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Foto: Envato bolsa
Mercado Financeiro

Mercado ao vivo: Bolsa sobe com Vale, dados econômicos e cenário internacional

Investidores absorvem novos dados econômicos e acompanham o cenário internacional

Data de publicação:30/09/2021 às 10:37 -
Atualizado 2 anos atrás
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Seguindo a busca pela recuperação iniciada na véspera, a Bolsa opera o pregão do último dia do mês em alta, puxada pela valorização das ações da Vale e siderúrgicas, na esteira do otimismo do mercado internacional, com os investidores digerindo os últimos dados econômicos e atentos às falas dos principais dirigentes monetários mundiais.

Às 14h37, o Ibovespa subia levemente 0,15%, perdendo o patamar dos 112 mil pontos - 111.272. Em dia marcado pela volatilidade, o dólar opera próximo da estabilidade, em dia de Ptax. Às 14h38, o dólar subia 0,77%, cotado a R$ 5,457.

bolsa
Sede da B3 em São Paulo - Foto: B3/Divulgação

Os juros futuros rondam a estabilidade, em meio ao recuo do dólar ante o real e após a divulgação de dados econômicos como o Relatório Trimestral da Inflação (RTI), pelo Banco Central, e os dados de desemprego da Pnad Contínua, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado do levantamento apontou que a taxa de desemprego ficou em 13,7% no trimestre encerrado em julho, de acordo com as estimativas dos analistas do mercado.

Movimentação na B3

Um dos principais fatores que leva o Ibovespa, principal índice da B3, a operar no positivo é o bom humor das ações da Vale, que refletem a forte alta de cerca de 10% do preço do minério de ferro na China. Responsável por mais de 14% da cesta de ativos do indicador, a empresa registrava alta de 1,15% em seus papéis, às 14h28.

As demais siderúrgicas seguem na mesma esteira positiva, com avanços ainda mais fortes por conta da valorização da commodity no exterior. No mesmo horário, as ações da CSN, Usiminas e Gerdau avançavam 3,66%, 3,89% e 4,79%, na sequência.

Ainda no terreno das commodities, ao contrário das ações da Petrobras, que andam de lado no pregão - alta sensível de 0,07%, no mesmo horário - empresas como PetroRio, Enauta e 3R Petroleum registram forte valorização de seus ativos na B3.

O motivo é são as negociações em torno do pacote de desinvestimento da Petrobras, que inclui os campos de Albacora e Albacora Leste, na Bacia de Campos.

Segundo informações do mercado e do site BrasilEnergia, estão envolvidos no negócio os consórcios PetroRio/Cobra e Enauta/3R Petroleum/Talos Energia/EIG Global Energy Partners – Harbour Energy.

Às 14h27, as ações da PetroRio disparavam 8,80%, enquanto que a 3R Petroleum acelerava 5,20%. Após trafegar em alta as ações da Enauta mudaram o sinal e apontavam desvalorização de 1,26%.

A Sabesp comunicou no dia anterior que o conselho de desestatização do Estado de São Paulo deu sinal verde para que o governo estadual contrate a International Finance Corporation (IFC) para avaliar o processo de reestruturação da companhia. Às 14h29, suas ações subiam 2,09%.

Evergrande, teto da dívida e números

O mercado internacional segue um pouco mais aliviado com a crise da incorporadora Evergrande, impactando com menos intensidade as economias globais. Hoje, o Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês), injetou 100 bilhões de yuans - US$ 15,47 bilhões - em recursos no sistema financeiro do país por meio de operações de recompra reversa de 14 dias. As bolsas em Nova York operam sem direção única.

A autoridade monetária chinesa vem intensificando esforços para manter a liquidez do sistema bancário por conta da crise da gigante do setor imobiliário do país - essa não é a primeira vez que o BC chinês coloca dinheiro no setor financeiro nos últimos dias.

Nesta quinta-feira, a Evergrande comunicou aos investidores que realizou os "primeiros" 10% dos reembolsos de seus produtos de gestão de fortunas com vencimento para hoje. De acordo com a empresa, os fundos investidos foram retornados às contas dos operadores.

