurostat, a zona do euro registrou déficit em sua balança comercial de 9,7 bilhões de euros em dezembro de 2021, segundo dados com ajustes sazonais. Em novembro passado, o bloco havia apresentado saldo comercial negativo bem menor, de 1,8 bilhão de euros. Na comparação mensal de dezembro, as exportações do bloco caíram 0,6% e as importações subiram 3,1%.

Na Alemanha, o índice de expectativas econômicas subiu de 51,7 pontos em janeiro para 54,3 pontos em fevereiro, de acordo com pesquisa divulgada pelo instituto alemão ZEW. O número ficou baixo das expectativas dos analistas, que previam avanço do indicador a 56 pontos.

Bolsas europeias/principais praças

  • Stoxx 600 (Europa): +1,04%
  • FTSE 100 (Londres): +0,53%
  • DAX (Frankfurt): +1,45%
  • CAC 40 (Paris): +1,40% (dados atualizados às 7h44)

Bolsas asiáticas fecham em baixa

Os mercado asiáticos fecharam majoritariamente em baixa nesta terça-feira, pressionados pelas tensões entre Rússia e Ucrânia. Além disso, os últimos dados de crescimento do Japão vieram abaixo das estimativas dos analistas. Na China, as bolsas tiveram desempenho positivo, ajudadas por fabricantes de bebidas que estão faturando em meio à Olimpíada de Inverno de Pequim. / com Júlia Zillig e Agência Estado

Fechamento/bolsas asiáticas

  • Nikkei (Tóquio): -0,79% (26.865 pontos)
  • Hang Seng (Hong Kong): -0,82% (24.335 pontos)
  • Kospi (Seul): -1,03% (2.676 pontos)
  • Taiex (Taiwan): -0,25% (17.951 pontos)
  • Xangai Composto (China continental): +0,50% (3.446 pontos)
  • Shenzhen Composto (China continental): +1,35% (2.283 pontos)
  • S&P/ASX 200 (Sydney): +0,51% (7.206 pontos)
Sobre o autor
Tom MorookaColaborador do Portal Mais Retorno.