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Mercado
Mercado Financeiro

Mercado ao vivo: Bolsa retoma os 109 mil pontos com Petrobras, que ‘entrou no radar para privatização’; dólar cai a R$ 5,54

Investidores seguem atentos aos riscos fiscais e à piora das projeções do mercado para inflação, Selic e PIB

Data de publicação:25/10/2021 às 10:39 -
Atualizado 2 anos atrás
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Após derreter 7,28% na semana anterior, a Bolsa iniciou a semana buscando recuperação, impulsionada pela alta nas ações de 5,89% da Petrobras. O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje em entrevista a uma rádio de Mato Grosso do Sul, que a petroleira entrou no radar para ser privatizada. Às 16h15, o Ibovespa apresentava alta de 2,88%, aos 109.358.

Além disso, contam a favor da petroleira a elevação do preço do petróleo e do novo reajuste nos valores dos combustíveis, e rumores de que o governo também prepara um projeto de lei para desfazer-se de parte das ações da empresa. O dólar cai 1,53%, aos R$ 5,541.

Foto: B3/Divulgação
Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

A Vale também sobe 1,47% da Vale - impulsionada pelo dia positivo para o minério de ferro - e também dos grandes bancos. Às 16h15, Itaú, Bradesco e Santander subiam 2,04%, 2,00% e 1,45%, respectivamente.

A temporada de balanços corporativos começa a ganhar força a partir de hoje e também favorece o mercado.

Aumentos dos combustíves

A Petrobras anunciou nesta segunda-feira um novo reajuste no preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras. Com a alta, o preço médio de venda da gasolina passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 por litro (alta de 7,04%). É o segundo reajuste no preço do combustível este mês.

Já o litro do diesel passará de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,28 por litro (alta de 9,15%). De acordo com analistas, esse movimento pode estar favorecendo as ações da companhia, tanto pelo aumento de receita quanto pelo fato de não ter ocorrido intervenção do governo nessa movimentação.

Piora nas projeções econômicas

Durante a manhã, o Banco Central divulgou a edição atualizada do Boletim Focus, que traz as estimativas dos economistas do mercado sobre os principais indicadores econômicos. Desta vez, de acordo com o documento, as revisões tiveram forte viés altista, tanto para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), quanto para a taxa de juros do País.

Segundo o documento, os especialistas subiram as estimativas da inflação para o final de 2021 de 8,69% para 8,96%. Para o ano seguinte, de 4,18% foram ajustadas para 4,40%, acima da meta do horizonte do BC.

Segundo os analistas da Ativa Investimentos, o Banco Central não deverá ser conivente com mais essa aceleração, a despeito do cenário mais austero para a Selic do próprio Focus, que aponta uma elevação nos juros do País de 8,75% - há uma semana era de 8,25% - para o fim deste ano.

O mesmo movimento foi adotado para as projeções da taxa de juros para o fim de 2022: de 8,75% foram elevadas para 9,50%.

A combinação da inflação e Selic em altas significativas compõe um cenário que “mata” a atividade econômica, na visão da casa de investimentos. Para os analistas, o BC fará o que for necessário para buscar a convergência, conforme sinalizado pelo diretor da autoridade monetária, Fabio Kanczuk.

Os números trazidos pelo Focus trazem mais incentivo para que os analistas sigam reavaliando suas expectativas a respeito do ciclo de ajustes da Selic feito pelo Banco Central.

A XP revisou o cenário fiscal e de inflação e passou a estimar uma elevação de 1,50 ponto porcentual no juro básico na reunião do Copom desta semana e mais 1,50 ponto no último encontro do ano, em dezembro. A taxa básica, que está em 6,25%, encerraria 2021 em 9,25% ao ano.

É a mesma estimativa, em relatório, do banco UBS, mas há previsões também de altas ligeiramente menores, como uma elevação de 1,25 ponto, dos bancos Credit Suisse, Goldman Sachs e BTG Pactual.

A Ativa Investimentos também segue na mesma toada, de aposta em uma alta da Selic de 1,5 ponto porcentual no próximo encontro do colegiado.

“Anteriormente, o cenário de 1,00 ponto porcentual contínuo até março de 2022 era suficiente para a convergência da inflação para a meta. Contudo, a piora adicional coloca essa perspectiva em defasagem”, diz a carta macro da casa.

Além da perspectiva de avanço da Selic de 1,5% na reunião de quarta-feira, 27, a Ativa aposta que o Copom deverá garantir outro 1,5 ponto porcentual para o encontro de dezembro.

“Assim, esperamos que a taxa básica de juros termine 2021 em 9,25%. Em fevereiro, mais uma alta de 1,5% fará com que a Selic atinja 10,75%, seguida de mais uma alta de 1,00 ponto porcentual em março e mais uma de 0,25%, colocando a taxa básica de juros em 12%. Esse patamar deverá durar até o final do terceiro trimestre, quando começaremos a ver o Copom iniciar o ciclo de baixa", avalia o time da Ativa.

