Na contramão do exterior, Bolsa avança 1,22% com commodities e dólar cai a R$ 5,05
Dados fracos da China e tensões na Europa impactaram negativamente os mercados internacionais
Descolando dos mercados internacionais, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou em alta de 1,22%, aos 108.233 pontos, nesta segunda-feira, 16. Este é o quarto pregão consecutivo de valorização do Ibovespa, que hoje foi puxado, sobretudo, pelo bom desempenho das ações de empresas ligadas às commodities, com destaque para a Vale e a Petrobras.
Já o dólar, depois de viver um dia de bastante volatilidade, influenciado pelo sentimento mais negativo do exterior, fechou com uma leve queda de 0,12%, cotado a R$ 5,05. No noticiário global do dia, os destaques ficam por conta dos dados econômicos chineses que surpreenderam negativamente o mercado e as novas tensões geopolíticas na região do leste europeu.
Dados chineses impactam o mercado
Na China, a produção industrial caiu 2,9% na comparação anual, enquanto as projeções apontavam para uma alta de 0,5%. As vendas no varejo também decepcionaram: diferentemente das expectativas de uma queda de 6,6% no acumulado em 12 meses, a baixa foi ainda mais acentuada, de 11,1%.
"A desaceleração foi especialmente aguda no setor imobiliário, onde as venda caíram 39% em volume e 47% em valor. A desaceleração substancial demonstra os danos das política de controle de pandemia da China".
Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico
Com os dados fracos vindos da nação oriental, que atualmente é a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, a maioria dos mercados ao redor do mundo não teve fôlego para fechar no positivo neste pregão, uma vez que a China é responsável por boa parte da demanda de muitos produtos exportados por diversos países.
No entanto, a notícia que foi a principal responsável por impulsionar a Bolsa nesta segunda também é chinesa. A Vale avançou 2,99% no pregão, acompanhando a valorização do minério de ferro nos mercados, "após a China anunciar cortes nos juros hipotecários para sustentar o mercado imobiliário e de Xangai se aproximar de completar a meta de três dias sem transmissão comunitária de Covid-19", afirma Paula.
Tensões no leste europeu aumentam aversão ao risco
Além dos dados chineses, novas tensões na região do leste europeu, onde acontece a guerra entre Rússia e Ucrânia há quase 3 meses, também contribuíram para o dia fraco nos mercados internacionais. Mais cedo, Finlândia e Suécia reafirmaram que enviarão pedidos à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para que possam fazer parte da aliança militar, como forma de proteção contra a Rússia.
O governo russo, em contrapartida, afirmou que essa adesão é um "grave erro com consequências de longo alcance". Vladmir Putin, presidente da Rússia, disse que, caso a OTAN reforce militarmente a Suécia e a Finlândia, o país enviará respostas, sem especificar o que faria.
Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3, pontua que, em momentos de incertezas políticas e econômicas, os investidores tendem a migrar de ativos de risco, como as operações em bolsa, para os investimentos considerados mais seguros, como as Treasuries (títulos públicos americanos), que registraram alta neste pregão.
Alta do petróleo
Apesar do impacto negativo no exterior, as novas tensões na Europa foram responsáveis por uma alta no preço do petróleo, o que favoreceu as ações da Petrobras, empresa que tem um peso de cerca de 11% na composição do Ibovespa e viu seus papéis subirem 0,99% no dia.
A União Europeia estuda novas sanções ao petróleo russo, mas ainda não conseguiu unanimidade para banir as importações. Conforme afirma André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP,, "o temor de que novos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia levem a redução da oferta de commodities energéticas ao Ocidente apoiaram o aumento no preço do petróleo".
Fechamento das bolsas americanas
- Dow Jones: alta de 0,08%
- S&P 500: baixa de 0,39%
- Nasdaq 100: baixa de 1,16%
O dia na Bolsa
Maiores altas do dia na Bolsa
Empresa | Código | Variação |
Méliuz | CASH3 | +6,25% |
SLC Agrícola | SLCE3 | +5,42% |
Eztec | EZTC3 | +5,22% |
Eneva | ENEV3 | +5,15% |
Via | VIIA3 | +5,04% |
Maiores baixas do dia na Bolsa
Empresa | Código | Variação |
Locaweb | LWSA3 | -3,11% |
Embraer | EMBR3 | -3,03% |
Hapvida | HAPV3 | -2,24% |
Minerva | BEEF3 | -2,04% |
JBS | JBSS3 | -1,89% |