A partir desta sexta-feira, 1, a China iniciará um feriado nacional que se estenderá até a próxima quinta-feira, 7. Mas, antes dele, o mercado tomou conhecimento sobre o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do país, que subiu de 49,2 em agosto para 50 em setembro, segundo a IHS Markit, indicando estabilidade.

Ainda no exterior, a preocupação sobre um possível shutdown na economia americana paira entre os investidores. O presidente do Fed, Jerome Powell, e a secretária do Tesouro Nacional, Janet Yellen, falaram durante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes.

Yellen alertou os congressistas novamente sobre a "catástrofe" que ocorreria caso o Congresso "fracassasse em elevar o teto da vida". A chefe do Tesouro insistiu ainda na necessidade de que isso seja feito em uma base bipartdiária.

Ela recordou ainda que episódio anterior de risco de o teto da dívida ser estourado provocou piora no sentimento de empresas e famílias e nos mercados, bem como o rebaixamento do rating dos EUA.

De acordo com senador Chuck Schumer, um acordo já está sendo costurado para evitar que ocorra esse problema ao menos até dezembro.

Já Powell falou sobre o avanço da inflação - que hoje está na casa dos 4% - uma outra preocupação que integra o leque de assuntos que tomam a atenção dos investidores. Segundo ele, deve haver "algum alívio" no indicador no primeiro semestre de 2022.

O chefe da autoridade monetária americana destacou que os Estados Unidos está em uma situação difícil entre a inflação e o emprego. Em sua fala, Powell chegou a classificar o quadro da inflação como "frustrante" diante de gargalos na cadeia de produção que perduram e "parecem ainda ficar um pouco pior".

De acordo com o presidente do Fed, esses gargalos "devem perder fôlego com o tempo", mas notou que é difícil prever quanto tempo levará para isso ser resolvido. Durante audiência na Câmara dos Representantes, Powell disse que mais investimentos com essa finalidade devem ajudar a resolver o problema "com o tempo".

Durante a manhã, o Departamento do Trabalho americano divulgou que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve alta de 11 mil na semana encerrada em 25 de setembro, somando 362 mil, segundo dados com ajustes sazonais.

O resultado frustrou a expectativa de analistas, que previam queda a 335 mil solicitações. Sem passar por revisão, o total da semana anterior foi confirmado em 351 mil pedidos. O número de pedidos continuados, por sua vez, registrou queda de 18 mil na semana encerrada em 18 de setembro, a 2,802 milhões.

Porém, o mercado responde positivamente à divulgação do Produto Interno Bruto (PIB), do país, que também ocorreu durante a manhã, e apontou que os EUA cresceram 6,7% no segundo trimestre deste ano. O número superou as estimativas dos especialistas, de alta de 6,6%.

Os gastos com consumo, que respondem por cerca de um terço do PIB americano, tiveram expansão anualizada de 12% no segundo trimestre, aponta a pesquisa final. A estimativa anterior era de aumento de 11,9%.

O Departamento do Comércio informou também que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu à taxa anualizada de 6,5% entre abril e junho. Já o núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, avançou 6,1% no mesmo intervalo. Ambas as leituras confirmaram as estimativas de um mês atrás.

Inflação no Brasil

Na cena interna, os dados sobre a inflação ganham a atenção dos investidores nesta quinta-feira, com a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) feita pelo Banco Central. Segundo a autoridade monetária, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2021 ficaram em 8,5%.

No último boletim Focus, divulgado na segunda-feira, 27, as estimativas dos economistas do mercado eram de uma inflação na casa dos 8,25% no período.

Além do IPCA, o BC ajustou marginalmente suas expectativas sobre o Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 4,6% para 4,7%.

Para o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flavio Serrano, o relatório não trouxe nenhuma novidade. "Ritmo segue de 1,00 p.p em 1,00 p.p", diz o especialista sobre a expectativa de aumento da Selic nas próximas duas reuniões do Copom.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admitiu que o alongamento do ciclo de alta dos juros deve-se a fatores mais persistentes sobre a inflação, pontos que a autoridade monetária julgava anteriormente serem temporários.

