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Economia

Adesão da Suécia e Finlândia à OTAN pode trazer ainda mais tensão à economia global

Entrada dos países na OTAN acontece como forma de proteger a região depois da Rússia atacar a Ucrânia

Data de publicação:16/05/2022 às 17:51 -
Atualizado um ano atrás
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Nesta segunda-feira, 16, a Suécia confirmou sua intenção de aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), seguindo os passos dados pela Finlândia na mesma direção. Os dois países nórdicos, que mantinham uma tradição de neutralidade em relação à alianças militares há vários anos, mudaram sua posição após o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, que já se estende por quase três meses.

De acordo com Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, o pedido da Suécia e da Finlândia para entrar na OTAN neste momento aumenta as tensões geopolíticas. "Economicamente, (o pedido) dá sinais de que a guerra não deve acabar tão cedo e que pode se estender para outras regiões, por isso outros países estão tentando se proteger", explica.

Suécia e Finlândia na OTAN
Sauli Niinistö, presidente da Finlândia | Foto: Reprodução

O especialista ressalta que a possibilidade de uma intensificação das tensões militares naquela região da Europa afeta, também, a economia local e global. Para o continente europeu, não é tão simples cortar completamente as relações com a Rússia, porque eles dependem do gás natural e do petróleo russos.

Assim, Carvalho pontua que "a Europa está saindo de uma pandemia para entrar numa espécie de guerra fria", o que é bastante negativo para a economia, que começa a vislumbrar um período de estagflação (crescimento baixo e juros altos), podendo levar a uma redução dos níveis de produção e consumo nos países da região.

Impactos que a Suécia e Finlândia na OTAN podem causar no mercado financeiro

O mercado financeiro também não enxerga com bons olhos o momento político e econômico no continente, uma vez que investidores costumam buscar cenários de maior estabilidade. "O aumento das tensões pode causar uma fuga ainda maior dos investidores de produtos financeiros europeus, migrando para investimentos mais seguros (como os títulos públicos americanos, por exemplo)", afirma o economista.

Em um primeiro momento, a migração de investimentos causada pela guerra na Ucrânia favoreceu os mercados da América Latina, inclusive o brasileiro, uma vez que os países latinos podem fornecer muitas das commodities que são exportadas pelo leste europeu.

No entanto, Carvalho destaca que, para que países emergente possam crescer, é necessário que a Europa e outras nações desenvolvidas também estejam crescendo, para que haja a demanda pelos produtos. Por isso, a economia e os mercados financeiros do Brasil e de seus vizinho também têm sentido de forma relevante os impactos da guerra.

Guerra entre na Ucrânia X economia global

A economia global já vem sendo afetada há meses em decorrência da guerra na Ucrânia. Nesta manhã, a União Europeia (UE) divulgou um relatório em que reduziu a previsão do avanço do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro de 4% para 2,7% em 2022. Em contrapartida, as projeções para a inflação na região ao longo do ano subiram de 3,5% para 6,1%. Segundo o relatório da UE, a deterioração da economia do bloco é uma consequência dos conflitos no leste europeu.

Não é só na Europa, porém, que a pressão inflacionária vem subindo. A região que compreende Rússia e Ucrânia é responsável por grandes reservas de petróleo e gás natural e, com os ataques militares, a exportação dessas commodities foi reduzida. Com menos oferta dos produtos, os preços dispararam nos mercados, elevando a pressão inflacionária em todo o mundo.

O petróleo é a principal fonte de combustível da atualidade e, com a escalada dos preços, diversas cadeias produtivas também são afetadas, já que dependem de transportes e energia, levando a uma inflação generalizada.

A Ucrânia também é uma importante fornecedora de grãos, com destaque para o milho e o trigo. Com uma guerra acontecendo em seu território, a safra deste ano foi amplamente prejudicada. Dessa forma, com a redução da oferta e a demanda mundial inalterada, os preços dessas commodities também subiram expressivamente nos últimos meses - mais um ponto de tensão para a inflação global.

Variação dos preços dos produtos exportados pelo leste europeu

Para ilustrar a expressiva variação dos preços, a Mais Retorno buscou a cotação dos contratos futuros com vencimento em julho de 2022 do petróleo, milho e trigo e dos contratos de gás natural com vencimento em junho do mesmo ano em duas datas diferentes. A primeira, no dia 1° de fevereiro, antes do início da guerra, e a segunda, no pregão de hoje.