"Com dois cortes de 0,50 ponto porcentual, o BC deverá fazer a Selic encerrar 2022 em 11%. Ao longo de 2023 o juro deverá ser conduzido para o neutro, estimado em 7,5%”, complementa.

A casa reforça ainda que um ponto que também deve motivar a aceleração mais do que proporcional na taxa de juros é a desancoragem da mediana das expectativas para 2023 e 2024, ambas em 2%. “Apesar de não acreditar nisso ainda, trata-se um recado nítido dos agentes perante a perda de credibilidade da autoridade”.

Sobre a temporada de balanços, que, de fato, dá a largada nesta segunda-feira, as expectativas se voltam para os resultados do terceiro trimestre obtidos pelas empresas Petrobras, Vale, EDP Brasil, Gerdau, Inter, Santander, Ambev, Usiminas, entre outros, sendo algumas delas com forte peso na cesta de ativos do Ibovespa.

Juros futuros

Os juros futuros operam em alta na manhã desta segunda-feira, em linha com o dólar, refletindo as preocupações com o ambiente fiscal diante da mudança da regra do teto de gastos para atender o Auxílio Brasil.

O movimento é mais acentuado nos curtos e médios, gerando desinclinação da curva, diante ainda da perspectiva de altas mais agressivas da Selic.

Sobe e desce da Bolsa

Nesta segunda-feira, além das ações das commodities, a temporada de balanços corporativos já está rendendo algumas altas na Bolsa, como é o caso dos papéis da Hypera, que subiam 4,01%, às 14h24. A empresa registrou um lucro líquido de R$ 464,7 milhões no terceiro trimestre, alta de 33% ante o mesmo período do ano passado.

Após a notícia de que recebeu proposta de 14 bancos para coordenar sua oferta de ações - pode ser uma das maiores de uma empresa brasileira, segundo analistas - os papéis da Eletrobras avançavam 3,08% no mesmo horário.

A 3R Petroleum divulgou no sábado, 23, fato relevante com o resultado da certificação de reservas do Campo de Papa-Terra, localizado na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Em agosto, o local registrou uma produção média de 19,9 mil barris de óleo equivalente. No mesmo período, as ações da petroleira saltavam 13,34%.

Na noite do dia anterior, a Azul comunicou aos acionistas que fechou um acordo de R$ 1,4 bilhão para se tornar acionista da Lilium - compra de 1,8 milhões de ações ordinárias - fabricante de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical. Os papéis da aérea chegaram a valorizar mais de 1,6%, mas depois passaram a subir mais devagar - alta de 0,25% - às 14h19.

A Braskem anunciou queda de 8% na produção de eteno no terceiro trimestre deste ano ante o mesmo período do ano anterior, somando 751,24 mil toneladas. Apesar do resultado abaixo do esperado, as ações da companhia subiam 2,08%, às 14h27.

Guedes, Bolsonaro e o Auxílio Brasil

O drible aplicado pelo governo ao teto de gastos, na semana anterior, ao propor R$ 400 como valor para o Auxílio Brasil, segue sendo acompanhado pelo mercado.

Durante o último fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o valor de R$ 400 para o programa social do governo, uma repaginação do Bolsa Família. Juntamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, concedeu entrevista à imprensa.

Ao longo da conversa, Bolsonaro falou sobre a situação fiscal e econômica do País, da alta inflacionária, dos preços dos combustíveis, defendeu as reformas e mais uma vez tentou justificar o descumprimento do teto de gastos para que fosse possível dar o Auxílio Brasil de R$ 400,00.

Bolsonaro destacou que o custo de vida tem aumentado, com a inflação que chegou a dois dígitos e que os mais pobres têm sofrido bastante. "É uma preocupação nossa", disse o presidente. Ele voltou a criticar a política do "fica em casa" e disse que o mundo está sofrendo ainda com o que ele espera ser o "fim da pandemia".

A definição do valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil levou a alterações no teto de gastos que culminaram com a saída de quatro secretários do Ministério da Economia na quinta-feira, 21.

O movimento gerou especulações em torno também de uma possível saída de Paulo Guedes. Na sexta-feira, 22, Bolsonaro foi pessoalmente ao Ministério da Economia e concedeu entrevista ao lado de Guedes para reafirmar sua confiança e apreço a ele.

Guedes também defendeu mais uma vez a decisão do governo federal de alterar a regra do teto de gastos, considerada a âncora fiscal do País, para viabilizar o pagamento de R$ 400 no Auxílio Brasil até dezembro de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro pretende buscar a reeleição.

O ministro da Economia disse que foi preciso "moderar a velocidade da aterrissagem fiscal", para atender a população mais frágil neste momento, e defendeu as reformas para que o País tenha solidez fiscal.