"Essa persistência tem contaminado outros índices de inflação, inclusive com os núcleos rodando bem acima das metas. O ajuste é necessário para endereçar isso", afirmou, em coletiva.

"Sempre atuamos de tal forma de levar inflação para meta no horizonte relevante e 2023 já está nessa janela", completou.

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, acrescentou que o BC acredita que conseguirá convergir a inflação para a meta ainda em 2022.

Política, precatórios e reformas

Enquanto isso, os impasses fiscais seguem à mesa. Um dos principais é a questão dos precatórios, o qual o governo pretende usar como base para colocar em pé o Auxílio Brasil em 2022. Na véspera, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, defendeu a PEC que trata do pagamento dessa dívida e afirmou que ela é compatível.

Na mesma linha, o deputado Hugo Motta, relator da PEC dos Precatórios, disse que "não é razoável" sair de um gasto de aproximadamente R$ 30 bilhões para uma fatura próxima a R$ 90 bilhões, como previsto para 2022.

Além do Auxílio Brasil e precatórios, o mercado também monitora os rumores de extensão do auxílio emergencial, cuja fonte de receita fica fora do teto de gastos.

Lei de Improbidade Administrativa

Com aval de aliados do governo Bolsonaro, o Senado aprovou, na noite anterior, o projeto que afrouxa a Lei de Improbidade Administrativa e dificulta a punição de políticos. Agora, um prefeito, por exemplo, só será punido pela lei se ficar comprovado que ele teve a intenção de lesar a administração pública - não basta apenas ele ter lesado.

O ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Herman Benjamin, disse que a medida "é um enfraquecimento sem precedentes da legislação de combate a administradores e empresas corruptos.

"Seremos cobrados, inclusive internacionalmente", enfatizou Benjamin. A posição é corroborada por integrantes do Ministério Público e especialistas, que veem brecha para a impunidade.

Por outro lado, parlamentares argumentam que era preciso atualizar a legislação que permite punir, por exemplo, atraso na apresentação de uma prestação de contas.

Bolsas asiáticas

Os investidores estão terminando o terceiro trimestre preocupados, além das pressões inflacionárias, com uma iminente crise de energia, os gargalos na cadeia de suprimentos e os riscos regulatórios provenientes da China.

Do outro lado do mundo, as bolsas asiáticas lá fecharam majoritariamente em alta nesta quinta-feira. Na China continental, os mercados asseguraram ganhos antes de um feriado nacional de uma semana.

O Xangai Composto subiu 0,90%, aos 3.568,17 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 2,04%, aos 2.395,05 pontos.

O índice de gerentes de compras (PMI) oficial do setor industrial chinês caiu de 50,1 em agosto para 49,6 em setembro, com a leitura abaixo de 50 sugerindo contração da manufatura.

Ficaram no azul os índices sul-coreano Kospi, com alta de 0,28% em Seul, aos 3.068,82 pontos, e o Taiex, que se valorizou 0,47% em Taiwan, aos 16.934,77 pontos.

Já o Nikkei caiu 0,31% em Tóquio, aos 29.452,66 pontos, com investidores atentos a desdobramentos políticos após Fumio Kishida ter sido eleito ontem novo líder do Partido Liberal Democrático (PLD) do Japão, o que na prática o levará a assumir como próximo primeiro-ministro do país.

Em Hong Kong, o Hang Seng recuou 0,36%, aos 24.575,64 pontos, à medida que a ação da Evergrande sofreu uma queda de 3,91%, após relatos de que a endividada gigante do setor imobiliário chinês deixou de pagar juros sobre outra emissão externa de bônus.

Na Oceania, a bolsa australiana teve hoje seu melhor desempenho diário em dez meses, com ganhos em todos os setores. O S&P/ASX 200 avançou 1,88% em Sydney, aos 7.332,20 pontos. / com Tom Morooka e Agência Estado

Sobre o autor
Julia Zillig
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