CommodityPreço em 01/02/2022Preço em 16/05/2022Variação
PetróleoUS$ 89,16US$ 113,68+27,5%
Gás NaturalUS$ 4,75US$ 7,82+64,6%
MilhoUS$ 634,75US$ 802,88+26,5%
TrigoUS$ 769,00US$ 1.247,60+61,3%
Fonte: Investing | Dados acessados em 16/05/2022 às 14h

Níveis de inflação pelo mundo

  • Estados Unidos: no acumulado em 12 meses, a inflação americana foi a 8,3% em abril, maior valor desde 1981;
  • Zona do Euro: em março, a inflação no bloco atingiu a máxima histórica de 7,4% no acumulado em 12 meses;
  • Alemanha: em abril, a inflação acumulada em 12 meses na Alemanha foi de 7,4%;
  • Reino Unido: no acumulado em 12 meses, o Reino Unido registrou a máxima histórica de 30 anos em março, quando a inflação subiu para 7,0%;
  • Rússia: no último mês, a inflação interanual russa avançou a 17,8%, maior valor desde 2002;
  • Brasil: inflação com alta de 12,13% em 12 meses, a maior em 26 anos.

Por que Suécia e Finlândia querem entrar para a OTAN?

Suécia e Finlândia são os principais parceiros oficiais da OTAN desde 1994 e, de lá para cá, já fizeram diversos exercícios militares com a Aliança. No entanto, com a entrada dos países, a principal diferença seria justamente a obrigatoriedade que as outras nações da OTAN teriam de defender os países nórdicos no caso de um ataque militar.

"Não podemos mais confiar de que haverá um futuro pacífico ao lado da Rússia sozinhos. É por isso que tomamos a decisão de entrar na OTAN: é um ato de paz, para garantir que no futuro nunca mais haja uma guerra na Finlândia."

Sanna Marin, primeira-ministra da Finlândia

De acordo com o professor de Relações Internacionais do Ibmec-SP, Alexandre Pires, apesar de serem conhecidos como países neutros - a Suécia estava há 200 anos sem se unir a nenhuma aliança militar e a Finlândia há 80 anos -, isso não representa que as nações não tenham capacidade militar. "A neutralidade deles é, na verdade, um não alinhamento militar até aqui, porque eles têm sim condições de combate", afirma.

Embora tanto a Suécia quanto a Finlândia estejam, há tempos, muito mais próximas do mundo ocidental do que da Rússia, entrar para a OTAN não era uma medida que contava com o apoio popular até o começo da guerra na Ucrânia. Após os ataques russos, entretanto, a população dos dois países passou a se mostrar mais favorável a essa adesão, como forma de proteção.

"A Europa, a Suécia e a população sueca vivem uma realidade nova e perigosa. A ordem de segurança da Europa, que embasa a da Suécia, está sob ataque. Nós, social-democratas, acreditamos que a melhor coisa para a segurança da Suécia é nos juntarmos à Otan."

Magdalena Andersson, primeira-ministra da Suécia

Reações de outros países à iniciativa da Suécia e Finlândia

Turquia

Pires explica que, para entrar na OTAN, é necessário que o país interessado atenda a algumas exigências, como possuir um modelo de governo democrático, capacidade militar e assegurar direitos civis, por exemplo - todos critérios atendidos por Suécia e Finlândia.

Porém, um outro pré-requisito exigido é que todos os 30 países do Conselho da OTAN aceitem a entrada do país na Aliança. Isso pode ser um problema para as nações nórdicas, já que a Turquia afirmou que não vai aprovar a adesão, depois de demostrar que tem algumas ressalvas.

O governo turco quer que a a Suécia e a Finlândia interrompam o apoio a militantes curdos, considerados pela Turquia como terroristas, e interrompam a proibição de vendas de algumas armas para o país. Os outros membros da Aliança acreditam que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, possa ceder, desde que suas reivindicações sejam aceitas, o que pode atrasar o processo de adesão.

Rússia

"A Rússia conseguiu justamente o que não queria: a expansão da fronteira da OTAN com seu território e uma consolidação da aliança militar do Ocidente", diz o professor do Ibmec. Para ele, o país liderado por Vladmir Putin deve pressionar a OTAN, a Finlândia e a Suécia para que a entrada na Aliança não aconteça, com algumas ameaças mais sutis.

Pires pontua que o processo de adesão de um novo membro costuma ser demorado. "A Ucrânia sinalizou uma adesão à OTAN, com o Conselho reconhecendo por unanimidade que o país entraria na Aliança, em 2008, há muito tempo. A Finlândia e a Suécia ainda estão no começo dessas negociações e a Rússia deve fazer pressões para que a OTAN não faça o convite", diz ele.

No caso da adesão realmente acontecer, o professor não enxerga uma possibilidade tão expressiva de que Putin ataque a Finlândia, que tem 1,3 mil quilômetros de fronteira com o território russo, ou a Suécia, tendo em vista que esses países já possuem um relacionamento bem próximo com outros países membros da OTAN, que em caso de ataque, provavelmente enviaram ajuda militar para proteger as nações nórdicas.

Apesar dessa visão, mais cedo Putin afirmou que, apesar de não ter nenhum problema com Suécia e Finlândia, caso a OTAN reforce militarmente os países, a Rússia vai responder, sem especificar o que faria.

Sobre o autor
Bruna Miato
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