Ações do Magazine Luiza caem após prejuízo do 1º trimestre
Varejista aponta elevação das despesas financeiras como principal influência no resultado do período
O Magazine Luiza apresentou um prejuízo líquido ajustado de R$ 98,8 milhões no primeiro trimestre de 2022. Após a divulgação do resultado, na noite anterior, as ações da companhia caem mais de 3% no pregão da Bolsa desta terça-feira, 17.
No mesmo período do ano anterior, a companha obteve lucro líquido de R$ 81,5 milhões.
O prejuízo, segundo o release de resultados da companhia, foi influenciado principalmente pelo aumento das despesas financeiras no período.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$434,2 milhões, com alta de 1,7%.
Sobre esse desempenho, a empresa explica que o crescimento das vendas, em conjunto com o aumento da margem bruta, contribuiu para a alta.
O diretor financeiro do Magazine Luiza, Roberto Bellissimo, disse que, no trimestre, a diluição dessas despesas foi menor.
"As despesas pesaram um pouco mais. Um pouco por causa da inflação, um pouco por causa do crescimento nas lojas físicas e categorias de duráveis que foi um pouco abaixo da inflação. Então, não diluímos no trimestre as despesas operacionais", afirmou.
Roberto Bellissimo, do Magazine Luiza
Esse é o motivo da leve queda de margem na linha do Ebitda. "A margem Ebitda ajustada foi de 5% no primeiro trimestre de 2022, praticamente estável comparada ao primeiro trimestre de 2021 (5,2%). Em março, a margem Ebitda ajustada já alcançou 6,1%, reflexo dos ajustes realizados com o objetivo de equilibrar vendas e rentabilidade", escreve a companhia no balanço.
Rentabilidade
Por outro lado, a margem bruta, que mede a rentabilidade da companhia, cresceu 2,7 pontos porcentuais e foi a 27,8%. Bellissimo explica que a companhia optou por repassar ao preço final o aumento de inflação de custo dos produtos e a alta da taxa de juros.
Eduardo Galanternick, vice-presidente de negócios do Magazine Luiza, destacou ainda que sempre que essa escolha é feita, abre-se mão de vendas, mas que a companhia busca o equilíbrio de crescimento com rentabilidade e, por isso, tomou essa decisão.
Vendas
As vendas totais do Magazine Luiza atingiram R$ 14 bilhões nos primeiros três meses de 2022, crescendo 13% comparado ao mesmo período de 2021.
O e-commerce cresceu 16% no trimestre e atingiu mais de R$10 bilhões em vendas. As vendas do marketplace superaram R$ 3,6 bilhões no trimestre, um crescimento de 50% comparado ao mesmo período do ano anterior, e representaram 36% das vendas online.
O marketplace conta com mais de 180 mil sellers e 64 milhões de ofertas disponíveis para venda. Em um ano, foram mais de 100 mil novos sellers na plataforma, informa o Magazine Luiza.
Nas lojas físicas, as vendas foram de R$ 4 bilhões no trimestre, 6% maior que em 2021. "A tendência de vendas vista em janeiro e fevereiro foi significativamente melhor que no final de 2021 e, em março, o crescimento acelerou ajudado parcialmente pela menor base de comparação", diz a companhia.
Bellissimo afirmou que a companhia não dá "guidance" de seu desempenho futuro, mas que a perspectiva é de manter o crescimento com rentabilidade. Para o segundo trimestre, ele reitera a alavanca da Copa do Mundo próxima à Black Friday, o que pode puxar as vendas da empresa.
Fintech
O Magazine Luiza afirma que sua fintech cresceu 89% no trimestre. Foram R$ 21 bilhões em TPV (Volume Total de Pagamentos).
"Destaque para o crescimento de 50% no TPV de cartão de crédito, que atingiu R$12 bilhões nos primeiros três meses do ano - são mais de 7 milhões cartões de crédito emitidos e R$ 19 bilhões em carteira de crédito".
Magazine Luiza, em balanço
Na Luizacred, joint venture entre o Magazine Luiza e o Itaú, Bellissimo diz que crescimentos fortes como o apresentado no cartão de crédito leva a provisões maiores pelo critério do IFRS.
"Sentimos um pouquinho de aumento de inadimplência. O NPL 90 subiu 1 ponto (porcentual) no trimestre: 5,6%, em dezembro, para 6,6%. Ou 1,6 ponto porcentual na comparação com março de 2021, mas ainda está muito abaixo de março de 2020, que era de 8,2%", complementa.
Ele ressalta que a inadimplência aumentou no mercado como um todo em razão de inflação e alta de juros e que, no Magalu, o crescimento acelerado da carteira contribuiu para a alta do indicador. "Clientes novos, geralmente, são um pouco mais arriscados". / com Agência Estado
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