Segundo ele, uma possível aprovação da reforma administrativa traria uma economia de R$ 300 bilhões nos próximos oito a dez anos, frente ao gasto de R$ 30 bilhões para que o Auxílio Brasil chegue aos R$ 400,00.

CPI da Covid: projetos de lei parados

Além de apontar crimes cometidos na pandemia, o relatório final da CPI da Covid, apresentado na semana anterior, faz 16 sugestões de projetos de lei e uma proposta de emenda à Constituição (PEC) relacionados aos temas tratados nos seis meses de trabalho do colegiado.

Pelo menos dez, porém, são baseados em proposições antigas, algumas delas paradas há anos, que nunca avançaram na Câmara ou no Senado.

As propostas incluídas no relatório estão concentradas em cinco temas principais: combate à desinformação e fake news, alterações na Lei Penal, proteção social, mudanças no sistema de saúde e homenagens às vítimas e profissionais de saúde. As outras são sobre temas variados.

Desses, o projeto mais antigo é sobre a criminalização de notícias falsas. Foi apresentado há quase três anos, em dezembro de 2018, pelo senador Humberto Costa.

O projeto, porém, nunca saiu da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e, hoje, não tem nem relator definido - o antigo relator do texto era o senador Rodrigo Pacheco, que deixou a CCJ ao se tornar presidente da Casa.

Wall Street e o mundo

No exterior, os investidores seguem acompanhando a temporada de balanços corporativos nos Estados Unidos, que têm trazido resultados positivos – nesta semana é a vez das big techs apresentarem seus números -  Amazon, Apple, Facebook, Microsoft e Twitter.

Por outro lado, o mercado não perde o olho na inflação e está atento às perspectivas da China, com um novo avanço da variante delta por lá. Em Nova York, os ativos operam no terreno positivo.

O governo chinês procurou dissipar as preocupações sobre a desaceleração da economia com um longo comentário na mídia estatal descrevendo como o governo está gerenciando os riscos e continua confiante em atingir suas metas para o ano.

Na última sexta-feira, 22, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), disse que a inflação no país não está “moderada” e sim “bem acima da meta”

"Problemas de gargalos nas cadeias de suprimentos continuarão pressionando os preços no curto prazo, e provavelmente durarão muito mais do que o Fed deseja", diz o analista de mercado Edward Moya, da Oanda, ao comentar a perda de fôlego das bolsas após os comentários do chefe do banco central dos EUA. "Se a inflação acabar sendo persistente, o Fed usará suas ferramentas."

Em um evento, Powell reafirmou que o processo de tapering, como é chamada a redução gradual das compras de ativos, deve mesmo ser anunciado "em breve". Ele também reconheceu que os preços devem ficar elevados por mais tempo do que o previsto inicialmente, o que elevou as apostas em alta antecipada de juros.

Durante a semana anterior, os resultados corporativos de empresas como Tesla, Netflix e United Airlines surpreenderam positivamente os investidores, o que impulsionou as bolsas.

"Até agora, menos de 20% das empresas divulgaram seus resultados do terceiro trimestre, no entanto, a grande maioria desses relatórios foi melhor do que o esperado, com aproximadamente 80% das empresas do S&P 500 superando suas estimativas", afirmam analistas da LPL Financial.

Do outro lado do mundo, o mercado financeiro asiático fechou o pregão desta segunda-feira majoritariamente em alta, após o banco HSBC divulgar balanço trimestral melhor do que o esperado e apesar de um novo surto de covid-19 na China.

O índice Hang Seng ficou praticamente estável em Hong Kong, com ligeiro ganho de 0,02%, aos 26.132,03 pontos. A ação local do HSBC, que lucrou mais do que se previa no terceiro trimestre, subiu 0,43%. Embora seja britânico, o HSBC tem foco na Ásia.

Já o papel da Evergrande, gigante do setor imobiliário chinês que escapou de um calote formal no fim de semana, caiu 0,74% em Hong Kong.

Na China continental, os mercados fecharam no positivo, graças aos papéis de empresas de energia. O Xangai Composto subiu 0,76%, aos 3.609,86 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,85%, aos 2.433,22 pontos.

Em outras partes da Ásia, o sul-coreano Kospi teve alta de 0,48% em Seul, aos 3.020,54 pontos, e o Taiex apresentou ganho apenas marginal em Taiwan, de 0,03%, aos 16.894,24 pontos.

Exceção, o japonês Nikkei caiu 0,71% em Tóquio, aos 28.600,41 pontos, pressionado por ações de tecnologia e da indústria de alimentos.

O tom positivo predominou na região asiática, apesar de relatos sobre novos casos de infecção por covid-19 na China, que decidiu impor restrições de viagens em regiões afetadas.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul, impulsionada em especial por petrolíferas. O S&P/ASX 200 avançou 0,34% em Sydney, aos 7.441,00 pontos.  / com Tom Morooka e Agência Estado

Sobre o autor
Julia Zillig
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