Bolsa fecha perto da estabilidade, com ligeira alta de 0,09%; dólar sobe 0,69%
Mercado financeiro digere os dados da inflação de maio, acima do esperado
A Bolsa fechou em leve alta de 0,09% nesta quarta-feira, 9, marcando 129.906,80 pontos. Essa alta foi puxada pelas siderúrgicas, que foram beneficiadas com a valorização do minério de ferro no mercado internacional durante o dia.
No fechamento, a Vale registrou alta de 2,33%, Usiminas, elevação de 2,56%, a Gerdau teve uma valorização de 2,55% de seus papéis e CSN, alta de 2,24%.
Por outro lado, papeis do setor financeiro registraram queda em um movimento de correção iniciado na terça-feira, como os do Santander que caíram 1,05%, e do Bradesco, com que de 0,5%. Já as ações do Itaú encerraram o dia com alta de 1,37%
O mercado passou o dia digerindo os dados referentes à inflação de maio divulgada pela manhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que vieram acima das expectativas. Durante o pregão o Ibovespa chegou a manter os 130 mil pontos, com alta 0,56%.
Sobe na B3
Além das siderúrgicas, outros setores também operaram em alta no pregão desta quarta-feira.
As ações da Gol fecharam em alta de 0,92% na B3. O que influenciou esse resultado foi o anúncio de compra da MAP Transportes Aéreos por R$ 28 milhões em dinheiro e ações.
A maior alta do dia ficou por conta das ações da Locaweb, que fechou o pregão positivamente a 2,92%, enquanto a maior baixa foi do Iguatemi, com resultado negativo de 3,78%.
Inflação mais alta do que o previsto
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio subiu 0,83%, ante 0,31% de abril. Foi o maior resultado para o mês desde 1996 (1,22%).
O resultado ficou acima do intervalo das estimativas dos analistas, que previam uma alta entre 0,65% e 0,76%, com mediana positiva de 0,71%.
Com isso, a taxa acumulada no ano foi de 3,22%. E dos últimos 12 meses, subiu para 8,06% - acima dos 6,76% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores - superando a meta para o teto da inflação estipulada pelo Banco Central, de 5,25%. Em maio de 2020, a taxa havia sido negativa em 0,38%.
O último boletim Focus, com estimativas de analistas e economistas do mercado, indica que a Selic deve fechar 2021 em 5,75% ao ano, ligeiramente acima da inflação de 5,44% projetada para o ano.
Segundo a analista da Clear Investimentos, Pietra Guerra, o índice pode pesar nos mercados se for entendido como uma sinalização de que o Banco Central poderá atuar de alguma forma para conter a inflação. “Vale lembrar que estamos na semana que antecede a próxima reunião do Copom”, ressalta.
Se o Banco Central a endurecer a política monetária, com elevação da Selic, isso se reflete nos demais juros da economia e piora as condições financeiras, com aumento de custos, para as empresas.
Dólar em alta
O dólar fechou em alta nesta quarta-feira, influenciado pelo exterior, pelo aumento da inflação local e também por dados da inflação na China em maio. No fim do dia, a moeda americana no mercado à vista registrou elevação de 0,69% e foi comercializada a R$ 5,069.
O mercado de câmbio local operou ainda sob interesses técnicos na queda do dólar e notícias sobre novas captações corporativas no exterior. Operadores de câmbio afirmaram que há grande volume de opção em aberto de dólar na casa dos R$ 4,80 a R$ 5,00 vencendo no final do mês.
Por isso, é possível que haja pressão de grandes investidores voltem para levar a moeda americana para abaixo de R$ 5,00.
Bolsas mistas em Wall Street
As bolsas de Nova York fecharam majoritariamente em baixa nesta quarta-feira, com os investidores seguindo em compasso de espera sobre a publicação do índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) dos Estados Unidos em maio, marcado para amanhã, 10.
O índice S&P 500 encerrou o dia com queda de 0,18%, o Dow Jones, de 0,44%, enquanto Nasdaq 100 puxou leve alta de 0,03%.
Há muita expectativa para o CPI de maio dos EUA, que poderá determinar o rumo da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Em abril, a taxa anual do CPI dos EUA ficou em 4,2%, muito acima da meta oficial de inflação de 2% do Fed.
Além disso, os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) seguem em período de silêncio em virtude da decisão de política monetária na próxima semana.
O mercado acionário apenas observou o recuo de 8,2% do déficit comercial dos EUA em abril ante março, além da abertura recorde de postos de trabalho no mesmo mês, segundo registrado pelo relatório Jolts.
Para o chefe de investimentos do CIBC Private Wealth Management, David Donabedian, o mercado irá reavaliar constantemente se a trajetória inflacionária nos EUA é temporária ou constante, o que deve provocar pregões instáveis no curto prazo.
CPI da Covid: Elcio Franco
Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid estão na atenção do mercado financeiro no cenário doméstico. Nesta quarta-feira, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, Antonio Elcio Franco Filho, número 2 da pasta durante a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, está prestando depoimento.
A oitiva chegou a ser marcada para o último dia 27, mas o coronel da reserva do Exército não pôde comparecer por estar com Covid-19.
Franco, que atualmente é assessor especial da Casa Civil da Presidência, deve ser questionado pelos senadores sobre o atraso na compra de vacinas, a falta de resposta às ofertas feitas pela farmacêutica Pfizer e a aquisição e distribuição de insumos aos estados durante a crise sanitária.
Na véspera, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, voltou a ser ouvido pelo colegiado. Durante a sessão, o ministro fez a declaração mais enfática até o momento sobre o chamado tratamento precoce defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, apesar de não haver nenhuma evidência científica da eficácia de medicamentos como a hidroxicloroquina e a ivermectina contra a covid-19.
"Senador, eu já respondi a Vossa Excelência, essas medicações não têm eficácia comprovada. Não têm eficácia comprovada", disse ao relator, Renan Calheiros.
Calheiros afirmou que Queiroga teria inaugurado o "negacionismo" em seu depoimento ao colegiado. Para Renan, Queiroga seria um "João Bobo", que "vai pra um lado, vai pra o outro" e "entrega os anéis para não perder o cargo".
O relator da CPI defende ainda que Queiroga teria blindado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao afirmar que o veto na nomeação da médica infectologista Luana Araújo à Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 teria sido sua decisão.
Calheiros aponta também contradições nas declarações do ministro sobre a atuação do chamado "gabinete das sombras", o qual Queiroga afirmou desconhecer, mas, segundo Renan, o titular da Saúde conheceria seus integrantes. O grupo seria responsável por aconselhar paralelamente o presidente Bolsonaro sobre ações de contenção à pandemia.
Bolsas asiáticas fecham em baixa
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa nesta quarta-feira, após a China divulgar um salto nos preços ao produtor num momento em que a inflação se tornou uma das principais preocupações dos investidores.
A taxa anual de inflação ao produtor (PPI) chinês disparou para 9% em maio, superando expectativas e atingindo o maior nível em quase 13 anos, à medida que a segunda maior economia do mundo segue se recuperando dos efeitos da pandemia de covid-19.
Os preços ao consumidor (CPI) da China também ganharam força no último mês, mas em ritmo mais contido.
Os últimos números do PPI e CPI chineses vêm em meio a temores de que a tendência de avanço da inflação global, resultado do processo de retomada econômica, acabe forçando grandes bancos centrais a retirar estímulos monetários mais cedo do que se imaginava.
O índice acionário japonês Nikkei caiu 0,35% em Tóquio hoje, aos 28.860,80 pontos, enquanto o Hang Seng recuou 0,13% em Hong Kong, aos 28.742,63 pontos, o sul-coreano Kospi se desvalorizou 0,97% em Seul, aos 3.216,18 pontos, e o Taiex cedeu 0,64% em Taiwan, aos 16.966,22 pontos.
Por outro lado, os mercados da China continental se animaram, uma vez que os dados de inflação também sugerem continuidade da recuperação econômica. O Xangai Composto subiu 0,32%, aos 3.591,40 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,14%, aos 2.396,54 pontos.
Na Oceania, a bolsa australiana seguiu o viés majoritário da Ásia e ficou no vermelho. O S&P/ASX 200 caiu 0,31% em Sydney, a 7.270,20 pontos. / com Júlia Zillig e Agência Estado